“A Keruaka é resposta de um
processo de transformação interno, até mesmo indo de encontro a minha reconexão
com uma parte da minha ancestralidade que estava esquecida”
(Thaís de Almeida Prado)
Em uma época em que a
preservação do meio ambiente se torna uma preocupação global, "A Pequena Keruaka" (82 pág.), escrito pela artista multifacetada
Thaís de Almeida Prado (@thaisampr),
surge como uma obra que não apenas entretem, mas também inspira reflexão e
ação. O livro infantojuvenil, publicado pela NADA∴Studio Criativo e
contemplado no Programa de Ação Cultural (ProAC/SP) de 2022, narra a jornada
cativante de uma pequena Icamiaba - povo de mulheres guerreiras que protegem o
meio ambiente - para salvar os rios e as florestas das megalópoles no
Brasil.
Saindo da lagoa Espelho da Lua,
região onde ela vive no Norte do Brasil, Keruaka embarca em sua canoa com um
caderno feito de casca de árvore vermelha e sua caneta tirada de uma das asas
de sua antepassada avó. Seu destino é São Paulo, uma floresta de concreto em
que os rios não podem ser vistos porque estão debaixo do asfalto. De forma
lúdica, o livro vai mostrando o caminho dessa jovem guerreira, neta de
coruja-buraqueira e filha de jaguatirica. No percurso, ela vai se conectando
com seres-bichos, seres-árvores, seres-gente, seres-rios e muitos outros tipos
de formas de vida que vivem na natureza, mostrando o quanto ela é repleta de
mistérios e magias.
A obra “A Pequena
Keruaka” é muito mais do que um livro infantojuvenil. É uma jornada de
resgate ambiental em forma de diário, com ilustrações belíssimas elaboradas
pela artista Priscila Montania, em que cada detalhe é pensado para se
conectar com um público mais jovem. A partir da literatura, a autora aborda
temas como a importância de reflorestar megalópoles, a necessidade de construir
novos futuros, as relações possíveis com diversas formas de vida e a
conectividade com a ancestralidade.
Thaís
de Almeida Prado é uma
figura multifacetada no cenário cultural brasileiro, destacando-se como
escritora, cineasta, roteirista, artista multidisciplinar e atriz. Nascida em
Belo Horizonte, Minas Gerais, sua formação acadêmica inclui um bacharelado em
Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(USP), onde também obteve seu título de Mestre em Meios e Processos
Audiovisuais (Cinema). Sua carreira é marcada por uma série de conquistas e
reconhecimentos, incluindo prêmios por seus trabalhos tanto no cinema quanto no
teatro.
Como escritora, demonstra uma
habilidade excepcional em mesclar ficção com os problemas complexos do mundo
contemporâneo, criando assim narrativas lúdicas e envolventes. Sua obra de
estreia na literatura infantojuvenil, "A Pequena Keruaka",
é um testemunho de sua dedicação à preservação ambiental e à valorização das
culturas indígenas. “Esse livro é fruto de transformação contínua. Dos meus
sonhos e desejos enquanto pessoa em uma sociedade que por vezes parece
retroceder. É uma tentativa de resistência, mas mais do que isso, é uma
tentativa de reflorestamento. Reflorestar mentes e colher esses plantios, num
futuro quiçá não tão utópico assim”, afirma.
Thais de Almeida Prado / Foto: Sebastian Mez
Keruaka: uma personagem viva
Antes de existir o livro, já
existia Keruaka. A personagem surgiu para a autora durante a criação do
espetáculo Origem / Destino (2012), desenvolvido pela Companhia Auto-Retrato.
“Até então, Keruaka tinha a minha idade na época. Depois que a peça acabou,
vislumbrei iniciar o desenvolvimento de um roteiro para cinema. Fiz um primeiro
esboço, e entendi que a Keruaka era um livro e que ela falava para pessoas mais
jovens”, explica.
Nesse processo de conexão com a
Keruaka literária e infantojuvenil, a autora convidou a artista Priscila
Montania para desenvolver as ilustrações que compõem a obra. As duas
trabalharam juntas no desenvolvimento do livro durante a pandemia, em 2020, e
dois anos depois o projeto foi contemplado pelo ProAC/SP. “A Pequena
Keruaka” conta também com a consultoria da mestre em Direitos Humanos,
Kaianaku Kamayurá, indígena do povo Kamayurá da Terra Indígena do Xingu, em
Mato Grosso.
Inspirada nas histórias orais
das comunidades tradicionais e em obras como Macunaíma, de Mário de Andrade, Na
Estrada, de Jack Kerouac, e os relatos do Frei Gaspar de Carvajal sobre as
Icamiabas, Thaís escolheu desenvolver a narrativa a partir de um caderno de
viagem. “Adoro diários ou cadernos de bordo. Sempre escrevi muito,
principalmente quando estava em viagem. São minhas memórias. Ao mesmo tempo,
adoro ficcionalizar e assim, ficcionalizar memórias me veio de forma natural”,
conta.
Para a escritora, o livro é
apenas uma parte da história desta personagem, que seguirá em sua missão de
reflorestar as metrópoles e proteger o meio ambiente. “Tenho desejo em
continuar a trajetória de nossa Keruaka por outros caminhos, para onde ela irá agora?
E também adaptar “A Pequena Keruaka” para o cinema”,
sonha.
Confira um trecho do livro “A
Pequena Keruaka”
“No meio do caminho, eles
encontraram as minhas tias ICAMIABAS e acharam que elas eram “Amazonas Gregas”,
porque no mundo deles viviam essas mulheres muito fortes que protegiam os
animais e as florestas. E, como minhas tias são muito fortes e também protegem
a floresta e os animais, eles começaram a chamar aquele rio com muitos nomes de
“Rio das Amazonas”, e a Floresta Imensa de “Floresta Amazônica”, mas bem que
podia ser o “Rio das ICAMIABAS” e a “Floresta Icamiábica”. Ia ser engraçado,
né?
O fato é que nem Rio, nem
Floresta são das minhas tias, não! Nada disso tem dono, eles são seres que nem
a gente: seres-planta, seres-onça, seres-bicho, seres-rocha, seres-água,
seres-vivos que nem a gente. Somos parte da floresta e a floresta é parte de
nós, por isso que todos temos que cuidar uns dos outros, para que nem Rio, nem
Floresta, nem Bichos se transformem em pedra-asfalto.”
Adquira “A Pequena Keruaka” no
site NADA Studio Criativo:
https://nada.art.br/produto/a-pequena-keruaka/
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