Renato Klisman, da
RK Editorial, foi o responsável pelo projeto gráfico do livro “Bom dia, você
vai morrer!”, do escritor Flávio Karras. O livro foi ganhador do Prêmio Aberst
na categoria Projeto Gráfico. Confira a entrevista que Renato concedeu exclusivamente
para o Tomo Literário Clube de Leitores, e que agora compartilho com os
leitores do site. Na entrevista, Renato conta sobre o processo de criação dos
projetos, como foi ver o livro premiado, fala sobre seus autores preferidos, o
que tem lido no momento e destaca alguns de seus trabalhos.
Tomo Literário:
Como você começou a atuar com projetos gráficos de livros?
Renato Klisman: Comecei
quando tinha mais ou menos uns 16/17 anos. Tive um blog quando era adolescente
e fazia resenhas de livros, daí com o tempo fui tendo cada vez mais contato com
autores independentes e editoras e fui fazendo capas por hobbie, até que fui me
profissionalizando e me especializando cada vez mais na área. Minha base para
começar no universo da edição de textos e imagens foi um curso de Web Design,
onde só aproveitei a parte de "design" e a "web" foi de
americanas. Depois disso cursei Design Gráfico, Editoração Eletrônica e Jogos
Digitais (essa última eu larguei de mão na época da pandemia e nunca mais
voltei).
Tomo Literário:
Conte-nos sobre sua atuação na RK Design Editorial e como os interessados podem
obter informações sobre seu trabalho.
Renato Klisman: Na
RK Editorial eu trabalho com diagramação e capas de livros (tanto para impresso
quanto ebooks e projetos especiais), os interessados podem enviar mensagem no
meu instagram @rkeditorial/@renatoklisman ou mandar um email para renatoklisman@gmail.com (No email é mais certo que eu responda, no insta sempre me perco
com as mensagens). Podem conferir uma parte do meu trabalho nas postagens do
insta também, atualmente não invisto mais tanto em divulgar o meu trabalho
porque estou trabalhando em período integral para uma editora e, com isso, meu
tempo para desenvolver projetos freelance ficou bem escasso.
Tomo Literário:
Bom dia, você vai morrer!, livro do escritor Flávio Karras venceu o Prêmio
Aberst na categoria Projeto Gráfico, que esteve sob sua responsabilidade. Como
foi ver o livro premiado nessa categoria?
Renato Klisman: Fiquei
muito feliz ao ver um trabalho ser reconhecido e admirado pelas pessoas. Sempre
serei grato ao Flávio por acreditar no meu potencial e ser uma pessoa incrível
que sempre busca incentivar as pessoas com quem trabalha. Começamos com o
Indigesto vários anos atrás e desde então sempre tivemos ótimas parcerias e,
pra mim, todas são dignas de prêmio.
Tomo Literário: No projeto gráfico do livro você recebeu algum briefing
pedindo algo específico ou foi todo elaborado por você? Como foi o contato do
autor para montar o projeto?
Renato Klisman: Se
me lembro bem o autor queria algumas coisas bem específicas no miolo
relacionadas ao Verne, após pesquisarmos um pouco em bancos de imagens
decidimos que o melhor era encomendar algum tipo de ilustração mais
personalizada para o livro, daí que nasceram as artes para as notas do Verne e,
consequentemente, o projeto gráfico do miolo.
Tomo Literário:
Qual a etapa mais complexa quando você recebe a encomenda de um projeto? Por
que essa etapa é mais difícil?
Renato Klisman: A
etapa mais complexa com certeza é alinhar as ideias com o cliente, a execução
do projeto em si, por mais desafiadora, nunca supera o trabalho de entender a
mente e as ideias que a pessoa costuma trazer. Além disso, cada pessoa
transmite suas ideias de uma forma, então as vezes é uma verdadeira
"briga", onde preciso fazer as perguntas certas para o cliente me
passar as respostas certas. Pois nada prejudica mais um projeto criativo do que
não ter uma noção clara do que deve ser produzido.
Tomo Literário: Que recomendações você daria para quem tem interesse em
atuar montando projetos gráficos para o mercado editorial?
