Nenhum outro texto de Freud foi traduzido de
maneiras tão diferentes. Em português, “Das Unheimliche” já foi traduzido como
“O estranho” e, mais recentemente, como “O inquietante”; já em outras línguas,
como equivalentes a “A inquietante estranheza”, “O inquietante familiar”, “O
sinistro”, “O ominoso”, “O perturbador” e tantas outras. Essa simples
enumeração mostra o desafio de traduzir aquilo que não se pode traduzir, o
intraduzível.
Na presente edição, publicado pela Autêntica,
o leitor tem em mãos uma tradução não apenas original, mas também ousada e
rigorosa: O infamiliar.
O “infamiliar” não é resultado da fidelidade
à língua de partida, mas, ao contrário, a marca visível da impossibilidade da
tradução perfeita. Desse modo, como revela a editora, não deixa de ser também
uma “intradução”, que, em vez de esconder o problema da inevitável equivocidade
da tradução, o faz vir à tona.
A edição comemora os 100 anos da primeira
publicação de “Das Unheimliche” e trata-se de uma publicação bilíngue e anotada
do texto de Freud, que traz também uma
tradução inédita do conto “O Homem da Areia”, de E. T. A. Hoffmann, obra
ficcional que mostrou a Freud a especificidade de um mecanismo psíquico
bastante frequente, uma sensação ligada à angústia e ao horror, que
experimentamos como algo ao mesmo tempo muito longe e muito perto de nós, muito
estranho e muito familiar, muito inquietante e muito próximo.
Para completar o volume, vários ensaios de
renomados especialistas em psicanálise, literatura, estética e tradução
comentam aspectos essenciais da obra: Christian Dunker, Ernani Chaves, Gilson
Iannini, Guilherme Massara Rocha, Pedro Heliodoro Tavares e Romero Freitas
assinam esses textos.
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