Em janeiro de 2022 Luz Ribeiro (@luzribeiro) começou
sua iniciação no candomblé. Para os vinte e um dias de reclusão, ela levou um caderno e um estojo e elaborou
poemas. Essa foi a forma
que encontrou para falar sobre o processo, sem desvelar os segredos da
intimidade com o sagrado. O resultado
foi Do
naufrágio ao mergulho ou poemas de iniciação, sua
quarta publicação.
Nos tempos atuais, é necessário esquecer “um teto todo seu”
de Virginia Woolf, pois são raros os
tempos de ócio. Luz Ribeiro cita as madrugadas, pois o caos cotidiano atravessa sua escrita. “Escrever no ilê foi a chance
mais bonita que dei a minha escrita. Uma cabeça deitada na esteira, com água fresca da
quartinha e calor da vela”, ela conta.
“Tudo nesse livro é sobre uma
‘mulherpretaperifericamaebissexual’ se manter viva, muito viva, sobre querer
viver muito, apesar
do genocídio em curso”, afirma
Luz Ribeiro. “Este livro é uma
celebração”.
Para o lançamento, que acontece no dia 12 de dezembro, no
Sesc Campo Limpo em São Paulo, a
autora apresenta a obra com um show poético. Ele é acompanhado de Batucae e Lê Nor na percussão e Munique Costa, que
dança os poemas, ampliando a experiência sensorial do evento.
Quanto a seus planos futuros, Luz Ribeiro diz que quer
escrever canções e livros sobre afetividade
entre mulheres pretas. Ela cita como principais inspirações outras mulheres pretas, como Bia Ferreira, Mel Duarte,
Ryane Leão, Jennifer Nascimento, Elizandra Souza, Beatriz Nascimento, Maurinete Lima, bell hooks, Toni Morrison,
Audre Lorde e Carolina Maria de
Jesus. “Qualquer mulher preta que segure uma caneta em 2024 é inspiração pra mim”, conclui.
Publicou os livros Eterno contínuo (Selo do Burro, 2013), Espanca/Estanca (Editora Quirino, 2017), Novembro [pequeno manual de como fazer suturas] (Editora Quirino, 2020) e Sonhos e esperanças (Editora Quirino, 2022). Possui textos em mais de 20 antologias, entre elas Querem nos calar: poemas para serem lidos em voz alta (Editora Planeta, com curadoria de Mel Duarte, 2019) e As 29 poetas hoje (Companhia das Letras, com curadoria de Heloisa Buarque de Hollanda, 2021).
Em 2024 lançou seu primeiro álbum musical “Poeta esquema novo”, com alguns de seus poemas musicados. No mesmo ano ganhou o prêmio lusófono Nova Dramaturgia Feminina com o texto “Lacuna [reinventando lembranças para desocupar vazios]”. Ganhou a quarta edição do prêmio Solano Trindade de Dramaturgia com o texto “Vinte e três: encruzilhada no tempo cênico, da memória e da realidade”.
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