Publicado pela Luva Editora, Sangue Real, do escritor Duílio Souza, foi lançado em 2018 e tem 344 páginas.
Uma mansão é invadida por uma quadrilha
especializada no roubo de grandes residências. O prólogo da obra já nos coloca
numa ação implementada pelo grupo no ano de 2015. Tudo parece que vai dar
certo, mas eles acabam encontrando algo inesperado e tem de lidar com
acontecimentos que arrepiam.
Mortes acontecem e Bispo – o líder do grupo – fala sobre o início de uma caçada e reforça: “Eu nunca disse que nós seríamos caçadores”. Dá para imaginar o que vem por aí, não é? A primeira impressão para a polícia local é de que o que aconteceu no interior da casa foi um assalto que evoluiu para um sequestro e se tornou uma chacina. Sim, a palavra chacina surge, porque não houve apenas uma morte.
Mortes acontecem e Bispo – o líder do grupo – fala sobre o início de uma caçada e reforça: “Eu nunca disse que nós seríamos caçadores”. Dá para imaginar o que vem por aí, não é? A primeira impressão para a polícia local é de que o que aconteceu no interior da casa foi um assalto que evoluiu para um sequestro e se tornou uma chacina. Sim, a palavra chacina surge, porque não houve apenas uma morte.
A residência que fora roubada é de Dr. Olavo
de Cavalcanti Neto, o advogado mais rico da cidade de Belo Horizonte e que é
especializado em lidar com crimes do colarinho branco, portanto defendendo
gente que tem muito dinheiro. Naquela casa as pessoas foram mortas e tem a
ideia de que o filho dele foi sequestrado e levado pelos bandidos que
abandonaram o local. O que a policia tem de concreto, inicialmente, é que o
nome do líder do grupo é Bispo.
A partir desse episódio temos uma caçada em
que a polícia busca pelos bandidos, eles, por sua vez, fogem e procuram algo misterioso que
os cercou na residência que assaltaram e vamos tomando uma ideia de toda a
história que se seguirá nas próximas páginas.
Os capítulos são entremeados, apresentando
também a vida pregressa de Tico, que mora no Aglomerado da Serra, “uma das
maiores e mais violentas comunidades de Belo Horizonte”. O menino tinha vontade
de ser advogado e vive num ambiente em que Bodão, o líder da comunidade, recebe
admiração pelo poder que tem, obtido por meio da prática criminosa.
De modo genérico, para não entrar nos
detalhes da trama e não dar spoiler, vamos ter a história apresentada sob duas
perspectivas – presente e passado – que vai se moldando para apresentar uma
grande história ao leitor. Nesses capítulos, além da trama cheia de mistérios,
temos como pano de fundo a questão da sociedade em que vivemos. Veremos a
prática do crime em comunidades carentes, a atração que o crime e o “dinheiro
fácil” exerce sobre alguns jovens, o poder de organizações criminosas bem
arquitetadas e aparelhadas para a prática do crime, além de acompanharmos a
perseguição da polícia e uma aparição enigmática, com ares de fantástico e que
provoca medo em quem teve contato. Não sabemos do que se trata e vamos
descobrir apenas com o avançar da trama.
O autor consegue manter suspense nas duas
argumentações temporais. No passado, também há surpresas e reviravoltas que
atiçam a curiosidade no avançar das páginas e que vai convergindo para a
história que se apresenta no tempo mais presente (digo mais presente em relação
a etapa da história que se passa em 2015 – quando há a invasão da mansão).
Os personagens criados pelo autor são bem construídos e ressalto os diálogos, que são dinâmicos e carregam a informalidade própria das conversas cotidianas, o que deixa tudo ainda mais crível.
E a grande surpresa é descobrir o que atacou
aquelas pessoas. Muitas mortes acontecem, confrontos pessoais e entre grupos
ocorrem, segredos são revelados e somos conduzidos até o desfecho da obra.
Sabendo da história pregressa de Bispo e dos outros personagens e do
enfrentamento atual que o grupo dele encara, temos a história enriquecida por tais elementos.
Não bastasse o fato de termos uma trama
consistente nessa batalha que há entre o grupo de assaltantes e a polícia, além
da história pregressa do dono do morro, ainda temos uma pitada de
sobrenaturalidade, que revela-se também conectada aos personagens. Garanto
que são revelações interessantes.
Nossa atenção fica presa à narrativa desde o
início e, particularmente, quero destacar os eventos que acontecem no passado.
Elas tem uma realidade crua e se tornam um pano de fundo de crítica social muito
bem montado, sem ser panfletária. Só essas passagens já garantiriam um bom
livro. O ambiente, os personagens e as conversas que travam permitem a
divagação do leitor sobre os acontecimentos e as possibilidades que surgem,
além de suscitar alguma reflexão, posto que relata e trata temas que são
bastante presentes nas periferias das cidades brasileiras.
Sangue Real é uma história de impacto.
Recomendo a leitura, caro leitor.
Sobre o escritor:
Duílio Souza é natural de Diamantina - Minas Gerais. Em 2007 formou-se em Medicina pela UFMG e em 2014 concluiu a residência médica em cirurgia de cabeça e pescoço. É casado e tem dois filhos. Leitor aficionado, em Sangue Real teve a sua primeira experiência como escritor.
Duílio Souza é natural de Diamantina - Minas Gerais. Em 2007 formou-se em Medicina pela UFMG e em 2014 concluiu a residência médica em cirurgia de cabeça e pescoço. É casado e tem dois filhos. Leitor aficionado, em Sangue Real teve a sua primeira experiência como escritor.
Ficha Técnica:
Título: Sangue Real
Escritor: Duílio Souza
Editora: Luva
Edição: 1ª
Ano: 2018
ISBN: 978-85-93350-24-5
Número de Páginas: 338
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