Cores de Indochina, do escritor Marcos Torres, foi publicado pela Editora Penalux em 2018 (224 páginas).
Desembarcamos primeiro na Tailândia com o protagonista Thoth Zehuti, que se desloca por três locais em busca de olhares distintos sobre a própria vida. Na Tailândia, numa aldeia, ele tem conhecimento sobre a história dos moradores da região. Ali ele também confronta a sua visão ocidental com as ocorrências e a tradição da cultura oriental. Por meio de fatos que são relatados pelos personagens, ele aprende, reaprende, revê e analisa a forma de viver.
Amor e devoção que são usados para fazer Ikebana ou a paciência dedicada à plantação de arroz, por exemplo, levam-no à reflexão e a constatação de que no mundo há aqueles que olham apenas para seu próprio umbigo. Mesmo que haja receptividade por onde anda (e no mundo) ele declara que "inevitavelmente, me persegue a sensação de que há uma frieza e uma insegurança em toda parte".
Amor e devoção que são usados para fazer Ikebana ou a paciência dedicada à plantação de arroz, por exemplo, levam-no à reflexão e a constatação de que no mundo há aqueles que olham apenas para seu próprio umbigo. Mesmo que haja receptividade por onde anda (e no mundo) ele declara que "inevitavelmente, me persegue a sensação de que há uma frieza e uma insegurança em toda parte".
Essa frieza e insegurança mencionada pelo personagem em seu relato seria fruto da sociedade na qual ele está passando e confrontando essa ideia com a cultura ocidental? Ou seria também uma constatação na qual ele pode ser ver e perceber como leva a vida, como age, como encara os acontecimentos?
O personagem é filósofo e andarilho, além de misantropo, mas em seu anseio também existe a busca por encontrar um lugar para que possa se aquietar e no qual possa sobreviver com o mínimo possível. Será que esse intento será alcançado?
Todos os acontecimentos chegam a nós por meio de um caderno de memórias, segundo o qual o autor menciona que pode ou não estar em ordem cronológica. Portanto, a sequência de fatos que se apresentam a nós são aquelas deixadas pelo filósofo no tal caderno. O biógrafo (que hora parece ser o próprio autor do livro) faz inserções ao longo do texto, conversando diretamente com o leitor e chamando-o a perceber determinados trechos e a atentar-se sobre determinadas ocorrências.
O filósofo se lança numa jornada que passa, além da Tailândia, pelo Camboja e Vietnã. Nessa caminhada ele encontra outros tantos personagens, dos quais ouve histórias diversas, adquire conhecimento, questiona e se questiona sobre a visão da vida. Quando ele está procurando nessas histórias algum sentido para a vida ele também está buscando algo dentro de si. São inúmeros os questionamentos que o personagem se faz no desenrolar da história apresentada em Cores de Indochina.
Há o dilema de viver a simplicidade que se apresenta, a realidade que joga na cara gente vivendo em estado de miserabilidade, o choque de cultura entre aquilo que o protagonista era acostumado a viver no Ocidente e o que vê no Oriente, com sua tradição e costumes. Interessante observar o cuidado do autor em expor detalhes sobre a cultura e a história dos locais pelos quais o personagem passa. De modo natural, nos diálogos, as impressões vão se revelando, possibilitando ao personagem compreender os costumes e o passado de onde está, além de possibilitar ao próprio leitor maior ambientação.
"...em todo e qualquer lugar por onde passo, sinto-me como um passarinho na gaiola se debatendo por entre as grades, querendo fugir de um lugar que me aprisiona o tempo todo."
Ao longo da caminhada do personagem pela Tailândia, Camboja e Vietnã, como mencionado anteriormente, várias pequenas histórias são contadas. Nessas micronarrativas sabemos da vida dos personagens, do cenário político, econômico, cultural e da forma como levam suas vidas. Esses aspectos ao mesmo tempo que atordoam o protagonista fazendo-o questionar-se sobre o presente e a lançar objeções sobre o futuro, faz com que nós leitores também passamos a questionar, senão refletir sobre a humanidade.
No cenário de locais e povos com tradições milenares ele encontra o contraste de uma vida que segue num outro ritmo. Ele busca compreender o mundo e compreender a si mesmo. Os contrastes e dualidades aparecem em "conflito" o tempo todo, como a pobreza ao lado da riqueza cultural, a guerra em contraposição à força de um povo, a tranquilidade que paira nos pés atolados nas plantações da arroz enquanto há gente guerreando, as histórias pessoais que se expandem para a interpretação de histórias do mundo, a descoberta do externo que ressoa na inquietação interna, as dores e lamentos se acobertando na busca da felicidade e da plenitude.
Cores de Indochina não é um livro de poesias, é prosa que se faz poética, filosófica e que mostra a vida do homem, cuja busca não se encerra, se transforma, se refaz.
Leitura mais que recomendada.
Sobre o autor:
Marcos Torres é escritor de poesia e prosa. Autor dos livros Poesia Metafísica (2012), O Andarilho (2013), El Caminante (2016), Corvos e Maltrapilhos (2015) e Chão Arejado (2017). Trabalha com literatura e outras artes: poesia e artes visuais, instalações artísticas e intervenções urbanas.
Ficha Técnica:
Título: Cores de Indochina
Escritor: Marcos Torres
Editora: Penalux
Edição: 1ª
Ano: 2019
Número de Páginas: 224
ISBN: 978-85-5833-455-6
Assunto: Romance
Leitura mais que recomendada.
Sobre o autor:
Marcos Torres é escritor de poesia e prosa. Autor dos livros Poesia Metafísica (2012), O Andarilho (2013), El Caminante (2016), Corvos e Maltrapilhos (2015) e Chão Arejado (2017). Trabalha com literatura e outras artes: poesia e artes visuais, instalações artísticas e intervenções urbanas.
Ficha Técnica:
Título: Cores de Indochina
Escritor: Marcos Torres
Editora: Penalux
Edição: 1ª
Ano: 2019
Número de Páginas: 224
ISBN: 978-85-5833-455-6
Assunto: Romance
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