Iza Artagão é escritora de histórias policiais,
de suspense e thrillers. Carioca da gema, cresceu no Rio de Janeiro e atualmente
mora no interior do estado com marido, filhos e seus cachorros.
Sua estreia na literatura se deu com o romance
Fome, um thriller de tribunal com pitadas de horror. O livro foi semifinalista
do III Prêmio Aberst (2020) na categoria Narrativa Longa de Suspense. É autora também do conto Revelação, uma
história policial com pegada sobrenatural e finalista do III Prêmio Aberst
(2020) na categoria Narrativa Curta Policial; dos contos O Castigo, Hell de
Janeiro e Casiopeia.
Iza Artagão ganhou o prêmio de autora revelação
do III Prêmio Aberst (2020) e adora conversar sobre as suas histórias.
Lançou o livro Legítima Defesa recentemente e
está em pleno agito da Bienal Internacional do Livro de São Paulo com seus
livros.
Iza concedeu uma entrevista ao Tomo Literário
em que fala sobre seu contato com a literatura, a escrita de seus livros, os
desafios de escrever sobre crimes, os prêmios literários, novos projetos e
muito mais.
Tomo Literário: Como foi o seu primeiro
contato com a literatura? Você lembra o primeiro livro que leu e/ou quem a
incentivou?
Iza Artagão: O meu primeiro contato com a literatura foi com os gibis da Turma da Mônica. Desde muito nova, eu amava passar nas bancas de jornais para “namorar” as capas dos gibis recém-lançados e perturbava a minha mãe para comprar. Porém, em termos de livros, se falarmos em romance, os primeiros lidos faziam parte da coleção Vaga-Lume, e aos onze passei a ler os livros da Agatha Christie que eram da coleção da minha mãe e avó.
Iza Artagão: Meu interesse pela escrita surgiu na minha casa, no ano de 2015, quando resolvi escrever um livro infantojuvenil para os meus filhos. Eu buscava nas livrarias algo parecido com a Coleção Vaga-Lume e somente encontrei livros estrangeiros de mistério e suspense. Então, peguei um rascunho de duas páginas, iniciado pelo meu filho caçula, que tentava escrever uma história, e desenvolvi. Quem me incentivou, indiretamente, foi ele.
Iza Artagão: O Legítima Defesa surgiu de uma vontade de escrever a história da Vilma. Com a leitura do Fome, muitos leitores expressavam como tinham adorado a personagem, e isso me fez querer criar uma história somente dela.
Iza Artagão: Logo no início da escrita, eu já sabia que o clímax seria ali. Adequei toda a linha temporal da história para isso. Pesquisei sobre o assunto através da leitura de sites e notícias, mas também assistindo a vídeos da tragédia no Youtube, o que foi bastante impactante. A fala do Cid Moreira reproduzida no livro foi tirada da abertura do Jornal Nacional daquela noite.
Tomo Literário: Desde a ideia inicial do livro até a publicação, qual foi a etapa mais complexa? Por que?
Iza Artagão: Eu sou uma escritora lenta e por vezes tenho muitas dificuldades em terminar a história, pois sofro com bloqueios. Mas, no caso do LD, a parte mais difícil foi editá-lo quando retornou com os apontamentos da Cláudia Lemes (editora do livro) e acertar o tom da Vilma. Retratar uma vítima de violência doméstica, que a princípio sequer enxerga aquilo como algo fora do comum (precisamos considerar a época na qual se passa a história, e o contexto no qual a Vilma havia sido criada, sendo normalizado por toda a família aquele tipo de tratamento) e por isso, começa bem passiva, foi difícil. Em geral, leitores não simpatizam com personagens que eles consideram inertes e fracas, então, a Vilma precisava viver o ciclo da violência, mas não podia soar dessa forma.
Iza Artagão: Nossa, o prêmio ABERST foi uma das coisas, senão “a” mais importante da minha jornada literária! Ano após ano, o prêmio tem assumido protagonismo e importância no mercado literário, tornando-se cada vez mais disputado. Através do prêmio fui mais lida, ganhei uma certa autoridade e assinei meu contrato com a Vitrola Editora (que publicou o Fome físico de forma tradicional e com uma edição linda de morrer).
