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05 outubro 2024

Júlio César Bernardes estreia na poesia com livro que mergulha nas angústias e frustrações da vida contemporânea

 


Como ser feliz em meio ao fim do mundo? No livro manifesto contra a felicidade eterna (ou cinco réquiens para uma morte lenta), o escritor e sociólogo paulista Júlio César Bernardes estreia na poesia com uma reivindicação: numa era em que o sofrimento chegou a limites inimagináveis, a tristeza e o incômodo, mais do que legítimos, são necessários. 

 

O livro, recém-publicado pela editora Cachalote, selo de literatura brasileira do grupo editorial Aboio, é dividido em seis partes e os poemas fluem entre emoções conflitantes, consequência natural das complexidades da vida hipermoderna. Da tristeza à raiva, do desconforto à desesperança.

 

Oscilam entre o sarcasmo e a melancolia, e parecem conduzidos por uma sensação constante de cansaço, própria de uma geração da qual o autor faz parte, como em "Razão": "um sopro singelo atrás do ouvido / o veredito sem julgamento / você viveu errado, meu filho / para bater as mãos: / eu sabia! / e sofrer satisfeito pela eternidade / mas nem isso".

 

Por um lado, a precarização da qualidade de vida em decorrência de crises políticas, sociais e ambientais. Por outro, uma sociedade de consumo hiperconectada, constantemente bombardeada pelo prazer fugaz e pela cobrança incessante por felicidade e estabilidade emocional. No fim, o medo de ter desperdiçado o melhor de si nesse redemoinho caótico.

 

Voz emergente da literatura brasileira contemporânea, o autor se contrapõe ao individualismo e à busca obstinada pela felicidade como ideal absoluto, explorando em seus versos os fantasmas coletivos que dão lugar às angústias e às frustrações da vida contemporânea: a descrença nas instituições, o lugar da religião, a hipermercantilização, a digitalização dos hábitos, o questionamento da ideia de progresso e sucesso. 

 

Mais ácido que seu primeiro lançamento, o livro de contos Onde as Verdades Nascem (Editora Patuá, 2022), manifesto contra a felicidade eterna se abre para a vulnerabilidade e encontra na raiva e na insatisfação o combustível para lidar com as questões sociais e existenciais. Ao longo de 96 páginas, desafia o contentamento e desconstrói a noção de fracasso, acolhendo os sentimentos mais sombrios e desconfortáveis como inerentes à existência humana.

 

Diante da obrigação de estar bem em meio ao caos , manifesto contra a felicidade eterna nos convida a fechar os olhos e dançar com as sombras do nosso tempo.



Ficha Técnica:

Título manifesto contra a felicidade eterna (ou cinco réquiens para uma morte lenta)

Autor Júlio César Bernardes

Gênero Poesia

Dimensões 16x19cm

Nº de Páginas 96


Júlio César Bernardes / Foto: Divulgação

Sobre Júlio César Bernardes:

 

Júlio César Bernardes nasceu em 1993, no Vale do Paraíba, e vive há onze anos em São Paulo. É  mestre em Sociologia e graduado em Relações Internacionais e em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, cursa o doutorado em Sociologia pela mesma instituição. 

 

É autor de Onde as Verdades Nascem (Editora Patuá, 2022) e integrou a primeira turma do Ateliê de Criação Literária da Biblioteca de São Paulo, iniciado em 2023 e conduzido por autores como Marcelino Freire, Bruna Beber, Morgana Kretzmann e Cristhiano Aguiar. 

 

manifesto contra a felicidade eterna (ou cinco réquiens para uma morte lenta) (Cachalote, 2024) é sua estreia na poesia.


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