O terceiro livro do
mato-grossense Rinaldo Segundo ensaia os dilemas do viver e do sentir
no livro de contos “Emoções: A Grandeza Humana” (144 páginas, Editora Labrador).
Natural de Várzea Grande e atualmente vivendo em Cuiabá, no Mato Grosso,
Rinaldo é formado em Economia e Direito com mestrado em Desenvolvimento
Sustentável pela Harvard Law School. Além disso, segue carreira profissional
como promotor de Justiça atuando na área de homicídios e crimes sexuais contra
crianças e adolescentes. Um trabalho intenso onde testemunha histórias que o
colocam cara a cara com a dor alheia.
Seu livro apresenta oito contos
ficcionais, cada um sobre uma emoção, classificada como tal ou apropriada pela
liberdade artística. São histórias permeadas também por dramas sociais, tais
como crianças abrigadas, racismo, diferenças sociais e populismo jornalístico.
“Descobri o tema das emoções ao
buscar identificar as minhas próprias emoções. Convivo com a dor alheia em meu
trabalho como promotor de Justiça, testemunho mães que perderam os seus filhos,
crianças sexualmente abusadas e vulnerabilidades sociais”, explica o escritor.
“Em alguma medida, tais dores se tornam minhas também, e convertem-se em
ilusões e desilusões nos casos em que atuo.”
Para ele, escrever ficção sobre
as emoções foi uma libertação, uma vez que seu cargo representa a força estatal
e por ser um homem nascido nos anos 70 cujas emoções eram “naturalmente
negadas”. “Traduzir a dor alheia e a minha também em histórias realistas me
tornou mais humano.”
Um mergulho na complexidade
humana
Na obra, o autor expõe como as
emoções são capazes de domar e serem domadas. Como as emoções, mesmo que
universais, só podem ser medidas e experimentadas na individualidade. Tal como
uma minissérie, os capítulos são nomeados como Solidão, Alegria, Vergonha,
Esperança, Medo, Raiva, Paixão e Felicidade.
“Evidentemente, os contos têm
personagens, mas eu também imaginei as emoções como protagonistas das histórias
humanas. As emoções protagonizam mudanças e a própria vida das pessoas, como
quando alguém tem um acesso de raiva e mata outra pessoa, ou quando no final da
vida, alguém percebe ter sido feliz. Por isso, cada conto tem um título
remetendo a elas”, justifica.
Em sua estreia na ficção, o autor
concebe personagens ricos e com histórias pregressas que tendem a explorar suas
intimidades. Alguns deles, como o protagonista de “Alegria”, demonstram ainda
uma sofisticação sarcástica em suas interações. A escrita de Rinaldo traduz a
natureza complexa das emoções em situações trágicas e cômicas que podem vir ou
não, a acabar em redenção. Seus contos falam, sobretudo, de humanidade.
“Tanto quanto homo
sapiens, somos homo motus, seres emocionais. Podemos viver
sem ter consciência delas, é verdade, mas elas estão em nossas escolhas e
decisões 24 horas por dia. Às vezes, essas emoções são complexas, formadas pela
união delas, e às vezes, elas se sucedem rapidamente”, comenta.
A humanidade sempre lidou com as
emoções. E um dos argumentos do livro é justamente mostrar como sem elas,
qualquer sujeito se resume a um ser unidimensional. As emoções, por meio de seu
portador, podem ser aprisionadas ou permitidas.
Rinaldo Segundo / Foto: Christiane Coelho |
Novos livros em vista
Rinaldo sempre escreveu contos,
mas precisou sentir-se confiante para publicar as histórias presentes em “Emoções”.
Aos 45 anos, o autor já publicou “Sonhando com Harvard”, em que compartilha suas memórias e
conta os passos e iniciativas que o levaram a uma das melhores universidades do
mundo, além da não-ficção “Desenvolvimento Sustentável da Amazônia” que, por sua
vez, trata do aquecimento global e do desmatamento amazônico, discutindo um
modelo de geração de riquezas e redução do desmatamento que dialoga com os
desafios ecológicos globais. O livro é fruto da pesquisa de Rinaldo enquanto
esteve na universidade americana.
O autor pretende agora escrever
um segundo volume de contos ficcionais. Mais uma vez, relacionado às emoções.
Dessa vez, Rinaldo promete tratar de temas mais espinhosos."Quero abordar
um lado humano mais esquisito e sombrio, com emoções como a tristeza, o ciúme e
o desprezo”, revela. Ele também tem em mente um novo livro de memórias, dessa
vez, sobre a experiência de trabalhar com crimes sexuais praticados contra
crianças e adolescentes. "Pretendo expor os bastidores e os desafios
daquele tipo de trabalho."
Leia um trecho de “Emoções:
A Grandeza Humana” (pág. 47):
“Uma criança com um balão não
imagina o gás hélio sólido. Se a matéria tem diferentes estados físicos, o ser
humano também. A vergonha pode mudar a forma de alguém, de descontraído a
tenso, de ereto a encurvado, de confiante a medroso. O envergonhado desvia o
olhar do outro, para se desviar de si. Ao redor de seu eu, constrói muralha
invisível e cumpre sentença perpétua.”
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Grandeza Humana” pelo site da Editora Labrador:
https://editoralabrador.com.br/produto/emocoes-a-grandeza-humana/
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