A Filha Esquecida, livro do escritor Armando
Lucas Correa, foi publicado pela Editora Jangada – Grupo Editorial Pensamento –
em 2019 (1ª edição; 381 páginas) e conta com tradução de Denise de Carvalho
Rocha.
Nos idos de 1939 os nazistas ocupam a cidade
de Berlim, na Alemanha, e o casal Amanda Sternberg e Julius veem o sonho que
acalentavam para os filhos ser destruído. A livraria da família é incendiada e
Julius é enviado a um lugar temido, um campo de concentração. A queima dos
livros, além de representar a tentativa de anular pensamentos e coibir com que ideias se disseminassem acaba criando outro problema, uma vez que a destruição da livraria
traz o fim do sustento da família.
“Havia
vestígios de sangue por toda parte, mas havia sinais óbvios de luta. O marido
tinha lutado por sua vida, para escapar, para não se deixar ser derrotado (...)
Continuou por um tempo olhando para a porta, com a sombria ilusão de um
milagre, mas ela não acreditava em milagre.”
Sem a presença do marido, Amanda foge carregando
as duas filhas do casal e no sul da França encontra alguém que aceita
acolhê-las. No meio do caminho ela acaba tendo que fazer uma difícil escolha ao
se deparar com um navio que tem como destino a ilha de Cuba. A decisão tem que
ser tomada e muda para sempre o seu destino, além de deixar tanto nela quanto
nas filhas marcas que permanecem em suas vidas ao longo do tempo.
Como os nazistas estão à espreita, mesmo
Amanda estando no esconderijo no Sul da França não consegue escapar de mais uma
reviravolta em sua vida. Os breves momentos de tranquilidade e aparente
conforto, logo são interrompidos. Ela é capturada e conduzida para um campo de
trabalhos forçados. Mais uma vez as decisões que se colocam diante de suas
ações são marcantes e também exigem que certos sacrifícios sejam feitos. Nada
por ali é fácil, como há de se imaginar, e ela ainda carrega consigo o peso da
decisão que tomou no passado à beira do cais.
Por meio de cartas ela conta o que passa em
sua vida, numa esperança de que a filha as encontre e consiga compreender a
necessidade de sua escolha naquele momento. São as cartas escritas por Amanda
uma forma de registrar e reconstruir a sua própria história e de unir os
membros da família, que estão separados, numa tentativa de não se fazer perder
tudo aquilo que haviam vivido antes da invasão nazista e da destruição da
livraria. É por meio da palavra que ela resgata sua vida e se conecta com os
seus. O livro, contudo, não é epistolar. As cartas aparecem no romance como um
elemento da história criada pelo autor.
“O
mundo fica mais sombrio a cada dia que passa, mas sei que onde você mora, o sol
sempre brilhará para você e sua vida será um eterno verão.”
A obra apresenta uma história forte, com
protagonistas femininas que tem que lidar com situações que exigem força,
determinismo e audácia. Se mostra uma verdadeira saga de uma família no período
da Segunda Guerra Mundial numa França ocupada por seguidores de Hitler.
Acompanhamos um relato carregado de emoções
que desnudam a história de uma mãe, capaz de coisas impensáveis (se analisarmos
tão somente com a razão) para proteger sua filhas num cenário de hostilidade,
violência, medo e incertezas. Os laços familiares não se desfazem com a
brutalidade, nem se dilatam ao ponto de rompimento em razão do tempo decorrido
e do espaço que as separam. É algo que transcende e que toca o leitor pela
maneira como a personagem vive e como a história se apresenta.
Em Nova York, no ano de 2015, nos deparamos
com Elise Duval aos oitenta anos de idade. Ela têm consigo cartas que são
entregues por uma mulher desconhecida. Elise descobre que as cartas são de sua
mãe e que foram escritas em alemão durante a Segunda Guerra. Com essas cartas
vêm à tona segredos do passado.
“Tudo
tem um fim e sei que esta guerra vai terminar e a vida seguirá seu curso. Mas
não para mim. É tarde demais para nós.”
Amor, esperança, luta pela vida e resiliência
são os pilares básicos desse romance de impacto que nos apresenta uma trama
consistente e que foi baseada em fatos reais. Histórias como essa que trazem um
panorama histórico instigam a querer saber mais sobre o período em que se
passam e sobre os fatos que levaram ao cenário que nos é apresentado. Além
disso, A Filha Esquecida torna-se uma história que demonstra a força dos laços
de uma família e a força individual de cada membro para superar as dores da
guerra.
A ambientação do livro é bem realizada e os
personagens são bem construídos, tanto no que refere-se à sua constituição
sentimental e psicológica como nas descrições que fazem sobre as situações que
vivenciam. Mesmo os personagens secundários crescem nas cenas que aparecem e
são capazes de encantar os leitores.
A Filha Esquecida é um livro marcante sobre
superação, busca de alternativas para enfrentar os horrores da guerra e de
encarar os desafios da vida. Uma luta pela manutenção da esperança e dos laços.
Armando Lucas Correa | Foto: Reprodução |
Sobre o escritor:
Armando Lucas Correa é jornalista premiado,
escritor e vencedor de vários prêmios da Associação Nacional de Publicações
Hispânicas e da Sociedade de Jornalismo Profissional. É autor do best-seller
internacional A Garota Alemã, publicado em 13 idiomas e que foi publicado no
Brasil pela Editora Jangada. Mora na cidade de Nova York com o companheiro e
seus três filhos.
Ficha
Técnica:
Título: A Filha Esquecida
Escritor: Armando Lucas
Correa
Tradutora: Denise de Carvalho
Rocha
Editora: Jangada
Ano: 2019
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-5539-148-4
Páginas: 380
Assunto: Ficção histórica
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