Formada em Jornalismo nos Estados Unidos, a escritora, roteirista e
diretora audiovisual, Elisa
Marques, acaba de lançar a autoficção Minha mão na sua boca e um verso sobre o
amor, que reúne 78 poemas sobre as complexidades do sentimento
romântico na sociedade contemporânea. Nesta obra visceral, a autora imerge nas
próprias emoções e resgata experiências amorosas para acolher todos aqueles que
se identificam com a mesma forma intensa de amar.
Com referências da cultura do rock ao
clássico, como inspirações na música “Mania de Você”, de Rita Lee, e as
diferentes sensações evocadas pelas composições de Beethoven, este livro é uma
ode ao amor sáfico, com declarações apaixonadas e desabafos às mulheres que a
autora já se apaixonou. Mais que isso, é um resgate da poesia como forma de
transbordar sentimentos universais, mas que muitas vezes passam despercebidos
ou são silenciados com a rotina.
Em entrevista, a Elisa Marques comenta
detalhes sobre este lançamento e as referências para escrever a obra, com um
breve spoiler do que se pode esperar da adaptação para o audiovisual. Confira
abaixo:
O livro é descrito como uma ode ao amor
sáfico. Como você vê a importância da representação do amor entre mulheres na
literatura atual e quais desafios você encontrou ao explorar esse tema?
Elisa Marques: A pergunta me faz lembrar da primeira escritora a tratar do tema de
forma natural: Odete Rios, através de seu pseudônimo Cassandra Rios, no final
da década de 1940. Censurada de todas as formas pela ousadia em plena ditadura
militar, Cassandra deu voz a mulheres que existiram. O cenário hoje é
diferente, mas manter essa representatividade na literatura contemporânea
através de escritoras como Angélica Freitas, Natalia Borges Polesso, Elayne
Beta e muitas outras que me inspiraram, é como dizer: eu sempre vou existir. Da
minha parte, não houve desafios ao escrever sobre o amor entre mulheres, pois a
Elisa escritora existe através da voz daqueles com quem me relaciono. E nos
últimos tempos, tem sido sim uma vida/escrita mais voltada para mulheres.
Você aborda aspectos do amor no mundo
contemporâneo, como a espera por mensagens de celular e as ambiguidades dos
relacionamentos hoje em dia. Na sua visão, por que essas nuances chamam atenção
na poesia?
Elisa Marques: Poesia é também uma relação com quem te lê. Se escrevo a partir dos
amores que vivo ou desejo viver e o amor é um sentimento universal, a poesia
chama atenção porque se relaciona com os leitores.
Minha mão na sua boca e um verso sobre o
amor combina referências da
cultura do rock e do clássico, de Rita Lee a Beethoven. Como essas diversas
inspirações impactaram a criação dos seus poemas e a estrutura do livro?
Elisa Marques: Costumo dizer que escrever é prestar atenção. O que me rodeia são
minhas maiores inspirações. Foi em uma aula de filosofia que conversei sobre o
tema: “A música de Beethoven é ou não é triste?”. Em contrapartida, foi ouvindo
“Mania de Você” deitada na rede de casa em um dia qualquer que surgiu o poema
cujo primeiro verso é “hoje fiz amor por telepatia”. Escrever é observar.
A obra também mistura ficção e
autobiografia. Quais experiências pessoais mais influenciaram a sua escrita e
como foi o processo de transformar vivências reais em poesia?
Elisa Marques: Os potenciais amores inspiraram muito esse segundo livro. No
primeiro eu falei sobre o fim de um relacionamento romântico que existiu. Nesse
eu falo sobre vários inícios que nunca vingaram de fato e que, por motivos
diferentes, terminaram ainda muito vivos em mim justamente pelo que podia ter
sido. A escrita a partir de si é muito difícil. Eu às vezes deixo de me expor
como escritora para me expor como pessoa. O que é de verdade e o que é ficção é
uma linha muito tênue, e quando eu escolho dizer que escrevi uma obra de
autoficção eu abro margem para os leitores especularem. Minha escrita vai te
encontrar onde você quiser que ela te encontre.
Minha mão na sua boca e um verso sobre o
amor será adaptado para o
audiovisual. O que os leitores podem esperar dessa adaptação e como você está
se preparando para transpor a poesia para as telas?
Elisa Marques: Os leitores podem esperar um show de performance de 5 grandes
atrizes goianas em ascensão. A entrega de todos os profissionais envolvidos
ultrapassou toda e qualquer expectativa que eu tinha criado. A equipe de
produção abraçou o projeto como se eles mesmos tivessem o escrito. Só posso
dizer que tenho me preparado para ver esse filme nas telas no mesmo lugar onde
faço todas minhas preparações: em terapia, rs.
Sobre a autora:
Elisa Marques é
goiana, nascida em 1994, e cresceu em Goiânia. Estudou Jornalismo e Psicologia
nos Estados Unidos e atualmente divide seu tempo entre literatura e cinema,
sendo também roteirista e diretora. Elisa desenvolveu o gosto pela leitura e
pela escrita inspirada pelas obras de seu falecido avô, a primeira referência
que teve de escritor. “Até minha terapeuta sente falta de você” é o primeiro
livro da autora, que traz sentimentos profundos sobre fins de relacionamentos,
e foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo da Secretaria de Estado de Cultura de
Goiás como “Melhor Obra Cultural”, no ano de 2023. Agora, lança a publicação
poética Minha mão na
sua boca e um verso sobre o amor, que ganhará uma adaptação
para o audiovisual no segundo semestre de 2024.
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