Tomo Literário Clube de Leitores: os livros e as datas das reuniões de 2023 - Tomo Literário

Tomo Literário Clube de Leitores: os livros e as datas das reuniões de 2023

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O Tomo Literário Clube de Leitores foi criado para ler e debater livros nacionais ou que tenham sido originalmente publicados em língua portuguesa.
 
Temos o nosso cronograma de 2023 já divulgado. Isso permite que você, leitor, possa adquirir o livro e ler com tempo antes da reunião online, que é realizada via Google Meet. Confira abaixo o cronograma que divulgamos para os membros do clube e também as sinopses dos livros.
 
Ah! Se você quiser fazer parte do clube é muito fácil. Basta enviar seu nome e número de WhatsApp para clubedeleitorestomoliterario@gmail.com. Você será adicionado(a) no grupo em que receberá informações sobre o livro do mês, sobre o autor/a autora e sobre temas que sejam tratados nos livros.  
 
As reuniões online, cuja data está mencionada no cronograma abaixo, são sempre às 20 horas.
 


29/05/2023 – Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Marçal Aquino
 
No momento em que começa a narrar os fatos de Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, o fotógrafo Cauby está convalescendo de um trauma numa pensão barata, numa cidade do Pará prestes a ser palco de uma nova corrida do ouro. Sua voz é impregnada da experiência de quem aprendeu todas as regras de sobrevivência no submundo - mas não é do ambiente hostil ao seu redor que ele está falando. O motivo de sua descida ao inferno é Lavínia, a misteriosa e sedutora mulher de Ernani, um pastor evangélico. A trajetória do fotógrafo, dado a premonições e a um humor desencantado, vai sendo explicada por meio de pistas: a história de Chang, fotógrafo morto num escândalo de pedofilia; o mistério de Viktor Laurence, jornalista local que prepara uma vingança silenciosa; a vida de Ernani, que tirou Lavínia das ruas e das drogas no passado. Mesmo diante de todos os riscos, Cauby decide cumprir seu destino com o fatalismo dos personagens trágicos. "Nunca acreditei no diabo", diz ele. "Apenas em pessoas seduzidas pelo mal."
 


28/06/2023 – Tudo é rio, de Carla Madeira
 
Com uma narrativa madura, precisa e ao mesmo tempo delicada e poética, o romance narra a história do casal Dalva e Venâncio, que tem a vida transformada após uma perda trágica, resultado do ciúme doentio do marido, e de Lucy, a prostituta mais depravada e cobiçada da cidade, que entra no caminho deles, formando um triângulo amoroso.
 
Na orelha do livro, Martha Medeiros escreve: “Tudo é rio é uma obra-prima, e não há exagero no que afirmo. É daqueles livros que, ao ser terminado, dá vontade de começar de novo, no mesmo instante, desta vez para se demorar em cada linha, saborear cada frase, deixar-se abraçar pela poesia da prosa. Na primeira leitura, essa entrega mais lenta é quase impossível, pois a correnteza dos acontecimentos nos leva até a última página sem nos dar chance para respirar. É preciso manter-se à tona ou a gente se afoga.”
 
A metáfora do rio se revela por meio da narrativa que flui – ora intensa, ora mais branda – de forma ininterrupta, mas também por meio do suor, da saliva, do sangue, das lágrimas, do sêmen, e Carla faz isso sem ser apelativa, sem sentimentalismo barato, com a habilidade que só os melhores escritores possuem.
 


21/07/2023 – Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo
 
A história de Ponciá Vicêncio descreve os caminhos, as andanças, as marcas, os sonhos e os desencantos da protagonista. A autora traça a trajetória da personagem da infância à idade adulta, analisando seus afetos e desafetos e seu envolvimento com a família e os amigos. Discute a questão da identidade de Ponciá, centrada na herança identitária do avô e estabelece um diálogo entre o passado e o presente, entre a lembrança e a vivência, entre o real e o imaginado.