Iza Artagão: Talvez por ter “nascido” em uma época em que eu conhecia menos as técnicas de escrita, escrever Fome foi muito mais gostoso e fácil do que as histórias que vieram depois dele. Foi praticamente uma psicografia A história surgiu da minha vontade em escrever algo relacionado a julgamentos, com cenas de tribunal. Eu assistia a muitos júris e foi por isso que surgiu essa vontade, e com ela o primeiro personagem, Dr. Canavarro. Eu acho a trama do livro a minha trama mais criativa e adoro como os personagens são cinzentos e machucados. A Izzy, mesmo fazendo tudo aquilo que faz, dá vontade de botar no colo e consolar. O livro é um thriller jurídico com uma pitada de suspense e horror. Nele conhecemos a Izadora, uma estagiária da promotoria que utiliza do seu emprego para acompanhar processos e julgamentos de monstros reais liberados por lacunas do sistema, enquanto lida com a sua fome, uma “entidade” que precisa ser saciada.
Iza Artagão: Vou desdobrar essa pergunta em duas respostas: a) um dos grandes desafios em escrever crime, sendo mulher, na minha opinião, é ser lida e considerada como os autores homens. A impressão que tenho é que ainda existe uma certa resistência em se publicar e ler mulheres que escrevem certos gêneros literários, como ficção de crime e terror. Por outro lado, se catalogarmos os livros estrangeiros hypados e que chegaram ao mercado nacional nos últimos dois, três anos, nos gêneros de suspense e thriller, a maioria era escrito por mulheres. Soa incongruente para mim que no mercado nacional estejamos inseridas em uma bolha (a dos leitores que leem esses gêneros - livros nacionais - e mulheres), enquanto no mercado estrangeiro, aparentemente as mulheres estão dominando. É um assunto que me pego pensando e ainda não consegui compreender; b) considerando a história em si, me incomoda escrever um livro de crime, ambientado no Brasil, utilizando-me de procedimentos irreais e fantasiosos se trazidos para a nossa realidade. Aqui não rola um laudo de DNA em 72 horas, júris não midiáticos muitas vezes são decididos com base no laudo cadavérico e testemunhos, e tem delegacia de interior que falta papel. Então, é desafiante escrever um romance policial ambientado aqui com verossimilhança. Talvez, por isso, histórias policiais ambientadas fora pareçam mais interessante.
Tomo Literário: O que te motiva a escrever?
Iza Artagão: Muitas coisas me motivam, mas acho que as principais são, gostar de contar histórias (e precisar disso, até por questões de saúde mental), e aquele momento no qual o leitor vem conversar e surtar sobre o livro.
Iza Artagão: Eu sou uma escritora vagarosa. Escrevo no meu tempo livre, e ainda assim, também procrastino. Não sou daquelas que passa meses planejando cena por cena e depois ao sentar, o livro fica pronto em dois meses. Surge uma ideia e o meu primeiro passo é tentar elaborar uma escaleta simples com as cenas. Na maioria das vezes não tenho as cenas completas e isso acaba me causando bloqueios. O interessante é que os bloqueios sempre acabam se resolvendo de uma forma que a história fica bacana. No livro que acabei de escrever e estou fazendo a primeira reescrita, levei meses com o terceiro ato bloqueado. Eu sabia o final que queria, mas faltava linkar algumas coisas que levassem a protagonista (uma policial) ao final planejado.
Tomo Literário: Você estará na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, certo? Quais são as suas expectativas e o que os leitores podem esperar?
Iza Artagão: Estarei na Bienal de SP, sim. Larissa Brasil e eu estamos com um estande na Travessa Literária. Será um estande de literatura de crime. Teremos muitas surpresas, livros inéditos, e brindes para os leitores que vierem nos visitar.
Iza Artagão: Sim! É o romance da Ariela Paixão, a minha protagonista do conto Revelação. Estou bastante empolgada com essa história. Utilizei vozes narrativas que não costumo usar e fiz um final com os climaxes da protagonista (policial investigando o crime) e da vítima (sendo morta) intercalados. Espero que permaneça assim porque curti o resultado. Pretendo publicar no primeiro semestre do ano que vem (2025).
Iza Artagão: Primeiro, quero agradecer pelo seu convite. Foi um prazer enorme participar dessa entrevista. E, aos leitores dizer que cada minuto dedicado a uma história é por vocês. Por isso, agradeço de coração a cada um que me leu. <3
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