Renato Klisman: Primeiramente:
estude muuuito. Segundamente: quando achar que já estudou o bastante, estude
MAIS. Terceiramente: junte tudo que aprendeu e coloque em prática. Treine
MUITO.
Um dos maiores problemas do mercado atual são pessoas que se denominam
capistas/diagramadores/ilustradores e não tem noções básicas sobre cor, tamanho
e resolução de imagens, daí muitas vezes fazem coisas "bonitas" mas
que na hora de colocar em prática não são funcionais.
Então sempre comece pelo básico, por mais teórico e chato que seja, é o
que vai criar os alicerces para que você consiga fazer um trabalho bem acabado
no futuro. Também acho muito importante manter contato com outros profissionais
(bons) da área. Além de sempre tentar ficar por dentro das tendências do
mercado.
Tomo Literário:
Você está lendo algum livro atualmente? Que livros e autores você recomenda?
Renato Klisman: Atualmente
estou lendo a série Deltora Quest, pois sempre foi um "sonho de
infância" e esses dias encontrei a coleção em um Sebo. Mas não sei se
recomendo (risos), talvez pra quem tiver filhos, já que a narrativa é bem
simples, mas está servindo pra me tirar da ressaca literária. Meus autores favoritos
são Stephen King (A torre negra), Lemony Snicket (Desventuras em série) e
Phillip Pulmann (Fronteiras do Universo). Acho humanamente impossível alguém
criar séries tão boas quanto essas três.
Tomo Literário: Além do trabalho como designer, quais são as outras
atividades que o Renato Klisman gosta de fazer no cotidiano?
Renato Klisman: Gosto
de séries, filmes, jogos e vídeos de youtubers destilando ódio em
séries/filmes/livros famosos. Tenho um fraco gigantesco por qualquer tipo de
mídia que envolva terror e tripas voando.
Tomo Literário: Você atua para mídia impressa e digital. Tem percebido
aumento de editores e escritores procurando projetos para versões digitais? Ou
o mercado continua sendo fortalecido pelo livro físico? Qual sua percepção?
Renato Klisman: Pra
mim a mídia digital veio para atrair MAIS publico e somar aos que já consumiam
livros impressos, é só ver como as vendas de livros vem crescendo nos últimos
anos e como o mercado de e-books no brasil é gigantesco.
Então existe um aumento na busca por profissionais que não apenas façam o
livro impresso, como também consigam gerar juntamente com ele o digital. Já que
é algo que compensa muito mais do que contratar duas pessoas diferentes para
digital/impresso.
Pra mim, a mídia digital se tornou algo essencial pra quem gosta de ler e
ter uma rotina muito puxada, pois com um e-reader você consegue ler em
praticamente qualquer lugar e a qualquer hora, sem se preocupar com peso,
iluminação do ambiente e as pessoas te julgando pela capa do que vc está lendo
(risos).
Tomo Literário:
Há algum outro projeto que você tenha feito e queira destacar?
Renato Klisman: Gosto
muito das capas que fiz para os livros do George Orwell.
Também tenho um carinho muito especial até hoje pelo projeto do INDIGESTO
(também do Flávio), é uma das capas que vou guardar no coração para o resto da
vida (risos). e o projeto gráfico me dá muito orgulho, principalmente onde
precisei fazer coisas não usuais com os textos.
Tomo Literário:
Quer deixar algum recado para os leitores do clube e do blog?
Renato Klisman: Espero
que as respostas tenham sido satisfatórias e que ninguém tenha morrido de
tédio. E, se tem alguém pensando em entrar pro mercado editorial, pare já e vá,
sei lá, vender arte na praia, prometo que vai ser muito mais recompensador do
que ter que lidar o dia todo com editoras pedindo prazos bizarros e pagando
pouco, gente caloteira, autor que te aporrinha até seu cérebro virar manteiga e
por aí vai.
Mas... se alguém aí for que nem eu e tem zero amor próprio, pode vir com
tudo pra esse mercado de doido (risos).
Quem tiver algum tipo de dúvida pode ficar à vontade e entrar em contato,
não prometo responder na mesma hora, mas sempre respondo.
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