No livro "Economia da Longevidade", um dos primeiros lançamentos da 106 Editora, Jorge Felix amplia a visão sobre a dinâmica demográfica para muito além da questão da previdência
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, os conflitos nas ruas do Chile, a desigualdade social crescente em quase todo o planeta, o fluxo migratório global, a desindustrialização brasileira, as mudanças climáticas e a chamada 4ª revolução industrial. Qual fenômeno percorre todos esses eventos e os influencia? O envelhecimento populacional. A dinâmica demográfica, inédita na história do capitalismo, está construindo uma nova geopolítica. Essa é a tese principal do livro “Economia da Longevidade – o envelhecimento populacional muito além da previdência”, do jornalista e professor da Universidade de São Paulo, Jorge Félix, um dos maiores especialistas do tema no país. O livro é um dos primeiros publicados pela nova 106 Editora, em seu segmento “Ideias”, destinado a ensaios.
Nessa nova geopolítica, segundo o autor, o que está em discussão não é o fato de o Brasil envelhecer antes de ficar rico, como sempre é exaustivamente repetido no debate público, mas sim, em qual economia os países ricos envelheceram e em qual economia os países pobres estão envelhecendo. A concorrência global se transforma, para Félix, em uma “corrida populacional”, assim como o mundo assistiu, no passado, as corridas do ouro ou a armamentista. Agora, pela primeira vez na história, está em disputa “quem vai pagar pelo envelhecimento de quem” e a economia e a política sofrem esses efeitos perenes da demografia. De acordo com Félix, a corrida populacional é uma das ameaças contemporâneas para a democracia.
“A economia capitalista demorou muito para aceitar a infância e, agora, se vê diante da velhice, que ela também nunca aceitou”, diz Félix. “A longevidade, portanto, é uma grande vitória da Modernidade, mas se tornou um fator perturbador do capitalismo”, sentencia. As transformações sociais decorrentes da dinâmica demográfica do século XXI colocam países pobres e países ricos em uma disputa ainda mais acirrada. “O Brasil está atrasado nessa corrida, principalmente devido à desindustrialização precoce”, afirma o autor. Inovação, pesquisa, desenvolvimento, industrialização no segmento de produtos e serviços especificamente para o envelhecimento tornam-se, portanto, o ringue dessa guerra. É a economia da longevidade, tema que Félix introduziu no debate brasileiro, em 2007, e é a principal autoridade no país, inclusive, reconhecido internacionalmente por seu trabalho na área.
Doutor em Ciências Sociais, professor de Economia no curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), e comentarista de longevidade no Bem-Estar, na Rede Globo, Félix é um dos palestrantes mais atuantes na área do envelhecimento e sempre presente nas discussões sobre o tema na mídia nacional. Uma de suas principais críticas é ao modelo de privatização da previdência do Chile, sobre o qual tem muitos artigos publicados e conferiu palestras em eventos sempre alertando para o que hoje está sendo verificado: o risco de convulsão social naquele país. “O Chile foi um fracasso anunciado. Muitos no mundo acreditaram que o caminho escolhido por Pinochet levaria o país à vitória na corrida populacional, mas agora deve ficar bem atrás e perder espaço na geopolítica do envelhecimento”, diz o autor. O caso do Chile também é abordado no livro.
Jorge Félix | Foto: Divulgação |
Sobre o autor:
Doutor em Ciências Sociais e mestre em Economia Política (PUC-SP). É professor das disciplinas Economia e Finanças em Gerontologia, Empreendedorismo em Gerontologia e Epidemiologia do Envelhecimento no curso de graduação em Gerontologia da Universidade de São Paulo (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) e da disciplina Direitos, Rede de Proteção Social e Parcerias na Atenção ao Idoso no mestrado em Gerontologia, também da USP/EACH. É professor de Economia no curso de pós-graduação em Mídia, Política e Sociedade da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP). Na PUC-SP, Félix integra o grupo de reformulação da pós-graduação em Gestão do Longeviver, que inicia atividades em 2020. Foi o primeiro pesquisador brasileiro sobre o tema "Economia da Longevidade" (Sylver Economy), sobre o qual começou a publicar em 2007 e foi tema de sua dissertação do mestrado em Economia e de seu livro “Viver Muito” (2011). Seu trabalho o projetou internacionalmente e foi convidado para palestras na Universidade de Buenos Aires, Universidade Nacional Autónoma do México, na Caisse National d’Assurance Vieillesse, pela ong Silver Valley, em Paris, entre outros. É júri de dois prêmios internacionais na área de inovação para o envelhecimento, o Bourse Charles Foix e o Silver Eco and Age Well International Awards, considerado atualmente o principal no mundo nesta área. Criou o Centro de Estudos da Economia da Longevidade (www.economiadalongevidade. com.br). Integra o Núcleo de Pesquisas sobre o Desenvolvimento Humano do Programa de Pós-graduação em Economia Política (PUC-SP), Núcleo de Estudos e Políticas Urbanos do Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais (PUC-SP) e o grupo de Estudos do Novo Desenvolvimentismo, a convite do Prof. Luiz Carlos Bresser-Pereira (FGV-SP). Jornalista há 34 anos, foi repórter especial do Jornal do Brasil (no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília), editor-executivo da IstoÉ, redator-chefe da Quem, colunista dos portais AOL e iG. Fez várias coberturas internacionais ao longo de sua carreira e hoje é assíduo colaborador do jornal Valor Econômico (desde 2003) e de veículos como revista piauí e Época. Na Rede Globo, foi repórter de economia do Jornal da Globo (na equipe de Lilian Wite Fibe) e do Bom Dia, Brasil (na equipe de Renato Machado) e chefe de produção do Jornal Nacional, em São Paulo (na equipe de William Bonner). Em junho desse ano, aceitou um terceiro convite para voltar a Globo, desta vez no entretenimento, para ser comentarista de longevidade no Bem-Estar.
Sobre a editora:
A Editora 106 é resultado do encontro entre as psicanalistas Fernanda Zacharewicz e Gisela Armando, que já editavam obras na área da Psicanálise sob o selo Aller, e o jornalista Omar Souza, publisher com mais de 20 anos de experiência. Diferentemente de outras editoras, que costumam abrigar os títulos dirigidos a cada gênero ou tipo de público sob um selo específico, a marca está presente em praticamente todos os gêneros literários. A diferenciação se dá em seus sub-selos: 106 Ideias (ensaios, biografias, Filosofia, História etc.), 106 Pessoas (desenvolvimento pessoal, espiritualidade, negócios etc.), 106 Histórias (ficção histórica e contemporânea), 106 Clássicos (obras e autores consagrados), 106 Crônicas (textos produzidos por alguns dos melhores cronistas nacionais e internacionais), entre outros. Cada sub-selo é uma representação queformaliza o compromisso com determinado público, a única exceção será o selo Aller, já consolidado no universo psicanalítico brasileiro, e que identificará os livros publicados para esse segmento. A estreia triunfal no mercado brasileiro, com A Rainha do Ignoto, primeiro texto longo de realidade fantástica produzido no Brasil, escrito no fim do século XIX por Emília Freitas e Economia da Longevidade do Doutor em Ciências Sociais e mestre em Economia Política, Jorge Felix não deixam dúvidas de que há 106 editoras em uma só.
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