Entrevista: Gabriel Schmidt - Tomo Literário

Entrevista: Gabriel Schmidt

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Imagine encontrar cinema e literatura simultaneamente? O livro “Farine: O Pesadelo dos Sonhos”, nova publicação do autor Gabriel Schmidt entrega as duas paixões da cultura atemporal utilizando o subgênero Slasher, inspirado em grandes obras clássicas do cinema como “A Hora do Pesadelo” e “O Massacre da Serra Elétrica".

 

Na entrevista, Gabriel relata sobre a paixão pela sétima arte, inspirações para escrever histórias de terror e a participação na Bienal de São Paulo 2024 com o livro “The Dirty Pub”.

 

 

Gabriel, você é um apaixonado por cinema. Quando percebeu que gostaria de escrever sobre histórias de terror?

 

Gabriel Schmidt: O cinema de terror sempre me fascinou pela forma como a morte é retratada e vivenciada pelos personagens. Pode parecer sombrio, mas é intrigante refletir sobre o quanto é doloroso e desafiador para um personagem sobreviver aos obstáculos de um filme de terror.

 

Quando o filme termina, saímos com aquela sensação de “estou vivo”, cientes de que o horror que vimos na tela não nos pertence. Essa experiência me cativa mais do que outros gêneros cinematográficos, além da ampla possibilidade que o terror oferece para discutir e explorar qualquer questionamento que o autor queira levantar.

 

Um exemplo disso é "The Dirty Pub". Além de toda a mitologia e o horror apresentados, o livro aborda a angústia de um jovem adulto que ainda não sabe o que quer da vida, enfrentando a pressão interna e social de que já passou da hora de “dar certo”. Já em "Farine: O Pesadelo dos Sonhos", essa ansiedade também é explorada, mas de forma ainda mais extrema, ao ponto de o personagem perder completamente o controle da situação.

 


O Slasher é um subgênero aclamado no cinema e na literatura. Qual é o diferencial do subgênero de terror no livro “Farine”?

 

Gabriel Schmidt: No livro “Farine: O Pesadelo dos Sonhos”, o subgênero do Slasher é trazido como uma homenagem a este cinema de gênero. As personagens estudam cinema e querem fazer um filme de slasher para entrarem no mercado. Com isso, é mostrado muitos processos internos de uma produção cinematográfica, além de técnicas do audiovisual que são trabalhadas por grandes diretores de cinema.

 

Quais os principais livros e filmes que te inspiram a escrever as histórias de terror ?

 

Gabriel Schmidt: Cada livro é um processo de criação diferente. Em “Farine: O Pesadelo dos Sonhos” filmes como “O Massacre da Serra Elétrica”, “A Hora do Pesadelo”, “Halloween” e “Suspiria” de Dario Argento me ajudou bastante no processo de criação. Já em “The Dirty Pub”, tive grande influência de “Deuses Americanos” do Neil Gaiman, assim como “A Batalha do Apocalipse” de Eduardo Spohr e o filme “Advogado do Diabo”. Tudo depende do tom da escrita e do enredo do livro. Como você quer passar aquelas informações para o seu leitor. Qual é o melhor jeito para se contar a sua história? Este é o começo para buscar grandes nomes da literatura e do cinema e, através deles, criar o seu próprio modo de escrita única daquela história.

 

Você acha que o mercado editorial nacional precisa de mais histórias criativas e atraentes sobre o gênero?

 

Gabriel Schmidt: Acredito que sim. Temos ótimos escritores com histórias fantásticas. Precisamos cada vez mais olhar para dentro e mostrar para o mundo a nossa literatura. Seja por meio de leitores e divulgação das editoras, como também produtoras de cinema nacional dando mais oportunidades para filmes e séries brasileiras.

 


Fale um pouco sobre The Dirty Pub, livro que estava em exposição na Bienal de São Paulo 2024.

 

Gabriel Schmidt: “The Dirty Pub” foi um projeto que surgiu logo após uma viagem minha de seis meses nos Estados Unidos, onde eu morei na cidade de Los Angeles e tive o contato com talvez o maior exemplo à olho nu de pessoas que largaram tudo por um sonho e acabaram não conseguindo aquilo que almejavam.

 

Ao voltar para o Brasil, estava com pouco dinheiro, desempregado, com o sonho de se tornar cineasta cada vez mais longe e a minha querida tia Miriam, faleceu. De algum modo, eu precisava colocar todo aquele sentimento para fora, viver o luto, mas superá-lo. Foi assim que surgiram os personagens da trama e juntando toda a minha experiência vivida, construí todo o enredo do livro.

 

Na história, Samuel He se vê sem esperanças para o seu futuro, sua avó está internada e sem dinheiro para fazer a cirurgia que precisa. Em uma noite, no banheiro de uma balada, ele conhece o demônio Nybbas, que oferece um pacto: Todo o conhecimento do universo. Sam aceita de imediato, porém o que não imaginava é que ele foi amaldiçoado, qualquer pessoa que ouvir ao menos uma verdade dele, morrerá.

 


Um dia você pretende realizar uma adaptação cinematográfica dos seus livros?

 

Gabriel Schmidt: Sim, este é o meu maior sonho. “Farine: O Pesadelo dos Sonhos” surgiu como uma ideia de um curta-metragem, depois um longa e, por fim, um livro. Tenho alguns escritos sobre uma possível continuação tanto de “The Dirty Pub”, quanto de “Farine”, mas calma, tudo é feito com muito cuidado para que a essência dessas histórias não se perca. Mas se alguma produtora quiser investir para fazer um filme, eu topo na hora. O famoso: “Onde posso assinar?”

 

Sobre as futuras obras, já têm alguma em vista?

 

Gabriel Schmidt:  Sim, tenho alguns projetos em desenvolvimento já, todos voltados para o terror, mas como ainda estão em fase inicial, não posso dar mais detalhes sobre. Porém posso dizer que explorarei outros âmbitos do terror. Já se foram terror demoníaco e Slasher. Qual será o próximo?

 

Quais os outros gêneros e subgêneros que você mais gosta de abordar em seus livros?

 

Gabriel Schmidt: A minha jornada na escrita começou pelo mundo da fantasia com o meu primeiro livro “A Ordem Perdida”, então sempre gosto de trazer um pouco deste lado mitológico para as minhas histórias, assim como há um namoro muito forte thrillers e suspenses policiais, gosto bastante desses gêneros também.


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