 
31/07/2023 – EXTRA – O caderno rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst
 
Polêmico, subversivo e implacável da primeira à última página, este livro deu início à fase obscena da autora de Júbilo, memória, noviciado da paixão.
 
Aos sessenta anos de idade, quatro décadas depois de estrear como poeta e inconformada com a tímida recepção de sua obra, Hilda Hilst tomou uma atitude radical. Em 1990, com O caderno rosa de Lori Lamby, resolveu se despedir da “literatura séria” e se dedicar a escrever “adoráveis bandalheiras”.

A narradora, Lori, é uma menina de oito anos que decide se prostituir, com o consentimento dos pais, e registrar tudo ― tudo mesmo ― em seu diário. Com humor ácido e autoconsciência brutal, ela relata os desenlaces da sedução e o prazer que o dinheiro lhe traz. Não à toa, a premissa escandalosa rendeu as mais diversas e enfáticas interpretações dos críticos e continua despertando a ávida curiosidade dos leitores.
 
No posfácio a esta edição, a psicanalista Vera Iaconelli destaca como Hilda Hilst, ao questionar nossas certezas e ultrapassar o limite da razão, escreveu uma obra que impressiona pela ousadia e atualidade.
 

30/08/2023 – Os supridores, de José Falero
 
Com este seu primeiro romance, José Falero já se apresenta como um dos nomes mais relevantes da nova literatura brasileira. Ao criar um narrador culto e perspicaz ― que contrasta com o dialeto a um só tempo urbano e filosófico da periferia ―, o autor mostra seu talento incomum, fazendo uma verdadeira arqueologia da pobreza. Falero nos leva direto ao supermercado Fênix, na região central de Porto Alegre. É ali que trabalham Pedro e Marques, dupla que aos poucos veste a carapuça de um Dom Quixote e de um Sancho Pança amotinados. Moradores de "vila" (a favela no Sul), eles invertem o jogo mesmo que as consequências sejam graves. "Preciso dar um jeito de experimentar as coisa que faz a existência valer a pena, e não vai ser trabalhando que eu vou conseguir isso." Os dois conhecem pessoas que traficam na periferia onde moram, por isso insistem em se manter na legalidade. Mas, diante de uma "seca" de maconha devido ao desinteresse dos traficantes em comercializá-la, e já cansados da exploração do trabalho, os dois amigos decidem entrar para o tráfico. É a única opção para melhorar de vida. E também uma recusa à desumanização do trabalho assalariado. Uma recusa a todo o processo de exploração.


 
27/09/2023 – A cabeça do santo, de Socorro Acioli
 
Pouco antes de morrer, a mãe de Samuel lhe faz um último pedido: que ele vá encontrar a avó e o pai que nunca conheceu. Mesmo contrariado, o rapaz cumpre a promessa e faz a pé o caminho de Juazeiro do Norte até a pequena cidade de Candeia, sofrendo todas as agruras do sol impiedoso do sertão do Ceará. Ao chegar àquela cidade quase fantasma, ele encontra abrigo num lugar curioso: a cabeça oca e gigantesca de uma estátua inacabada de santo Antônio, que jazia separada do resto do corpo. Mas as estranhezas não param aí: Samuel começa a escutar uma confusão de vozes femininas apenas quando está dentro da cabeça. Assustado, se dá conta de que aquilo são as preces que as mulheres fazem ao santo falando de amor. Seu primeiro contato na cidade será com Francisco, um rapaz de quem logo fica amigo e que resolve ajudá-lo a explorar comercialmente o seu dom da escuta, promovendo casamentos e outras artimanhas amorosas. Antes parada no tempo, a cidade aos poucos volta à vida, à medida que vai sendo tomada por fiéis de todos os cantos, atraídos pelo poder inaudito de Samuel. Em meio a esse tumulto, ele ainda irá se apaixonar por uma voz misteriosa que se destaca entre as tantas outras que ecoam na cabeça do santo. Já consagrada por seus livros infantojuvenis, a escritora Socorro Acioli apresenta este seu primeiro romance dirigido ao público adulto, desenvolvido na oficina Como Contar um Conto, promovida por Gabriel García Márquez em Cuba. 


