O escritor Rodrigo
Marcon lança o livro de Thriller com Romance “O Antiquário” pela Editora Flyve.
O Agente da Polícia criou a história inspirada em uma das armas mais raras e
valiosas do mundo: a lendária pistola Luger Parabellum em calibre .45 ACP.
Recheado de mistério e tensão, a trama envolve uma improvável
possibilidade dessas relíquias cair nas mãos de um antiquário recém-saído da
prisão, à beira da falência, em uma pequena cidade no interior de Santa
Catarina.
A cidade de Lages/SC é utilizada como pano de fundo e
inspiração devida a geografia,
arquitetura e cultura da região.
O enigmático protagonista
navega entre dilemas morais e
simultaneamente busca desvendar o mistério sobre o paradeiro da arma e
equilibrar sua vida de paixões conturbadas.
Confira sobre o processo
criativo, a história completa da pistola e inspirações na entrevista com
Rodrigo Marcon.
Qual foi a sua
principal ideia e inspiração para escrever “O Antiquário”?
Rodrigo Marcon: A história começou a ser gestada a partir de uma matéria da
Revista Magnum de 1994 que versava sobre pistola Luger Parabellum em calibre
.45 ACP, sua origem, história e raridade. A partir disso comecei a fazer
suposições e trabalhar com a ideia de um artefato tão raro assim vir parar no
Brasil, mais precisamente no interior de Santa Catarina e os caminhos que teria
de percorrer para isso. Ademais, como policial, eu acompanhei a implementação
da Lei 10.826/03, conhecida como Estatuto do Desarmamento, e percebi que havia
ali um bom gancho para relacionar com trama e seu protagonista.
A história do livro é
bastante curiosa e interessante, pois relata sobre a pistola mais rara do
mundo. Por que os leitores precisam conhecer a trama?
Rodrigo Marcon: Acredito que principalmente por conta do seu valor
histórico e seus atributos técnicos. A verdade é que a maioria das pessoas,
mesmo aquelas que não são afeitas a tais objetos, já devem ter visto essa arma
em algum momento em suas vidas, ou pelo menos o seu modelo original nos
calibres 9mm e 7,65mm. Trata-se da arma de dotação do exército alemão nas duas
Grandes Guerras Mundiais, sendo comumente retratada em filmes e documentários
sobre o tema. Aliado a isso, seu design único é bastante característico do seu
período de produção (1900 a 1941) apresentando em seu desenho traços que podem
ser reconhecidos nos movimentos Art Nouveau e Art Déco, que lhe foram
contemporâneos.
A “pistola mais rara do
mundo” participou de qual filme americano ?
Rodrigo Marcon: A Luger em calibre .45ACP é tão reconhecida
internacionalmente que chegou a fazer uma “ponta” no filme “Wall Street – poder
e cobiça” de 1987, do diretor Oliver Stone. Neste filme o personagem Gordon
Gekko, interpretado por Michael Douglas, apresenta um exemplar desta arma a um
rival nos negócios justamente como “a pistola mais rara do mundo”.
A ambientação da trama
é na cidade de Lages - Santa Catarina. Por que decidiu inserir a região na
história do livro?
Rodrigo Marcon: Por ser nativo do interior do Estado de Santa Catarina,
tenho um bom conhecimento sobre toda a região, especialmente do Planalto
Serrano e Vale do Rio Itajaí. De certo modo isso facilita um pouco as coisas,
permitindo uma descrição mais correta além de locações verossímeis, ricas em
detalhes que levam em conta não apenas a geografia, mas os microclimas de cada
local, as estações do ano, os aspectos culturais e históricos. Além disso,
acredito que se trata de um Brasil um pouco negligenciado e, quando não o é,
acaba sendo apresentado de forma estereotipada pelas diversas formas de mídia,
inclusive a literária. Penso que há espaço para apresentar a região de forma
mais séria e profunda, seus usos, costumes, saberes e fazeres.
Quais elementos e
gêneros que estão presentes no livro?
Rodrigo Marcon: Desde o início do processo percebi que um romance dramático
não comportaria a trama da forma que a imaginei, por isso optei por uma espécie
de suspense que eu chamaria de histórico/investigativo, ou um thriller como o
livro vem sendo classificado.
Quais foram as
pesquisas e estudos realizados para criar a trama ?
Rodrigo Marcon: Dediquei um bom tempo pesquisando e aprofundando as
informações históricas e técnicas apresentadas no texto, podendo o leitor se
certificar disso facilmente. As questões relacionadas ao Nazismo e a 2ª Grande
Guerra demandam um cuidado ainda maior, pois são temáticas constantemente
revisitadas, ainda assim, acredito ter sido capaz de apresentar algo novo mesmo
neste sentido, como por exemplo as Mutterkreuz. O livro também apresenta muitas
referências ao cinema, literatura e cultura dos anos 70, 80 e 90 do século
passado, não raro passando um certo sentimento de nostalgia ou reconhecimento.
A sua profissão também
lhe ajudou a escrever o livro?
Rodrigo Marcon: Certamente a atividade policial, por si só, já é uma fonte
fantástica de ideias e referências tanto de personagens quanto de histórias e
dramas. No caso do livro “O Antiquário” meu trabalho como policial permitiu a
manutenção de uma fidelidade no que diz respeito aos aspectos técnicos e
jurídicos apresentados no livro, assim como o fato de eu ter vivido
pessoalmente os primeiros anos da implementação do “Estatuto do Desarmamento”,
as inúmeras polémicas que o envolveram e deturpações na sua aplicação. A prova
maior disso é que se trata de uma legislação que até hoje não está inteiramente
pacificada, a meu ver.
Quais as reflexões e
mensagem que a obra transpassa ao leitor?
Rodrigo Marcon: Acredito que se ficarmos apenas no protagonista anônimo da
história já temos muita coisa a pensar a respeito. Eu precisava de um
personagem de certo nível cultural, mas também que tivesse os pés firmemente no
chão, na realidade e na intimidade de uma cidade interiorana. O Antiquário,
podemos nos referir a ele pela sua profissão, passou um tempo no seminário, tem
uma relação conturbada com o pai e é incapaz de perdoar a própria mãe, que
morreu ao dar à luz. Ao mesmo tempo que tem a si mesmo como um homem pragmático
e, nas suas palavras: “...entre os estoicos e os hedonistas e bem perto dos
céticos”, é capaz de gestos extremos de altruísmos e paixões irrefreáveis. Não
obstante, o livro também trabalha temas relacionados à vingança e redenção,
ambas em um arremedo de justiça mitigada pelo tempo, assim como um sentimento
profundo de perda e reparação.
Você pretende criar
outras histórias com narrativa semelhante nos próximos lançamentos?
Rodrigo Marcon: Já existe alguma coisa sendo maturada, especialmente para o
“sci-fi” ou uma distopia, mas por enquanto estou focado na divulgação do
presente trabalho com “O Antiquário”; o que tem demandado mais tempo do que eu
imaginava. Desde o lançamento do meu primeiro livro em 2002 (uma coletânea de
contos intitulada “Cinco Movimentos”) muita coisa mudou no cenário editorial.
Hoje temos as opções do e-book e impressões sob demanda, fora a edição
tradicional. Além disso, o autor tem sido mais demandado para a divulgação do
livro, as pessoas parecem mais interessadas nessa figura, suas redes sociais e
sua história são quase como uma “parte do pacote”. Nesse sentido, também tem
sido um momento de grande aprendizado.
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