Um clássico publicado
originalmente em 1957 pelo famoso estudioso mexicano Miguel
Léon-Portilla, A visão dos vencidos traz versões de
sábios e sacerdotes astecas sobre a invasão dos espanhóis no início do século
XVI daquilo que era uma das maiores civilizações do mundo à época. Um dos
livros preferidos e mais citados pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano,
compila relatos sobre o genocídio das populações autóctones comandado por
Hernán Cortez.
Diz-se que a história é contada pelos vencedores. No caso da sangrenta conquista do México essa afirmação é uma meia verdade. Os sábios indígenas sobreviventes também conseguiram dizer e deixar escrito seus depoimentos sobre um dos maiores genocídios já perpetrados: “Tudo isso aconteceu conosco, nós vimos, nós contemplamos, ficamos angustiados com essa lamentável e triste sorte...”.
Cuidadosamente compilados pelo antropólogo mexicano Miguel Léon-Portilla (1926-2019) e publicados pela primeira vez em 1957, os textos astecas oferecem uma aterradora e trágica visão da colonização. A partir destes relatos – redigidos por sábios e sacerdotes astecas –, se obtém um panorama vívido e impressionante da derrocada da mais poderosa civilização do Novo Mundo.
Um trecho:
“Diante desse inegável espanto e interesse do mundo antigo pelas coisas e os homens deste continente, rara vez pensa-se na admiração e interesse recíprocos que deve ter despertado nos índios a chegada dos que vinham de um mundo igualmente desconhecido. Porque se é atraente estudar as diversas formas como os europeus conceberam os índios, o problema inverso, que leva ao fundo do pensamento indígena ー tão distante e tão próximo de nósー, encerra talvez um interesse ainda maior. O que pensaram os índios ao ver chegarem às costas e aos povoados os descobridores e conquistadores? Quais foram as suas primeiras atitudes? Que sentido deram à sua luta? Como conceberam sua própria derrota?”
Miguel Léon-Portilla (1926 - 2019) foi antropólogo e historiador, especialista em cultura asteca pré-colombiana e representante do México junto à UNESCO.
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