Os anos
de experiência como executivo da indústria farmacêutica proporcionaram a Augusto Maia um
contato mais próximo com histórias de pessoas que recorreram às técnicas de
reprodução assistida, como a fertilização in vitro, para realizarem o sonho de ter um
filho. Ele se inspirou nestes relatos para publicar Amor In Vitro, um livro
ficcional que traz reflexões sociais, afetivas e filosóficas, sobre as
possibilidades que o avanço da ciência no campo da medicina pode viabilizar.
Dividida em sete contos, a obra é uma forma de pensar sobre
dilemas, conflitos e emoções relacionados à humanidade. Cada enredo apresenta
elementos capazes de levantar discussões sobre a realidade: há o casal lésbico
que enfrenta os preconceitos da família para seguir com o sonho de ter um
filho; a mulher que não pode recorrer à reprodução assistida por falta de
dinheiro; a médica que, mesmo depois de ajudar várias famílias a terem um bebê,
pondera sobre a possibilidade de engravidar, entre outras narrativas.
Acho que a mulher é sempre
tão cobrada por todos que, involuntariamente, passamos a cobrar demais de nós
mesmas. Não ter um homem ao lado ou não ter sido mãe é uma espécie de fracasso,
e é difícil saber qual dos dois pesa mais. Uma paciente me disse, uma vez, que
era obrigação da mulher cumprir a sua profecia, a maternidade. De um homem, não
se cobra nada disso, mas nós precisamos justificar por toda a vida. É um tipo
de assédio sutil, disfarçado e gradual, que vai se enraizando na gente. (Amor in vitro, pg. 63)
Com ilustrações produzidas por Alexandra Seraphim e poemas que
traduzem os sentimentos das personagens, o livro tem um objetivo principal:
apresentar uma visão afetiva e reflexiva sobre a reprodução assistida. Mas os
contos também são uma forma de todos os leitores se aprofundarem no assunto. Em
várias páginas, Augusto
Maia escreve notas informativas para contextualizar o
público, com dados sobre infertilidade, taxa de fecundidade, implicações
socioeconômicas e mais.
Na obra, o escritor também projeta algumas das histórias no
futuro para imaginar os progressos da medicina e as transformações da
sociedade. Ao trazer notícias reais acerca dos avanços científicos da
fertilização in vitro,
ele discute como a humanidade estará em algumas décadas a partir de uma
perspectiva ética. Entre os questionamentos, pondera: provavelmente em um
futuro próximo, a edição genética e o desenvolvimento de embriões em bolsa
artificial serão técnicas disponíveis, mas quais serão as consequências dessas
inovações?
“O tema da reprodução assistida provoca uma profunda análise
existencial e remete à própria perpetuação da nossa espécie. É um lugar onde
inevitavelmente encontramos a essência da nossa humanidade. Cada conto adiciona
uma camada de compreensão sobre a reprodução assistida e permite uma leitura
por diversas perspectivas de acordo com as questões que mais tocarem o leitor”,
afirma o autor.
Ficha técnica:
Título: Amor
In Vitro
Autor: Augusto
Maia
Editora:
Poligrafia
ISBN: 978-85-67962-25-2
Páginas:
104
Onde encontrar: Livraria da Travessa
Augusto Maia / Foto: Nicola Labate
Sobre o
autor:
Engenheiro
de produção e administrador de empresas, Augusto Maia trabalha há mais de 25
anos na indústria farmacêutica. Mestre em Ciências pelo Programa de
Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Departamento de Medicina Preventiva da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é pesquisador de Humanidades,
Narrativas e Humanização. Em 2022, publicou o livro “Responsabilidade
Humanística - uma proposta para a agenda ESG”, além de ter artigos em revistas
acadêmicas. Estreia na literatura de ficção com o livro de contos Amor in Vitro, inspirado
em histórias reais sobre reprodução assistida.
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