Em Por que os adultos choram?, Fábio Magalhães narra
a amizade entre um veterano de guerra e uma criança sonhadora que estão em
tratamento contra o câncer no mesmo hospital. A partir deste enredo principal,
ele aborda questões como a importância da esperança, os milagres proporcionados
pelo amor e a necessidade de as pessoas se reconectarem com os próprios
sentimentos – mesmo aqueles guardados há anos.
O autor, que publica o terceiro livro, comenta em entrevista
sobre as inspirações para a obra, o processo de pesquisa e os aprendizados
inseridos na história. Leia:
Como
surgiu a inspiração para o livro “Por Que Os Adultos Choram?”
Fábio
Magalhães: Dentro da história, temos dois cenários: os campos de combate
da Segunda Guerra Mundial e um hospital oncológico. A inspiração do primeiro
cenário veio de filmes, seriados, livros e documentários. Já a inspiração do
segundo cenário, que acredito que seja a mais delicada, veio de depoimentos de
pessoas que lidaram com o câncer. Inclusive eu começo o livro fazendo uma breve
dedicatória para aqueles que enfrentam ou enfrentaram o câncer, em especial, ao
meu primo Maycon Henrique, que nos deixou em 2019, vítima de leucemia. Para
criar o cenário, tive o auxílio de algumas enfermeiras que trabalharam na área.
Tudo para chegar o mais próximo possível da realidade.
Obra conta sobre a amizade de um veterano de guerra com uma
criança que sonha em ser um soldado – ambos se conhecem quando estão internados
para um tratamento contra o câncer. O que os leitores podem aprender com a
relação entre esses dois personagens tão opostos?
Fábio Magalhães: Acredito que eles podem aprender
que o amor move montanhas. O que se pode esperar de um senhor ateu e de uma
criança cheia de fé? Com certeza muitos milagres, principalmente o milagre do
amor e da amizade. O que eu acho mais bonito na história é a amizade e o
respeito entre os dois. Apesar de terem crenças diferentes, Johnson não fica
propagando seu ateísmo, nem Eric fica tentando converter Johnson. Em vários
momentos da história, o leitor vai encontrar Eric pedindo em oração pela saúde
do seu amigo. Apesar de ser uma história triste, o leitor termina a leitura com
muito aprendizado e talvez com o coração mais quentinho.
O livro
também percorre os conflitos de uma enfermeira e da mãe do protagonista. Qual o
papel que essas duas personagens têm na obra?
Fábio Magalhães: As duas aparecem como
personagens secundárias, mas deixam grandes ensinamentos. A mãe de Eric, que
até então era apenas dona de casa, volta a trabalhar para ajudar a pagar
tratamento do seu único filho, já que seu marido alegou ter esquecido de pagar
o plano de saúde da família, quando na verdade ele deixou de pagar para suprir
os caprichos da sua amante. Mesmo após descobrir a traição, ela busca forças
para seguir em frente e superar a separação, que a todo tempo é escondida de
Eric, para não agravar a sua doença.
Já a enfermeira Rose Collins, que ganha destaque no segundo
livro da história, que ainda será publicado, tem um olhar fraternal de amor ao
próximo. Mesmo sendo ensinada a não se envolver emocionalmente com os
pacientes, ela aparece diversas vezes na história quebrando os protocolos e
mostrando compaixão pelos pacientes que ela ajuda a cuidar.
O enredo atravessa vários momentos da Segunda Guerra Mundial.
Como foi o processo de reconstrução desses fatos históricos? Fala um pouco
sobre sua pesquisa.
Fábio Magalhães: O processo envolveu muita
pesquisa. Busquei inspirações em filmes, séries, documentários, entre outros.
Entre eles, estão clássicos do cinema internacional, como “Pearl Habor”,
“O resgate do soldado Ryan”, e talvez a mais importante, a série produzida pela
HBO, “Band of Brothers”, que no Brasil ficou conhecida por “Irmãos de Guerra”.
Foram esses elementos que me ajudaram na construção dos cenários e na
construção também da companhia fictícia TFE, cujas siglas significam: “The Four
Elements” (Os Quatros Elementos). Na trama, a companhia se trata de um projeto
secreto dos EUA, onde a intenção era treinar os soldados para as situações de
água (mergulho), terra (estratégia de ataque), fogo (combate) e ar (salto
aéreo).
Por que os adultos choram? O que o levou a pensar neste título?
Fábio Magalhães: Sempre que alguém me faz essa
pergunta, na expectativa de que eu entregue a resposta de mão beijada, sem que
ela tenha que ler o livro, eu brinco: “Os Adultos Choram, porque leram o livro
do Fábio Magalhães”. Eu costumo dizer que escrever é uma arte que não se pode
explicar aos normais, porque é uma coisa louca. Às vezes, você está tomando
banho, trabalhando ou se alimentando, e, de repente, surge aquela ideia. Elas,
as ideias, não escolhem hora, nem momento. Foi assim que surgiu o título. Em um
dia qualquer, fui abençoado com ele. Logo depois, as ideias para a história
foram chegando e se formando.
Sobre o autor:
Nascido
em Umuarama e morador de Maria Helena, no interior do Paraná, Fábio Magalhães
publicou o primeiro livro aos 24 anos, o conjunto de poemas “Relato de um
anjo”. A segunda publicação do autor foi “Eduardo: O Poeta Sem Memória”, sobre
a história de um homem que esquece do dia inteiro depois de dormir. O
lançamento desta obra aconteceu na banca dos pais em feira livre, como forma de
homenagear o trabalho que sustenta a família há anos. Seu projeto mais recente
é “Por que os adultos choram”, lançado pela editora Ases da Literatura.
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