“O catador de histórias” (64 págs.) do
pesquisador, professor e escritor Edmar Neves (@edmarnevess)
reúne três importantes Itans, que são narrativas associadas aos
Orixás, e, a partir deles, apresenta para crianças um pouco da cultura
afro-brasileira e também importantes ensinamentos sobre escuta, alteridade,
respeito e confiança. Publicada pela Editora Jandaíra (@editorajandaira),
a obra conta com ilustrações do quadrinista Afa Vasquez (@afa_vasquez)
e paratextos desenvolvidos para auxiliar diferentes tipos de leitores e
mediadores de leitura, como glossário e referências bibliográficas. O livro foi
contemplado pelo edital ProAC/SP, para realização e publicação de obra
literária infanto-juvenil inédita.
O livro estará disponível para
comercialização durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2024),
na Casa Poética Negras, durante o período do evento, de 9 a 13 de outubro. O
autor também lança a obra em Mogi Guaçu, cidade onde atualmente vive. O evento
“Café Cultural” ocorre no dia 10 de outubro, na Biblioteca Municipal "João
XXIII", onde fará uma palestra, a partir das 13h30, com o tema
"Comunidades tradicionais e memória afro-brasileira: reflexões para pensar
nossa história". Durante a palestra, Edmar falará sobre o processo de
escrita e publicação do livro.
O autor destaca que quis
acrescentar novas camadas de leitura ao livro após notar que a maioria dos
títulos que adaptam e referenciam as narrativas dos Orixás não davam abertura
para pensar nessas histórias além do viés religioso. Segundo ele, as expressões
religiosas também fazem parte da cultura e da história de um povo/comunidade,
mas também podem trazer ensinamentos que são capazes de abranger outras
vivências, como a importância de saber ouvir e transmitir conhecimentos, de
confiar na capacidade das pessoas e de não julgar ninguém pela aparência.
Além disso, ele considera
interessante introduzir para o público infantil o entendimento de que para a
cosmovisão africana – mais especificamente banto-iorubá – não há a distinção
maniqueísta de bem e mal, sendo que os elementos de nossa existência possuem
aspectos positivos e negativos dentro de si.
Dedicado ao Pedro, sobrinho de
Edmar, o livro se inicia com uma demonstração do desejo do autor de que o
garoto possa conhecer um pouquinho mais dos Orixás que o acompanham. Essa
vontade de compartilhar um pouco de uma importante parte de si com o menino foi
o que motivou o início do processo criativo que culminou na escritura de “O
catador de histórias”.
“Quando me iniciei no culto ao
Orixá Oxóssi, dentro do candomblé de nação Ketu, meu sobrinho estava com um ano
de idade e eu queria comprar livros para ele que apresentassem um pouco mais da
minha fé, da cultura e de toda a história que eu estava descobrindo na época”,
conta Edmar. “Com alguns materiais em mãos, pensei ‘por que não escrever meu
próprio livro infantil?’, e foi nesse raro momento de petulância artística que
comecei a esboçar as primeiras linhas.”
O livro demandou muita pesquisa e
representa para Edmar um momento de autoafirmação enquanto escritor. Além
disso, o processo de elaboração das ilustrações que acompanharam o texto na
composição da narrativa merece ênfase: “Eu e o Afa pensamos em vários detalhes
que remetem não só a outros Itans, como também ao relacionamento
entre os Orixás”.
A busca pela valorização da
cultura afro-brasileira está no cerne de toda a obra, inclusive até mesmo na
escolha da editora que tem em seu catálogo títulos que buscam apresentar e
debater a cultura e a vivência da população negro-brasileira nos seus mais
amplos aspectos. Segundo o escritor, seu livro é um lembrete de que mesmo tendo
que sobreviver em um ambiente extremamente hostil que ainda busca exterminar
sua existência nos mais diversos âmbitos, a população negra do Brasil consegue
manter suas tradições e seus traços culturais vindos de várias regiões do
território africano vivos, através de sua religiosidade ou de outras práticas
cotidianas.
A importância de catar e contar histórias para Edmar e os seus
Edmar Neves se define como filho
de Oxóssi e nasceu em Mogi Mirim, mas passou grande parte de sua vida em Mogi
Guaçu, também no estado de São Paulo. É licenciado em Letras, pela UFSCar,
mestre e doutorando em Teoria e História Literária, pela Unicamp. Desenvolve
pesquisas sobre literatura brasileira contemporânea, literatura e grupos
marginalizados e pensamento literário e social. Além disso, atua como professor
de médio e técnico, pesquisador, redator e produtor cultural. “O catador de
histórias” é sua estreia literária.
Seu grande mentor é o escritor
santista Plínio Marcos. “Tudo que eu escrevo e pesquiso hoje foi graças às
leituras que fiz dos roteiros de suas peças teatrais e de seus contos, quando
estava no final da adolescência”, destaca Edmar.
Já em relação aos autores que
inspiraram diretamente a escritura do livro “O catador de histórias”, ele
destaca nomes como o de Reginaldo Prandi, José Beniste e Mãe Beata de Yemonjá,
mas reflete: “Este livro tem como principal influência a transmissão de
conhecimentos através dos relatos dos meus mais velhos dentro do meu ilê, como
meu babalorixá Junior de Odé, a minha yalorixá Luciana de Oxalá, meus irmãos
Felipe de Lufan, Kauã de Iansã, Janaica de Oxum, entre outros, que entre uma
tarefa e outra do terreiro me explicavam os porquês das coisas através dos
ensinamentos do Itans”.
Edmar Neves / Foto: Divulgação |
Confira um trecho do livro:
“Visite dezesseis lugares
e conheça dezesseis odus, que têm a ver
com os destinos de cada pessoa.
Conhecer cada um desses odus
nos ajuda a entender coisas
sobre o presente, o passado e
o futuro. E isso é realmente útil
para todo mundo.”
Adquira “O catador de histórias” no site da editora Jandaíra:
https://www.editorajandaira.com.br/infantojuvenil/o-catador-de-historias
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