Se for para chorar, que seja de emoção - Tomo Literário

Se for para chorar, que seja de emoção

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“Se for pra chorar, que seja de emoção”, reúne 110 crônicas da obra de J.J. Camargo, cujo pano de fundo é a relação entre médico e paciente.


A medicina avançou nas últimas sete décadas mais do que em toda a história da humanidade. O paradoxo é que, apesar disso, os pacientes idosos falam com nostalgia dos médicos de antigamente. Em tempos de Inteligência Artificial, os médicos do futuro só se manterão inalcançáveis pelo robô quando tratarem não apenas das doenças, mas das pessoas que adoeceram. Esta tarefa delicada exige dos médicos um protagonismo que só conseguem oferecer aqueles que gostam de gente e descobriram o encanto de ajudar, e os que se expõem, diariamente, às vicissitudes do convívio humano no limite do sofrimento, da perda e da dor. E eles precisam oferecer alívio, repartir ansiedade e preservar esperança, vibrando com as conquistas merecidas e não se escondendo para chorar nas tristezas inevitáveis.


Na medicina de alta complexidade, a parceria é indispensável e não existem tarefas secundárias, porque o trabalho de equipe só se completa se todos se sentirem valorizados, como a funcionária da limpeza que voltou para assumir um plantão noturno porque lhe pareceu injusto que outra pessoa fizesse a faxina do bloco cirúrgico onde seria realizado o primeiro transplante de pulmão da América Latina. Ou como a mãe que aceita doar os órgãos do seu filho para que uma mãe desconhecida seja poupada de igual sofrimento.

 



Sobre o autor:


J.J. Camargo é médico formado pela UFRGS em 1970. Foi fellow de cirurgia torácica na Clínica Mayo, nos Estados Unidos. Realizou o primeiro transplante de pulmão na América Latina, em 1989, e o primeiro transplante de pulmão com doadores vivos fora dos Estados Unidos, em 1999. Foi idealizador e hoje dirige o Centro de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre, onde foram realizados metade de todos os transplantes de pulmão feitos até hoje no Brasil. É diretor de Cirurgia Torácica da mesma instituição e membro e vice-presidente da Academia Nacional de Medicina. É colunista do jornal Zero Hora e autor de seis livros na sua especialidade. Publicou, pela L&PM Editores, “A tristeza pode esperar” (2013), “Do que você precisa para ser feliz?” (2015), “O que cabe em um abraço” (2016), “Felicidade é o que conta” (2017), “Se você para, você cai” (2019) e “De novo e sempre, a esperança” (2022).


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