[Entrevista] Mhorgana Alessandra - Tomo Literário

Mhorgana Alessandra é mineira, psicóloga e escritora. Ela também dirige a Anima - Núcleo de Desenvolvimento humano e ministra palestras sobre diversos termas relacionados ao comportamento humano. Ganhou diversos concursos literários e participa de antologias - como autora e como organizadora. Blogueira, colunista e roteirista, mostra a diversidade de seu trabalho quando passeia por diferentes estilos, mas tem predileção por ficção, suspense, terror e horror.

Fã de Stephen King é também membro da ABERST  - Associação dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror e participa de A Arte do Terror.  

A escritora concedeu entrevista ao Tomo Literário e falou sobre seu início no meio literário, sobre a antologia Sangue nas Sombras da Noite e do projeto O Chamado. Falou ainda sobre a participação em antologias, a Horror Expo que acontecerá em São Paulo, novos projetos e muito mais.

Confira.

Tomo Literário: Como foi o seu primeiro contato com o meio literário?

Mhorgana Alessandra: Minha mãe sempre me incentivou a ler e como consequência, acabei também, produzindo textos e poesias desde os sete anos. Ganhei algumas premiações e sempre estava lendo algum livro. À medida que fui crescendo, a leitura foi se moldando às diferentes fases da minha vida. De alguns anos para cá, comecei a me dedicar um pouco mais à escrita, que aos poucos, acabou se tornando um hobby, como a leitura. 

Tomo Literário: Você faz parte da organização da antologia Sangue nas Sombras da Noite - uma antologia vampiresca. O que os leitores podem esperar desse livro?

Mhorgana Alessandra: É um Antologia com destaque para contos que retratam vampiros em todas as suas nuances, e certamente irão agradar aos leitores do gênero. Em paralelo à essa, conduzi a antologia de terror/horror para autores convidados, a Paralysis Somni, que conta com grandes nomes da literatura nacional e prefácio do Marcos DeBrito. O lançamento dessas duas antologias está previsto para a Horror Expo em outubro.

Tomo Literário: O Chamado é uma obra que você fez com Rafael Danesin. Conte-nos um pouco sobre o projeto e sobre a obra.

Mhorgana Alessandra: Eu, o Lucas Oliveira e o Rafael Danesin, decidirmos organizar uma coletânea que homenageasse a obra de Lovecraft através de histórias curtas inspiradas na mitologia do horror cósmico criada pelo autor. A proposta é a de não simplesmente estender ou adaptar o material original de Lovecraft, mas sim contribuir com esse universo criando narrativas únicas, inspiradas pela ambientação sombria e aterradora que vem cativando as mentes dos leitores de ficção e horror. Eu como grande fã de heavy metal e do Metallica, roteirizei a história O Chamado, que é ilustrada pelo Rafael. Ela une o horror cósmico de Lovecraft com o heavy metal, numa história que esperamos surpreender o leitor. Esse projeto foi financiado pelo catarse, com 183% da meta - sucesso total, destacando o projeto no quadrinho nacional. 

Tomo Literário: Você participou como organizadora de diversas antologias e transita por diversos gêneros da ficção. Com qual dos gêneros literários você tem mais proximidade? Por que?

Mhorgana Alessandra: Sim, é verdade, organizei várias antologias nos gêneros de ficção, terror e horror. Eu comecei escrevendo de tudo um pouco, e aos poucos as minhas preferências como leitora, se traduziram no que eu escrevia. Creio que os escritores começam sua obra, sendo autobiográficos e com a maturidade, adquirem o domínio da própria escrita e a habilidade em criar personagens autônomos. Talvez os escritores de terror, horror e suspense, sintam necessidade de colocar para fora o que os atormenta. Porque não dizer, fazer uma catarse? Eu com minha formação em Psicologia, acredito na escrita catártica e aos poucos, fui encontrando meu caminho. Acredito que o imaginário representa o papel do mundo fantástico, povoado por bruxas, assombrações, monstros e demônios e com isso, meu gosto pelas lendas de terror me fez seguir por esse caminho. 

Tomo Literário: Você vai participar da Horror Expo 2019, o maior evento de horror já realizado na América Latina. Quais são as expectativas para o evento?

