Helô Delgado é escritora. Seu primeiro conto
foi Enclausurada no Inferno e publicou os livros Dilacerada e Entre Laços e
Conflitos pela Coerência Editora. Ela falou ao Tomo Literário sobre o início de
sua jornada no mundo literário, sobre suas obras, o processo de criação dos
livros, novos projetos, inspiração e muito mais.
Tomo Literário: Como
foi o seu primeiro contato com a literatura e quando decidiu tornar-se
escritora?
Helô Delgado: É difícil
explicar como foi o meu primeiro contato com a literatura, pois gosto de ler
desde que me aventurei pelas primeiras palavras, ainda no Jardim da Infância.
Sempre li muito, todos os gêneros, e vivia imaginando como seria se eu tivesse
escrito aquela história (imaginava finais alternativos e enredos para os livros
que lia). Decidi me tornar escritora após trabalhar com tradução literária e
conhecer de perto o funcionamento do universo editorial.
Tomo Literário: O conto
Enclausurada no Inferno foi sua estreia como autora. Do que trata o conto?
Helô Delgado: Enclausurada no
Inferno é uma história macabra que se passa na capital Paulista, no Parque da
Juventude, onde ficava o Carandiru. É um conto de terror no qual uma jovem se
perde numa “dimensão" entre o passado e presente do local que serviu de
cenário para uma das cenas mais sanguinárias da cidade de São Paulo.
Tomo Literário: Dilacerada,
publicado pela Editora Coerência, traz uma história que trata de alienação
parental. Como surgiu a ideia desse livro?
Helô Delgado: Dilacerada foi
um livro escrito em duas etapas. Primeiro foi pensado o tema, enredo, cenário,
personagens, conflitos e possíveis diálogos. Depois vieram as questões mais
profundas e sentimentais, como a inserção da psicóloga América e o
aprofundamento dos traumas da protagonista Vivian (sendo a alienação parental
um deles).
Tomo Literário: Como
foi o processo de publicação do livro? Qual a etapa mais complexa?
Helô Delgado: Após escrito,
rescrito e passado por análise crítica, a escolha da editora e do formato de
publicação tomou o meu tempo. Após escolhida a casa editorial, considero o processo
de revisão a parte mais complexa, a qual se deve ficar atento, principalmente
com a qualidade do texto.
Tomo Literário: Outro livro
publicado pela Coerência é Entre Laços e Conflitos. Fale-nos um pouco sobre
essa obra.
Helô Delgado: Entre Laços e Conflitos
conta a história de Natália, uma mulher, mãe solteira, batalhadora, que carrega
um passado complicado. Ela precisa voltar para sua cidade natal porque seu
filho adolescente sofre de anemia aplástica. O problema é que ela nunca queria
voltar para lá, um lugar que desperta sentimentos antigos (tanto positivos
quanto negativos). O livro relata exatamente esse retorno e as consequências
disso.
Tomo Literário: Sua
formação em Psicologia, de algum modo reverbera na construção de seus
personagens ou de suas histórias?
Helô Delgado: Diretamente, não.
Claro que compreender o ser humano e suas diversas facetas facilita, mas em
nenhum momento fiz uso de minha experiência clínica para o desenvolvimento dos
enredos. Por outro lado, já me disseram que escrevo com profundidade emocional,
penso que talvez esse fato seja uma consequência da formação em Psicologia.
Tomo Literário: Como
você vê atualmente o cenário literário brasileiro?
Helô Delgado: Como um
constante desafio. É difícil sobreviver de livros num país onde a leitura está longe
de ser prioridade. Além disso, ser autor nacional não é simples, ter
reconhecimento por seu trabalho é complicado. Concorrer com grandes nomes
internacionais faz com que, muitas vezes, autores sejam desconsiderados
simplesmente por serem brasileiros. Falta valorização dos leitores e das
editoras.
Tomo Literário: De
modo geral o que te inspira a escrever?
Helô Delgado: É até engraçado
responder essa pergunta. Se eu te disser que me inspiro com qualquer coisa, você
vai pensar que estou inventando história, né? Mas é a verdade. Qualquer situação,
qualquer local, atiça minha inspiração. Já criei cenas quando estava sentada no
banco, aguardando ser atendida pelo caixa. Outra surgiu ao atravessar a rua
ouvindo música no fone de ouvido. Não é raro que eu esteja conversando com alguém
e, de repente, pareça ficar “no meu mundo”, pensando em possíveis conflitos
para novos livros. Meu celular está cheio de anotações aleatórias que surgem
"do nada”, só esperando pelo momento de se encaixarem na cena apropriada.
Tomo Literário: Você está preparando
algum novo projeto literário? Pode nos adiantar alguma informação?
Helô Delgado: Sim, tenho
trabalhado em dois projetos no momento. Um romance escrito com mais duas
autoras e meu terceiro livro, que deve sair até a Bienal do livro de 2019, no
RJ.
Tomo Literário: Que
escritores você admira ou que influenciaram o seu trabalho como escritora?
Helô Delgado: A pergunta mais
difícil de ser respondida… faço jus ao velho clichê: são tantos que fica
complicado citar apenas um. No entanto, posso pontuar a primeira romancista que
me fez chorar ao ler suas páginas: Marion Zimmer Bradley, com a série As Brumas
de Avalon. Nacional, sou apaixonada pela escrita da Letícia Wierzchowski,
autora de A Casa das Sete Mulheres.
Tomo Literário: Que
livros, de quaisquer gêneros, você recomendaria aos leitores? Está lendo algum
atualmente?
Helô Delgado: Hummm, não
recomendo nenhuma leitura específica, apenas que as pessoas não desistam dos
livros. Mesmo que você não goste muito do que está lendo no momento, dê uma
chance a outro livro, outro estilo, só não pare de ler. Nunca.
Tomo Literário: Além
da literatura, quais são os outros interesses da Helô Delgado?
Helô Delgado: Música e
viagem. Estou sempre ouvindo música, seja quando escrevo, treino, dirijo… e
viajaria mais, se pudesse. Amo viajar!
Tomo Literário: Gostaria
de deixar algum comentário para os leitores do blog?
Helô Delgado: Queria
agradecer a oportunidade de participar do blog com essa entrevista, e espero
que, se alguém se aventurar e ler meus livros, que gostem.
Acabei de ler sua resenha do livro Dilacerada e amei, estou louca para conhecer a escrita da autora... mesmo não sendo escritora considerado o cenário literário nacional um desafio, uma vez que grande parte das pessoas não gostam de ler e muitos ainda tem certo preconceito com escritores nacionais 😔😔
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