O autor Lulu Mendes
(@luluumendes) celebra o lançamento de “Magia do Desejo Suave” (120 páginas, Editora
Minimalismos), sua estreia na autoficção. O livro reúne 19 narrativas breves e
explora a identidade, o luto e o vício do narrador e seus personagens em
diferentes ângulos e situações. A obra conta com texto de orelha assinado pelo
autor e consultor André Carvalhal e com posfácio da colunista Nathalia Levy.
"Magia do Desejo
Suave" transita entre o memorialismo e o ensaio,
oferecendo um retrato cômico e dramático sobre o desejo e pontuações sobre a
vida moderna. "Esses temas emergiram naturalmente durante o processo
criativo, quase como se fosse um exercício de ouvir, viver e contar as
histórias que a vida me impôs nesse período", explica o autor.
A obra foi pensada em três
partes que estão diretamente relacionadas ao ato de fumar. “Acender”, “Tragar”
e “Apagar” são gestos que traduzem, também, como o desejo toma conta do
indivíduo, o consome e muitas vezes se esvai. E assim o livro foi idealizado:
como “quem conta um segredo a um estranho”. Um hábito típico dos fumódromos nos
bares e festas.
O livro apresenta personagens
em situações tanto prosaicas quanto insólitas. Entre as histórias, um senhor na
biblioteca busca descobrir as origens da literatura, mas é impedido pela
burocracia de um cadastro; uma mulher é atormentada pela imagem de seu ex-amante
numa festa infantil; um menino coleciona embalagens para se lembrar de que um
dia o conteúdo lhe pertenceu; e Elvis Presley embala as noites de um homem
cristão no sofá da sala.
As histórias que compõem
“Magia” articulam, entre outras coisas, como a internet afetou o comportamento
popular ao reagir uma fofoca e também o “ghosting”, termo empregado para
pessoas que desaparecem sem explicação após um encontro.
“A experiência online aparece
em vários momentos da obra. Não como objeto de análise, como às vezes costuma
surgir em produções que anseiam denunciar as consequências do fenômeno digital
na contemporaneidade, mas com a naturalidade de quem vive as dores e as
delícias de fazer parte de uma geração que consome telas da mesma forma que o
ar”, escreve a colunista da ELLE Nathalia Levy em seu posfácio.
Com essa mesma precisão,
pontuada pela jornalista, o autor reflete períodos de transições políticas,
como as eleições de 2022, retratada em “Festival das Luzes” (página 72); e
sociais como em “Procura-se o óbvio” (página 62).
Lulu Mendes nasceu em Campinas
(SP) e cresceu em Hortolândia. Em 2016, mudou-se para São Paulo para estudar
jornalismo na Universidade FIAM-FAAM e trabalhou no mercado de moda entre 2017
e 2020, contribuindo na frente de comunicação e conteúdo de publicações e
marcas. Atualmente colabora em projetos jornalísticos e publicitários para a
Globo pela Agência Canarinho.
Lulu Mendes / Foto: Divulgação
Um livro que surgiu no
Fumódromo, uma newsletter
Entre 2022 e 2023, o autor
alimentou uma newsletter chamada “Fumódromo”. Foi a partir desse projeto que
Lulu desenvolveu a escrita do presente lançamento. Ao dar maior atenção para o
material produzido na plataforma que mescla blog com entrega de e-mail para
assinantes, o autor se encantou com o potencial literário que tinha em mãos e
partiu em processo de retrabalho.
“Comecei a escrever
algo ‘novo’ [após a newsletter] que, por acaso, repetia os
mesmos temas das histórias publicadas.. Como se ainda não os tivesse superado,
ou como se precisasse continuá-los. Sabe essa sensação de inacabamento? Para um
taurino como eu isso é a morte”, conta. “Então, em vez de continuar esse
novo projeto, decidi que olharia com mais calma para tudo que foi produzido nos
últimos anos.”
Lulu é diretamente
influenciado pelos romancistas universais do século 20: Franz Kafka, Virginia
Woolf e Herman Hesse, além de Nelson Rodrigues, a quem presta reverência. O
absurdo cotidiano que permeia a obra de Kafka, por exemplo, é explícito e menos
fantástico.
Foi no Ensino Médio, dez anos
atrás, que escreveu seu primeiro livro: “As trágicas consequências de se
apaixonar”, publicado em e-book, em uma época em que o dispositivo
Kindle não era tão popular. Trata-se de uma coletânea de crônicas, escritas
como a captura dos ímpetos e questionamentos da sua geração.
Sua newsletter ainda
existe — em formato diferente, Lulu dispara crônicas e outros ensaios. Hoje,
avista um projeto que conta com estrutura e personagens razoavelmente maduros,
mas ainda estuda (e deixa fluir) os rumos possíveis para sua trama. Também
ambiciona escrever uma comédia para o teatro algum dia.
Leia um trecho de “A Magia do
Desejo Suave”:
“O show perfeito da sua
cantora pop favorita em um festival de música é a história pomposa que você vai
escrever em uma rede social; o show de horrores onde a cantora pop entra no
palco armada e mata a fogo sua plateia é o insólito que pode conceber uma obra-prima
da literatura ou do drama. Algumas hipóteses criadas no campo imaginário são
aceitáveis apenas em livros e filmes, porque se são contadas numa mesa de bar
você corre o risco de parecer carente de atenção ou psicopata, duas coisas que,
nessa época, parecem indissociáveis.” (pág. 102)
Adquira “Magia do
Desejo Suave” pelo site da editora Minimalismos:
https://www.editoraminimalismos.com/product-page/magia-do-desejo-suave-de-lulu-mendes
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário.