A
morte é, sem dúvida, um dos principais tabus sociais. Religião, propriedade,
escolhas individuais e até o mercado funerário atravessam o assunto que passa
pelo universo particular de cada pessoa e afeta a sociedade como um todo. Esse
é o ponto de partida de “Entre a vida e a morte, há vários documentos”
(192 pág.), primeiro romance do mineiro Michael Maia (@maicud),
lançado pelo selo de publicação Paraquedas.
A
obra será lançada no dia 7 de abril, na Livraria do Belas (Rua Gonçalves Dias,
1581, Lourdes), às 15h, em Belo Horizonte (MG).
“Entre
a vida e a morte, há vários documentos” vai
acompanhar a vida do casal Luzia e Tânia que, após serem diagnosticadas com um
câncer terminal, decidem interromper o tratamento e se candidatarem ao uso da
droga. Observamos então o impacto da decisão em seus pais e, principalmente, em
Antônio, o irmão mais velho de Luzia que trabalha justamente na empresa estatal
que recebe e regula as aplicações de quem opta por morrer com o narcótico .
“Entre a vida e a morte, há vários documentos” nasce em Michael de duas experiências marcantes: uma delas foi a extensa pesquisa do autor sobre sociedade, morte e suicídio na perspectiva de sociólogos; a outra, o processo de luto da perda de uma grande amiga após um acidente de carro. “Quando alguém da nossa idade e proximidade morre, perdemos um pouco de nós, ficamos desorientados principalmente pelo choque de que sim, somos todos finitos, nós podemos morrer também”, reflete. “Durante o processo de luto pela minha amiga eu fiquei um pouco perdido, abandonei a escrita e fui vivendo a vida no automático, e acho que é um sentimento mútuo entre várias pessoas que passam pelo luto.”
Nascido
Entre Rios de Minas, cidade localizada na Região do Alto Paraopeba, Michael
Maia se formou em Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mas se
viu insatisfeito com a área de Comunicação. Escritor de produção rápida, tenta
produzir um conto por semana para exercitar a caneta e afinar o lápis. Para o
romance “Entre a vida e a morte, há vários documentos”, o
autor teve duas inspirações claras: o romance “1984”, de George Orwell que
retrata uma sociedade totalitária em que o Big Brother tudo sabe e tudo vê, e
“As Intermitências da Morte”, romance de José Saramago em que, um dia, a morte
resolve parar de matar: “É incrível como o Saramago desenvolve uma
escrita, um ensaio, com apenas um ‘e se?’.”
Em sua próxima obra, Michael pretende trabalhar em um livro de terror-comédia com personagens LGBTs, brincar um pouco com temas da comunidade e puxar um pouco de nostalgia das músicas e vivências dos anos 2010-2015.
Leia um trecho de
“Entre a vida e a morte, há vários documentos”:
“Há cinquenta
anos o mundo se deparou com a questão mais rejeitada por grande parte da
sociedade ocidental: a morte. O grande tabu fora, aos poucos, rachado nos
círculos sociais. Ao longo dos meses ouvia-se falar de algum conhecido que
abusara do narcótico “da moda”, e assim foi até o assunto entrar na casa de
cada um. A passos lentos, mas contínuos, a morte foi chegando em todas as
famílias, tornando-se um tema frequente e assíduo em todas as conversas — e
ainda mais misterioso do que antes.”
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