Quando Francine
Cruz perdeu o avô, uma de suas principais inspirações para
seguir a carreira literária, ela decidiu escrever Vovô foi embora, mas deixou muita
história. O objetivo foi eternizar suas memórias e também
registrá-las para conversar com a filha sobre o bisavô, que já se foi.
Professora, mestre em Educação, doutoranda em Educação e escritora, ela defende
que os livros são uma forma de falar com o público infantil sobre sentimentos
difíceis, como a dor e o luto.
“O luto é uma experiência pela qual
todos nós passamos em algum momento da vida. Apesar disso, esse tema ainda é
pouco discutido com as crianças, sendo muitas vezes considerado um tabu”, opina
a autora. Por isso, seu lançamento literário mostra como a saudade pode se
tornar lembranças carinhosas. Leia entrevista completa abaixo:
O livro “Vovô foi
embora, mas deixou muita história” traz a visão de uma criança sobre a perda de
um avô. Por que você decidiu falar do luto através de uma história carinhosa e
singela?
Francine Cruz: O luto é uma experiência pela qual todos nós passamos
em algum momento da vida. Apesar disso, esse tema ainda é pouco discutido com
as crianças, sendo muitas vezes considerado um tabu. Por isso, nesta obra,
busquei ressignificar o luto, tornando a saudade uma lembrança carinhosa de
alguém que partiu, mas que deixou histórias gravadas no coração.
Na obra, você também diz que o avô era um grande
contador de histórias. Na sua opinião como mestre em educação, como a contação
de histórias pode ser um vínculo de afeto com crianças e incentivo à leitura?
Francine Cruz: Primeiramente, contar uma história é estar presente e
dedicar tempo ao outro, e isso já propicia um vínculo de afeto e carinho. Com a
contação de histórias, o incentivo à leitura começa mesmo antes de a criança
aprender a ler, pois ela é apresentada ao universo literário, desenvolve sua
imaginação e tem contato com diferentes experiências e sentimentos, aprendendo
a lidar com isso.
O livro ainda traz
elementos do folclore brasileiro, como a Mula Sem Cabeça e o Saci. Por que você
colocou esses aspectos da cultura brasileira na história?
Francine Cruz: As histórias tradicionais brasileiras têm essa
ligação com o folclore, especialmente as que vêm da oralidade, como é o caso
desse avô que contava histórias à criança. Trazer essas personagens no livro é
uma forma de valorizar as tradições brasileiras e reverenciar as gerações mais
antigas que permitiram que essas histórias chegassem até nós.
A obra é uma homenagem ao seu próprio avô. Como o
livro infantil e sua história pessoal estão conectadas? Qual a influência do
seu avô na sua trajetória?
Francine Cruz: Este livro foi feito como uma homenagem ao meu avô,
falecido em 2017, quando minha filha tinha apenas 5 meses. Meu avô era um
grande contador de histórias, e certamente isso influenciou para que hoje eu
também seja uma contadora de histórias e possa repassar para a minha filha o
seu legado.
Para você, qual a importância do contato com a
contação de histórias e a literatura desde a infância?
Francine Cruz: A contação de histórias é importantíssima para o
desenvolvimento da criança, pois ela permite o acesso à literatura para aqueles
que ainda não sabem ou por qualquer motivo não podem ler. Por meio de histórias
ficcionais, ampliam-se as experiências e a capacidade de imaginação e
comunicação, fazendo com que uma atividade de lazer seja também um momento de
aprendizado.
Sobre a autora:
Professora e escritora, Francine Cruz é doutoranda em
Educação, mestre em Educação e licenciada em Educação Física e Letras –
Português e Inglês. Como autora, recebeu o Prêmio Agente Jovem de Cultura, do
Ministério da Cultura, foi selecionada em concursos e editais com seus contos e
publicou o livro “Amor, Maybe”. Integrante de coletivos literários femininos,
como As Contistas, Mulherio das Letras, Ruído Rosa, Marianas e Vozes Escarlate,
ela agora divulga sua produção mais recente, o título infantil “Vovô foi embora,
mas deixou muita história!”.
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