 
23/10/2023 – A pediatra, de Andréa Del Fuego
 
Com humor mordaz, o novo romance de Andréa del Fuego apresenta a história de uma personagem muito peculiar: Cecília, uma pediatra nada afeita a crianças.
 
Cecília é o oposto do que se imagina de uma pediatra ― uma mulher sem espírito maternal, pouco apreço por crianças e zero paciência para os pais e mães que as acompanham. Porém a medicina era um caminho natural para ela, que seguiu os passos do pai. Apesar de sua frieza com os pacientes, ela tem um consultório bem-sucedido, mas aos poucos se vê perdendo lugar para um pediatra humanista, que trabalha com doulas, parteiras e acompanha até partos domiciliares. Mesmo a obstetra cesarista com quem Cecília sempre colaborou agora parece preferi-lo.

Ela fará, então, um mergulho investigativo na vida das mulheres que seguem o caminho do parto natural e da medicina alternativa, práticas que despreza profundamente. Em paralelo, vive uma relação com um homem casado, de cujo filho ela acompanhou o nascimento como neonatologista. E é esse menino que irá despertar sentimentos nunca antes experimentados pela pediatra.
 


30/10/2023 – EXTRA -  Dias febris, de Francis Graciotto
 
A Febre Vermelha surgiu na região de Santos e se espalhou pelo Brasil, uma doença que deixa seus infectados com olhos vermelhos e uma insaciável fome por carne humana. A sociedade rui em questão de dias. Policiais, médicos, bombeiros e até os responsáveis por gerenciar as redes de energia elétrica e comunicações estão ocupados tentando sobreviver e não resta nenhuma autoridade para proteger a população da doença e dos infectados. Em todas as regiões do país, cada um está por conta própria. Estes são os Dias Febris. Em uma coletânea de oito histórias em diversas cidades brasileiras, Dias Febris conta pontos de vista diferentes dos dias que seguem à Febre Vermelha. São histórias individuais, podendo ser lidas antes ou depois do primeiro livro.
 


29/11/2023 – Brava Serena, de Eduardo Krause
 
Roberto Bevilacqua é um viúvo solitário que, obrigado a se aposentar, decide deixar o Brasil e se mudar para a Itália. Assim, planeja viver seus últimos anos em Roma, acompanhado apenas de remédios e remorsos. Ele só não conta com uma inusitada amizade que, entre um vinho e outro, o levará a uma jornada tão insólita quanto libertadora.
 


20/12/2023 – O quinze, de Rachel de Queiroz
 
Lançado originalmente em 1930, em edição financiada pela própria autora, O Quinze é o romance de estreia da aclamada escritora cearense Rachel de Queiroz. Gerou grande impacto na época não apenas por sua força narrativa, mas também pelo fato de ter sido escrito por uma mulher de apenas 20 anos de idade.
Ao narrar as histórias de Conceição, Vicente e a saga do vaqueiro Chico Bento e sua família, Rachel de Queiroz, imortal da Academia Brasileira de Letras,  expõe de maneira única e original o drama causado pela histórica seca de 1915, que assolou o Nordeste brasileiro.
 
O Quinze expressa uma questão atual: o duelo entre o homem e a terra. A história da seca nordestina, as expectativas e as angústias que ela provocou são aqui retratadas com simplicidade e força.
 
Para o escritor Antônio Torres, ""Numa prosa simples, viva, comovente, Rachel de Queiroz tece o seu relato em duas linhas de forçaa história de um amor irrealizado da mocinha que lê romances franceses e sonha com o moço rude entregue à faina solitária de salvar o seu gado; e a dramática marcha a pé de um retirante e sua família, sonhando chegar ao Amazonas.””
 
Este livro é um clássico da literatura brasileira. Foi ele que projetou Rachel de Queiroz na vida literária do país, firmando-a como escritora regionalista, preocupada com as questões sociais. Imperdível.

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