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25 novembro 2024

Escritora sul-mato-grossense Andressa Arce estreia pela editora Patuá com obra que destrincha relação íntima entre irmãs e narra o sofrimento causado pelo luto

 


O que as ruínas do que poderia ter sido informam aos que ficam? Que notícias dão as sobras a quem está por vir? São perguntas que "No dia em que não fui" (editora Patuá, 85 págs.), romance de estreia da sul-mato-grossense Andressa Arce (@andressarce), tenta responder. Baseado numa vivência da própria autora, o livro narra a história de uma menina e sua relação com a meia-irmã, que traçam no fio tenro da infância suas identidades, via espelhamento. Uma perdendo-se na outra até que o convívio é brutalmente interrompido por um suicídio. Com a ruptura, uma delas, a mais nova, precisa, então, refazer-se a partir dos escombros. O prefácio do livro é assinado pela jornalista e psicanalista Gabrielle Estevans.


O tom melancólico, sombrio e pesaroso que permeiam tanto as canções da artista pop Lana del Rey como os filmes da cineasta Sofia Coppola serviram de inspiração para a obra, que além de abordar as dores de um luto abrupto, por conta de suicídio, e a complexidade das relações familiares, também abrange as agruras da trajetória de vida de toda mulher. “São temas que conversam com a minha própria melancolia e com minha forma poética de enxergar o cotidiano”, explica a autora.  


Como assumido por Andressa, a obra ganhou contornos verossímeis a partir de sua própria experiência. Para a autora existia um desejo de partir de uma história pessoal para atingir uma história coletiva. "A escrita iniciou-se como uma forma de resgatar a imagem desta irmã, o que acabou desaguando para a ficcionalização", revela.


O livro é dividido em três partes: “A meia-irmã da filha única”, “A filha única sem meia-irmã” e “O punho, ainda”. Essa segmentação evidencia o arco vivenciado pela narradora. O que no início era fascínio de uma criança pela vida agitada e instigante da irmã adolescente, transforma-se em uma tentativa de sobrevivência diante daquela ausência, numa tentativa de lidar com impulsos autodestrutivos, para, por fim, encontrar a conciliação com a falta daquela que se foi.


Na última parte da obra, a protagonista, Alice, escreve uma série de cartas para a irmã, Liana. Esses textos, concisos mas repletos de significado, são uma forma de dar futuro a uma relação que não teve a possibilidade de se estender no tempo. “Foi um jeito de permitir que Alice, firmada na vida adulta, conversasse com sua irmã morta”, admite a escritora. 


Referências no pop e inspiração no clássico


Andressa Arce nasceu em 1984 e descreve que cresceu em Campo Grande (MS) entre a beleza e a crueza das histórias da fronteira, o surrealismo pantaneiro e a realidade urbana, que se deixa pintar de vermelho pela poeira do planalto de Maracaju. É bacharel e mestre em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Na carreira jurídica atuou como Advogada e Analista em Direito no Ministério Público da União em Ponta Porã (MS). Atualmente é Defensora Pública Federal. Por causa da função, morou em Rondônia e depois, em 2017, retornou à cidade e estado natal. 


“No dia em que não fui” marca sua estreia no mundo literário. A obra começou a ser escrita em janeiro de 2024 e ganhou corpo a partir de mentoria com a jornalista e psicanalista Gabrielle Estevans, idealizadora do projeto ESCRIterapia. Além das experiências de vida, em especial com a irmã, a autora empregou no romance referências que a atraiam da cultura pop, cinema e literatura. São influências os filmes “Eu, Christiane F.”, “Garota, Interrompida” e “As virgens suicidas”. 

Andressa Arce / Foto: Divulgação

Os três longa-metragens têm em comum a temática mulheres e doença mental. “Sou fascinada por esse tipo de história porque pode haver dificuldades e diagnósticos, mas essas meninas, ainda assim, são cheias de vida, têm sonhos, são brilhantes”, argumenta. 


A escritora Sylvia Plath é outra influência incontestável na trajetória da sul-matogrossense. Andressa revela que a leitura de “A redoma de vidro” de certa forma a autorizou a escrever o próprio romance. “Vi que seria possível tratar de temas ‘pesados’ de uma forma não agressiva”, esclarece. A escolha por uma prosa permeada de lirismo também a permitiu abordar os temas com delicadeza. 


A escritora ainda confidencia que o processo de composição de “No dia em que não fui” abriu nela um novo mundo, onde a criatividade reinava. “Sinto-me mais conectada com minhas profundezas; ao mesmo tempo fresca e renovada”. 


Adquira “No dia que não fui” pelo site da editora Patuá ou pela Amazon:

https://www.editorapatua.com.br/no-dia-em-que-nao-fui-romance-de-andressa-arce/p

https://a.co/d/eh7By6z 

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