“Bang bang, eu atirei em você
Bang bang, você caí no chão
Bang bang, aquele som horrível
Bang bang, eu costumava te decepcionar”
Bang Bang (My Baby Shot Me Down) - Nancy Sinatra
Mulheres e sua crueldade, são tanto protagonistas como autoras de (histórias sobre) crimes hediondos, então, não é por acaso que o sangue escorre pelas palavras das autoras selecionadas para esse antologia, e não seria diferente com a escritora Debora Gimenes, que divide conosco um pouco sobre seu processo criativo do conto O Retalhador.
"Quando eu vi o edital da luva sobre O Melhor do Crime Nacional eu pensei: — Eu preciso entrar para essa antologia, ela foi feita para mim. — Daí até eu ter a ideia para o meu conto foram alguns dias.
Eu gosto muito de assuntos ligados a psicopatas, amo finais drásticos, plot twists, e principalmente criar cidades fictícias, quase todos os meus contos e textos se passam em lugares que não existem, me sinto mais livre para descrever um lugar que está apenas na minha mente, então peguei todos esses elementos, mais alguns do meu dia a dia, coloquei minha playlist composta de Imagine Dragons, U2, David Bowie, Épica, Queen e muitos outros, e criei o conto.
Li, reli, estiquei um cadinho aqui, cortei um pouquinho ali, mandei para a revisão (eu sempre mando meus textos para outra pessoa revisar, no caso do Retalhador foi a lindinha da Sílvia Andreotti) e depois para a submissão da Luva.
Eu tinha esperanças de ser selecionada, pois realmente amei a história, mas não acreditava muito, pois sabia que estaria concorrendo com uma galera forte, mais de 100 contos e apenas 15 foram selecionados.
Foi uma agradável surpresa ouvir meu nome na live que o Tito fez. Fiquei muito feliz e soltei fogos imaginários, quase perdi a hora na manicure de tanta felicidade que estava. (Risadas bobas).
Uma curiosidade sobre meus personagens: todos os principais, sendo eles mocinhos ou bandidos têm um opala na garagem. Isso se deve ao fato de que meu marido é opaleiro e há mais de vinte anos temos um diplomata preto 1988 (nosso morcegão); ou eles têm um Fiat 147 verde, outro carro que fez parte da nossa vida, por nove anos apenas. (cara de saudade do sherekinho).
Foi assim que o Retalhador foi criado, espero que os leitores de O Melhor do Crime Nacional gostem do meu conto tanto ou mais do que eu. Afinal cada texto é um filho para o autor que o escreveu."
Agora, vamos conferir um trechinho do conto:
“São sete horas da manhã, e o sol brilha em mais um lindo dia de outono. Bom dia meus ouvintes sou Rodrigo Vanilla e esse é o seu Bom dia Guarassuara.”
Maxell herdara o opala preto do pai há dez anos. Mandara reformá-lo, instalou um kit de som de primeira linha e vez ou outra deixava o Tucson na garagem a fim de ir trabalhar com o dinossauro, apelido carinhoso que a esposa Danielle havia dado ao carro.
Guarassuara era um município vizinho a São Paulo, ficava no extremo leste da metrópole e estava entre as cidades mais perigosas do Estado. Todos os dias, exceto aos fins de semanas e feriados, o jovem operário saía de seu bairro cedo e dirigia até a cidade de Guarulhos, o trajeto normalmente levava menos de uma hora, mas aquele dia o trânsito estava particularmente terrível.
— Temos notícias do crime cometido essa madrugada Cristiane Passarinho? – Aquela notícia estava sendo repetida desde o raiar do dia.
— Bom dia, Rodrigo. Bom dia, Guarassuarenses. Foi um crime terrível meus amigos, um jovem de vinte anos foi brutalmente atacado e morto no ponto de ônibus próximo à Universidade Estadual de Guarassuara. Segundo a polícia, a vítima foi retalhada por uma navalha, estilete ou bisturi, antes de ter a garganta cortada.”
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