Vida
e obras de Ricardo Reis, de Fernanda Pessoa, foi publicado pela Global Editora
em 2018 e conta com edição de Teresa Batista Lopes.
A
publicação traz agradecimentos, símbolos, abreviaturas e outras convenções que são
utilizadas ao longo do livro, roteiro para uma nova leitura de Ricardo Reis
(heterônimo de Fernando Pessoa), prefácios de Fernando Pessoa, Frederico Reis e
do próprio Ricardo Reis, posfácio e notas finais.
O
título utilizado no livro foi previsto por Pessoa, no entanto nunca fora
utilizado. Teresa utilizou o título previsto pelo criador de Reis e tenta
provocar a libertação da leitura de seus poemas de quaisquer adulterações. Também
nos apresenta treze poemas que são inéditos e que aumentam o corpo de toda a
produção ricardiana.
No
livro primeiro temos apresentados os Poemas da Lista, depois passamos aos
Poemas Publicados na Revista Athena e por fim os Poemas Publicados na Revista
Presença. No livro segundo temos os Poemas Datados, Datáveis e Sem Data. O
livro apresenta ainda um apêndice e uma parte dedicada a anexos, em que se
encontram poemas excluídos do cânone ricardiano e poemas ortônimos (de autoria
de Pessoa) de inspiração pagam.
Para
seu heterônimo, Fernando Pessoa, um dos maiores poetas do mundo, criou uma
personalidade singular, como o fez com seus outros heterônimos. Para cada um
deles, incluindo Ricardo Reis, Pessoa chegou até a criar um horóscopo,
apresentado neste livro.
Ricardo
Reis nasceu no Porto (a priori Pessoa o teria feito nascer em Lisboa, mas depois
mudou de ideia), foi médico, professor de latim de um importante colégio
americano e coloca em seus poemas um ar pagão e expõe na poesia a mágoa de
sermos breve e ignorarmos tudo. O poeta, ao contrário de Pessoa, não tem nenhuma
animação patriótica, era monarquista, partidário do estoicismo e praticava o
amor grego. Foi imaginado por Fernando pessoa para dar voz aos poemas de índole
pagã.
Reis
pende para os estudos clássicos, o que é ratificado pelo fato de ter estudado num
colégio jesuíta. Devido à sua formação, admirava, sobretudo, Horácio, além de
Virgílio e Lucrécio. Outra curiosidade da vida de Reis é que ele teria se exilado
no Brasil em 1919, quando foi implantada a República em Portugal. Note-se que
ele era monarquista.
Teresa
explica que “A poesia de Ricardo Reis mereceu, a Pessoa, a maior aplicação –
tanta como a de Caieiro. Reescreveu longamente os seus poemas, à mão e à
máquina, o que não fez com sua própria produção nem com a do último Campos.”
E ainda menciona que era o único dos heterônimos que dispunha de um carimbo.
A
poesia de Ricardo Reis é marcada pela objetividade, por uma linguagem
rebuscada, pelo rigor formal do uso da língua, por referências greco-latinas,
sobriedade, traços neoclássicos, idealização do amor e niilismo. Outrossim,
Ricardo Reis defendia o preceito grego do “carpem diem” (viver o “aqui e agora”).
Nota-se
nos poemas de Reis o uso de gerúndios, imperativos e inversões de sintaxe.
Um
fato curioso de sua biografia é a indefinição do ano de sua morte: embora
tivesse definido a data de falecimento de seus demais heterônimos, Fernando
Pessoa não o fez com Ricardo Reis. Utilizando-se dessa peculiaridade, o
escritor português José Saramago escreveu o livro O ano da morte de
Ricardo Reis, no qual se aventurou a terminar a história de Ricardo Reis, o
protagonista do romance, situando sua morte no ano de 1936.
Título: Vida e obras de Ricardo Reis
Escritor: Fernando Pessoa
Editora: Global
Edição: 1ª
Ano: 2018
Páginas: 312
ISBN: 978-8526024045
Assunto: Poesia portuguesa
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