Panther is the new black: Representação e Cultura na Comunicação do Filme Pantera Negra – Rodrigo Sérgio Ferreira de Paiva - Tomo Literário

Panther is the new black: Representação e Cultura na Comunicação do Filme Pantera Negra – Rodrigo Sérgio Ferreira de Paiva

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Panther is the new black: Representação e Cultura na Comunicação do Filme Pantera Negra, é de autoria de Rodrigo Sérgio Ferreira de Paiva e foi publicado pela Simplíssimo em 2019. Trata-se de um livro se originou a partir do trabalho de conclusão de curso do autor, apresentado para a formação em Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Pernambuco. A tese faz uma análise sobre a representação existente no filme Pantera Negra e na publicidade veiculada.

“Tradição e desábito. Guerra e união. Representatividade e negligência. Todos estes são conceitos antiéticos que permitem uma dura e necessária discussão da real realidade social. Em Pantera Negra (2018), o diretor negro Ryan Coogler os aborda com um discurso crítico, ao mesmo tempo que desenvolve um produto cultural pertinente em tempos nos quais considerável parte da humanidade insiste em se manter polarizada e aderente a discursos de ódio.”

A análise da tese apresentada perpassa a formação do mito dos super-heróis, a representatividade racial, as questões inerentes ao cinema que carregam ainda alguns estereótipos que não incluem o negro e/ou quando incluem reforçam papéis que tem um viés de preconceito, deixando-os num plano secundário, meros coadjuvantes num cenário cinematográfico protagonizado por elencos brancos.

Essa etapa da obra, funciona como introdução à pesquisa, ressalta conceitos, aponta algumas questões que estarão ligadas à problemática e nos mune de informações que dizem respeito ao universo da cultura pop, mitologia dos heróis, publicidade e outros aspectos relevantes para que a discussão sobre o objeto da análise seja embasada.

É mister dizer que em todos esses âmbitos que são abordados verificamos que há algum ponto sobre a questão racial a ser tratada. Veja-se o exemplo de mídias atribuídas aos filmes que em sua vinculação reforçam também a presença predominante de brancos, quando não envolvem questões de retirada de personagens negros dos materiais promocionais. Isso só para citar um exemplo do que o leitor encontrará na presente pesquisa que, conforme a parte introdutória destaca "conduz a diligência de compreender seu conteúdo em análise, amparada por um dossiê correspondente ao impacto social e comercial suscitado por Pantera Negra (2018) e seu diogismo".

A parte inicial nos dá toda a visão sobre o cenário que será adentrado no ponto fundamental da análise, que é a do filme Pantera Negra - lançado em 2018. Um filme de Ryan Coogler com Chadwick Boseman, Lupita Nyong'o, Michael B. Jordan, Danai Gurira.

A sinopse do filme revela que, após a morte do rei T'Chaka (John Kani), o príncipe T'Challa (representado por Chadwick Boseman) retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação. Nessa cerimônia são reunidas as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual governante. T'Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Letitia Wright), que coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong'o), a grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha. Juntos, eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um punhado de vibranium, alguns anos atrás.

O livro demonstra que a representatividade étnica se mostra cada vez mais relevante para o meio publicitário e mercadológico. Há existência de desejo de pertencimento e aceitação para o ser humano, o que reforça a sua aspiração pela identificação com a cultura e com as etnias, daí decorre de que o filme mostra condições simbólicas e culturais, assim como de relações que tenham significado para a cultura e identidades (formas como os indivíduos se relacionam com os valores) afrodescendentes.

Convergência cultural, engajamento em redes sociais, fãs e prosumers são analisados pelo autor. Ferramentas e indivíduos que tem a condição de mostrar como o sistema de avaliação de uma obra e seus impactos reverberam na sociedade também são apresentadas na análise.

Segue-se com a apresentação de conceitos de consumo, identidade e cultura, vez que a análise sobre a obra cinematográfica requer tais visões para a compreensão do pesquisador e, notadamente, para quem lê o projeto que a tornou livro.


Vale mencionar que também são apresentadas as participações de personagens negros nas histórias em quadrinhos e a transição das HQ's para adaptações cinematográficas, o que nos dá uma consistente visão sobre a relevância de Pantera Negra (personagem e produto de cinema). O livro apresenta um panorama sobre os personagens negros dos quadrinhos que envolvem tanto personagens brasileiros quanto estrangeiros e, naturalmente, o surgimento do próprio Pantera Negra que  apareceu como coadjuvante e foi conquistando seu espaço de protagonismo. Foi em 1968, na edição Avengers 52 – que Pantera Negra se tornou um membro definitivo dos Vingadores. O personagem surgiu em 1966 na Revista Fantastic Four.

“Dentre outras mídias audiovisuais, atualmente, a presença negra nas produção envolvidas com super-heróis enfim transcende uma posição secundária para, de fato, assumir um lugar de proeminência. Tão relevantes quanto os produtos cinematográficos e sua base nos quadrinhos, estas também requerem atenção”, afirma o autor em determinado trecho do livro.

Em síntese poderíamos dizer que o texto é uma pesquisa exploratória de como se deu a representatividade negra em histórias em quadrinhos e no cinema, bem como o papel relevante da mitologia dos super-heróis na valorização de grupos.

Hollywood que tem constantes polêmicas raciais que envolvem seus artistas mais renomados decerto que tem passado por uma reestruturação, ou melhor dizendo, apresentado mudanças que não se podem negar que advém da força de lutas pela representatividade étnica feita por artistas e pela sociedade como um todo.

A publicidade de Pantera Negra consegue representar o grupo étnico e, por outro lado, provoca a manifestação de racismo daqueles que não conseguem lidar com o fato de que uma produção com elenco  negro ganhe destaque em vários cantos do mundo. Essa questão é também tratada no livro. Temos expostas, então, duas faces da mesma moeda. De um lado a valorização das questões culturais e raciais e de outro a manifestação de pessoas preconceituosas e racistas que tentam diminuir o espaço ocupado por pessoas de etnias diferentes.

A obra, trabalho de conclusão de curso do autor, mostra esse panorama de como o filme reverbera na sociedade, os sentimentos e ações que provoca e apresenta o significado e o valor agregado ao produto cinematográfico, tanto do ponto de vista do viés publicitário que se firma como um sucesso, quanto da questão precípua de colocar em evidência atores negros.

Quem ainda não assistiu ao filme Pantera Negra pode ler a obra normalmente, posto que não entrega detalhes (spoilers) do filme. Seu papel como objeto de estudo está pautado na comercialização (envolvendo público-alvo e canais de divulgação) e a representatividade que transcende as telas do cinema e chega ao público que se vê (ou vê elementos de sua cultura) retratados, o que derruba padrões que há muito vem sendo utilizado na indústria de entretenimento.

Uma observação aguçada e que traz um bom conteúdo para amantes de cinema, para quem se identifica com personagens heróis e também para quem atua com publicidade ou outros meios de divulgação de produtos. Há na obra uma série de questões que são tratadas e que tornam o trabalho bastante interessante sob todos os aspectos que mencionamos.

Leitura recomendada. Wakanda Forever!

Rodrigo Sérgio Ferreira de Paiva | Foto: Reprodução

Ficha Técnica:

Título: Panther is the new black
Autor: Rodrigo Sérgio Ferreira de Paiva
Editora: Simplíssimo
Ano: 2019
Edição: 1ª
ISBN: 9788582457078
Número de Páginas: 165
Assunto: Representatividade negra

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