José Lins do Rego é publicado
pela Global Editora.
O escritor nasceu em 3 de junho
1901, no engenho Corredor, na cidade de Pilar, localizada na Paraíba, e faleceu
em 1957 no Rio de Janeiro. Era filho de João do Rego Cavalcanti e de Amélia
Lins Cavalcanti, descendentes de tradicional família da oligarquia do Nordeste
açucareiro.
Menino de Engenho, seu primeiro
livro, rendeu-lhe o Prêmio Graça Aranha. O autor fez parte do movimento
regionalista do nordeste e é patrono da Academia Paraibana de Letras, tendo
sido eleito para a cadeira número 25 da Academia Brasileira de Letras.
Fez seus primeiros estudos no
internato de Itabaiana e no Colégio Diocesano Pio X de João Pessoa. Depois de
testemunhar a decadência dos engenhos de açúcar, que deu lugar às usinas, José
Lins mudou-se para o Recife, onde estudou no Colégio Carneiro Leão. Em 1919
ingressou na Faculdade de Direito. Passou grande parte da sua vida em Recife e
Rio de Janeiro e a vida de tais cidades influenciaram cenários que foram pano
de fundo de suas obras.
No Rio de Janeiro colaborou para
os jornais O Globo e Jornal dos Esportes, inclusive exerceu
cargos no futebol, como na diretoria do Flamengo e quando chegou a chefiar a
delegação brasileira de futebol no Campeonato Sul-americano de 1953.
De modo geral, a obra de José
Lins do Rego está dividida em temáticas:
- Ciclo da cana de açúcar, obras cuja ação se
desenvolve na região nordestina dos grandes engenhos de açúcar, como Menino
de Engenho, Doidinho, Banguê, Usina e Fogo Morto.
- Ciclo do cangaço, do misticismo e da
seca, que envolvem as obras Pedra Bonita e Cangaceiros.
- Obras independentes. Essas também estão vinculadas ao Nordeste, como Pureza e Riacho Doce (que foi transformada em minissérie para a TV), e envolve obras como Água Mãe e Eurídice, na qual o cenário se desloca do Nordeste para a cidade do Rio de Janeiro.
Com o livro Menino de Engenho,
o autor deu início ao chamado Ciclo da Cana-de-Açucar, série de cinco livros
que retratam a decadência do engenho açucareiro nordestino.
Menino de Engenho foi
o primeiro romance do autor e traz uma narrativa cativante composta por
aventuras e desventuras da meninice de Carlos, garoto nascido num engenho de
açúcar. No livro, o leitor se envolverá com as alegrias, inquietações e
angústias do garoto diante de sensações e situações por ele vivenciadas pela
primeira vez. Publicado originalmente em 1932, o romance comprova, sem sombra
de dúvidas, o talento monumental de um escritor, cuja obra nortearia os rumos
do moderno regionalismo brasileiro.
Em 1933 foi publicado o livro Doidinho,
tido como continuação do livro Menino de Engenho. A obra mostra
Carlinhos em um mundo completamente diferente do engenho Santa Rosa. Carlinhos
agora é Carlos de Melo, está saindo da infância e entrando na pré-adolescência,
enquanto vive num colégio interno, sob o olhar de um diretor cruel e
autoritário. Enquanto lida com o despertar de sua sexualidade, sente falta da
antiga vida no engenho, e encontra refúgio nos livros.
As mudanças na vida de Carlos
acompanham as mudanças na história do Brasil. Os engenhos estão sendo trocados
por usinas, enquanto há uma percepção de que a mão de obra na cultura
açucareira é análoga à escravidão.
Banguê foi publicado em
1934. Se trata da continuação dos eventos que são apresentados em Doidinho. O livro é o terceiro do que se convencionou
denominar, dentro da obra do escritor paraibano, o "ciclo da
cana-de-açúcar".
Depois veio Usina,
que foi lançado em 1936. Na obra, o protagonista é Ricardo, apresentado em Menino
de Engenho. No livro, Ricardo volta ao engenho Santa Rosa após cumprir
prisão em Fernando de Noronha, e encontra o mundo que conhecia completamente
transformado pela industrialização. Essa adaptação a uma realidade estranha,
com códigos de conduta diferentes e nova organização social se apresenta mais
penosa do que os anos de reclusão na prisão.
Do ponto de vista econômico e
social, Usina retrata o fim do ciclo da tradição rural nordestina
dos engenhos, e o momento da chegada das máquinas e a decadência dessa economia
para toda a região.
Lançado em 1943, Fogo morto
é considerado por muitos críticos a obra-prima de José Lins do Rego. O livro
encerra o "ciclo da cana-de-açúcar”.
A obra é dividida em três partes,
cada uma delas dedicada a um personagem específico. Na primeira parte do livro,
conhece-se as agruras de José Amaro, mestre seleiro que habita as terras
pertencentes ao seu Lula, protagonista da parte seguinte da obra e homem que se
revela autoritário no comando do Engenho Santa Fé. O terceiro e último segmento
de Fogo morto centra-se na trajetória de Vitorino Carneiro da
Cunha, que vive em situação econômica complicada, perambulando a cavalo sempre
pronto a lutar com suas forças contra injustiças à sua volta.