Mhorgana Alessandra: Esse evento será uma oportunidade para todos nós. Por ser um evento voltado ao público de terror, trará grandes atrações do cinema, música e literatura do gênero. Eu além de ter quatro lançamentos agendados para o evento, tenho duas mesas, uma como autora, pelo Literanima, e outra com o ilustrador Rafael Danesin, como roteirista. Para nós, artistas que produzem conteúdo de terror, vamos poder interagir com o público, conhecer profissionais diversos e ainda,  curtir uma feira incrível com muitas atrações.


Tomo Literário: Qual o livro que você escreveu e que melhor define o seu estilo de escrita?

Mhorgana Alessandra: Bom, acho que tudo que escrevemos traduz um pouco do momento em que vivemos e de nossas preferências pessoais. Um livro que amei escrever, foi o Lado Escuro da Floresta. Não só pela identificação com a temática: contos de terror ambientados em florestas, mas por querer fazer uma homenagem à uma fotógrafa e psicóloga com quem havia feito um ensaio fotográfico, que levou esse nome. A capa do livro faz parte desse ensaio e reforça minha identificação com o tema. Eu sempre tive fascínio por florestas e quando criança, eu e minha família morávamos no interior de Minas, um uma pequena cidade chamada Dores de Campos. Lá tínhamos a Mata das Assombrações, que me dava arrepios. Claro que a experiência de medo, ficou guardada nas minhas memórias e anos depois traduzi no meu texto. Esse ano, o tema do Ghost Story Challhenger da Aberst, foi Numa Floresta Sombria, e eu produzi um conto que dei o nome de Lado Escuro da Floresta, uma referência ao meu livro escrito no ano anterior. Tenho verdadeiro fascínio pelo tema, é como se em cada arbusto, se encontrasse um medo, um arrepio. Me encanta essa temática!

Tomo Literário: Como é o seu processo de criação de uma história? Você costuma preparar algum roteiro, montar fichas de personagens ou segue um processo mais intuitivo?

Mhorgana Alessandra: O processo de criação depende do momento que estou vivendo e o que espero daquela produção. Por exemplo, se tenho uma ideia e estou impossibilitada de escrever, assim que possível, faço um resumo. Mas quando é algo planejado, faço um esboço, construo a história e cada personagem numa linha de tempo e espaço. Eu penso em um plano de ação: planejo, desenvolvo a história e pesquiso todo o material necessário para construir meus personagens. Em seguida, eu escrevo, reviso e passo para os leitores betas. Acho que nós escritores, nos envolvemos com nossos personagens e a escrita é libertadora. Nos sentimos plenos e satisfeitos enquanto escrevemos  e faz parte do processo de produção, o prazer em escrever. 

Tomo Literário: O que te move a escrever?

Mhorgana Alessandra: Como psicóloga, sempre precisei ler e escrever muito, mas a busca por novos saberes me fez buscar outros rumos. No início era apenas o ato de escrever, hoje se tornou parte da minha vida, da minha missão. Eu escrevo também livros infantis, poesias, artigos e colunas literárias, mas o fascínio pelo terror e pelo suspense de uma boa história de fantasmas e demônios, me provoca a produzir mais com esse foco.  Hoje, em função do mestrado, minha tendência é buscar mais a área da filosofia e da psicologia. Então, tenho produzido artigos e textos de cunho cientifico, mas que também me auxiliam no meu desenvolvimento como escritora e roteirista.

Tomo Literário: Você também gerencia o site Literanima. Fale-nos um pouco sobre ele.

Mhorgana Alessandra: O Literanima é um projeto literário, que nasceu da necessidade de se discutir e apoiar a Literatura e as artes de uma forma geral. Nosso propósito é divulgar livros, poesias, resenhas, crônicas, artigos e contos de escritores e editoras de todos os estilos, principalmente nacionais. Agora, somos um selo literário, parte de um projeto maior que vem para 2020. Atualmente fazemos divulgações, promovemos saraus e encontros literários e divulgação de projetos sem nenhum custo para o autor. Acreditamos que é possível apoiar os autores, as editoras e difundir trabalhos de qualidade para os nossos leitores. A ideia é ler, escrever e compartilhar sempre, de forma a unir no mesmo espaço a construção de diversos saberes e artes.

Tomo Literário: Quais são os autores que você mais gosta ou que, de alguma forma, influenciaram o seu trabalho como escritora?