Após encerrar o clico, o primeiro
romance publicado por José Lins foi Pureza. O escritor apontou
sua caneta para uma paisagem mais bucólica e melancólica, características que
batem com a personalidade de Lourenço de Melo, o personagem central.
Pureza é o nome do
vilarejo onde Lourenço, também conhecido como Lola, vai morar. Lola é um homem
tomado pela paranoia e pelo medo: ainda pequeno perdeu a mãe para a
tuberculose, e logo em seguida a irmã, que sempre foi franzina. Após crescer
sempre muito protegido pelo pai, e com pouco acesso a vida real e seus
problemas, acaba perdendo a figura paterna também. Decidido que seu destino é a
morte, assim como todos ao seu redor, ele se isola no interior para esperar
pelo seu destino em paz, vivendo um dia de cada vez e se isolando dos perigos
externos.
Em 1939, José Lins do Rego já era
conhecido como ficcionista brasileiro que concedera grande realce aos traços
regionais de nossa cultura, assim como Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos. Publicou
o livro Riacho Doce, em que o escritor acabaria, de peito aberto,
consolidando novos contornos à sua magnífica trajetória literária.
O livro inicia-se com as
passagens da infância e da adolescência de Edna, na Suécia. Num segundo
momento, o qual ocupa a maior parte do romance, Edna muda-se para o Brasil para
acompanhar o marido Carlos, que fora transferido para o litoral de Alagoas a fim
de trabalhar na exploração de petróleo. No ambiente paradisíaco de Riacho
Doce, Edna aproveita os banhos de mar e o encantador cenário repleto de
belezas naturais da região. Sua estada no litoral nordestino e sua vida seriam
radicalmente transformadas após conhecer Nô, pescador do lugarejo com quem
acaba se envolvendo amorosamente de maneira natural e intensa.
Outra publicação do escritor é Eurídice.
A trama acompanha Júlio, um estudante de direito que vai morar num cortiço, e
lá conhece Eurídice. Os dois estabelecem um relacionamento. Enquanto ela o vê
como um grande amigo, Julio desenvolve uma paixão não correspondida.
Logo nas primeiras páginas, fica
claro que todas as dificuldades do protagonista são moldadas pela sua infância,
quando é rejeitado pela mãe e acaba se apegando demais à irmã, desenvolvendo um
relacionamento pouco saudável. Com uma forte sensação de rejeição permeando sua
jornada, o livro é dividido entre o momento que ele sofre a ruptura com a
figura materna, e quando ele se vê deixado de lado novamente, dessa vez por uma
mulher que ele vê como uma possível parceira romântica.
Publicado originalmente em 1938,
o livro Pedra Bonita conta a história do protagonista Antônio
Bento, também conhecido como Bentinho, uma criança que, por causa da seca, é
deixado pela mãe aos cuidados do tio, o padre Amâncio. Os dois vivem na Vila do
Açu, que fica bem próximo a Pedra Bonita, lugar onde
ele nasceu. Tentando passar um pouco dos seus ensinamentos para o sobrinho,
Amâncio coloca Bentinho em um seminário, onde ele acaba sendo mal visto por
causa do local do seu nascimento e envolvimento do seu irmão no cangaço.
Cangaceiros, que é
a continuação direta da história de Pedra Bonita, tem algumas
características parecidas. Além da trama ter a mesma qualidade imersiva tão
presente nas obras do autor, a história é dividida em duas partes. Uma
abordando o movimento do cangaço em si, pela visão de personagens icônicos como
Aparício (o líder), Germano, Bem-te-vi e Beiço Lascado. E a outra mostrando
como Bentinho é obrigado a cuidar da mãe mentalmente instável, acompanhar a
jornada intensa dos seus irmãos (ambos envolvidos no cangaço) e como ele se
apaixonada sutilmente por Alice, um ponto fora da curva na sua vida caótica.
Sempre olhando as mudanças da margem, o protagonista precisa, de uma vez por
todas, entender seu papel no mundo em que vive.
Repleto de transições, tanto de
forma econômica quanto social, O Moleque Ricardo tem uma
narrativa imersiva e ambientação impecável, como de costume nos livros de José
Lins do Rego. A jornada de Carlinhos começa aos seus 16 anos, quando ele se
sente seduzido pelo apito do trem para a Capital.
Sem conseguir evitar sua vontade de conhecer o mundo, o jovem muda-se para Recife e deixa sua vida no engenho de Santa Rosa, onde nasceu e cresceu. Regado por impetuosidade e experimentação, o menino tem um grande choque de realidade.
Apesar de ser uma obra com forte regionalismo, a experiência de Carlinhos com
preconceito racial e sua vivência na miséria é retratada de forma certeira,
explorando os nuances complexos de uma vivência extremamente comum para o povo
brasileiro, naquela época e hoje. Como resultado, a jornada de Ricardo se
transforma em um conto atemporal sobre o sentimento deslocador perpetuado pelo
ato de crescer e amadurecer.
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