Mhorgana Alessandra: Eu poderia citar aqui vários nomes que tenho como referência, mas não posso deixar de lembrar do meu parente Carlos Drummond de Andrade, e dos ícones Rubem Alves, Fernando Sabino, Cora Coralina, Clarice Lispector, Machado de Assis, Conceição Evaristo, Álvares de Azevedo e Jorge Amado. Amo Charles Baudelaire, Pablo Neruda, Fernando Pessoa e os mestres Stephen King, Edgar Alan Poe e Howard Phillips Lovecraft. E também minhas divas, Marion Zimmer, Mary Shelley e Anne Rice. E claro, Freud, Jung, Platão, Foucalt, Merlau-Ponty e Nietzsche.

Tomo Literário: Está lendo algum livro atualmente? Quais recomendaria para os leitores?

Mhorgana Alessandra: Eu costumo ler mais de um livro ao mesmo tempo. Atualmente estou lendo dois livros de parceiros da Aberst: A Hora da Bruxa do Hermes Lourenço e Escuridão do Jorge Alexandre. Também resolvi reler Evangelho de Sangue do Clive Barker, e a Sombra e o Mal nos Contos de Fada de Marie Louise Von Franz. Um livro que recomendo aos leitores, é a Negação da Morte, de Ernest Becker. Poderia ficar aqui por horas, recomendando meus preferidos. 

Mhorgana Alessandra | Foto: RêVeurs Photographie e Art

Tomo Literário: Algum projeto novo vindo por aí? Pode nos contar?

Mhorgana Alessandra: Sim, tem muita novidade para esse final de 2019 e muito mais para 2020. O projeto A Arte do Terror, do qual sou Editora, vai ganhar mais duas coletâneas ainda esse ano, e vem com equipe nova, site novo e muita novidade para os autores e leitores. Eu e o Rafael Danesin estamos lançando um projeto que está em fase de finalização e em paralelo, estamos iniciando mais uma HQ pelo selo MeiaNoite. Tenho um projeto surpresa para 2020, com a Debora Gimenes, e o podcast Aterrorizados, que será lançado mês que vem, com a Soraya Abuchaim. Por fim, estou com o projeto Cartas do Tarot, com o Rodrigo Ortiz e vários autores incríveis em campanha pelo catarse. Sou antologista da Luva Editora, e estou organizando juntamente com o AT Sergio, o Melhor do Te(ho)rror Nacional. Estou com dois livros infantis em fase de ilustração e um projeto que esse, é segredo, mas só deve sair no início de 2020. Vem muita coisa boa por aí, volto para compartilhar com vocês!

Tomo Literário: Há algum assunto que não comentamos e que você queira destacar?

Mhorgana Alessandra: Gostaria de parabenizar você Eudes, e o Tomo Literário pelo belíssimo trabalho com os autores, sempre abrindo espaço para a literatura nacional. Que bom fazer parte dessa história! Parabéns!

Tomo Literário: Deseja deixar algum comentário para os leitores?

Mhorgana Alessandra: Desejo de verdade que os leitores nunca abandonem o mundo maravilhoso dos livros. Ler é viver histórias através de outros olhares, é conhecer o mundo sem sair de casa. A literatura transforma, liberta! Os livros contam mais que histórias, eles nos transportam para dentro das páginas e nos transformam em pessoas melhores, com mais conhecimento e com mais sensibilidade. Leiam muito e sempre. Desde estudos necessários para sua formação, até livros de seus autores preferidos. Leiam os autores nacionais! Conheçam mais de nossos maravilhosos escritores e suas fantásticas obras! Ler no cenário atual em que vivemos, é transcender! É resistir! Leiam...

9 comentários:

  1. Amiga linda, que entrevista bacana. Que 2020 seja de luz para a escrita e que seus projetos em conjunto e solo sejam um sucesso!. Beijos Amada!
    Parabéns para o pessoal do Tomo Literário, que trabalho bacana o de vocês.

    ResponderExcluir
  2. Uau! É muita coisa para uma pessoa só!
    Parabéns pela entrevista e parabéns ao entrevistador com perguntas instigantes e objetivas :)

    ResponderExcluir
  3. Adorei estar com vocês! Obrigada Eudes e Tomo Literário :)

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário.

Pages