A jornalista Valentina
Nunes narra os acontecimentos cruciais que marcaram a trajetória do Brasil
Todos os dias algo incrível acontece, seja
bom ou ruim. Invenções, novas conquistas, descobertas, nascimentos e
infelizmente, mortes, guerras e até desastres naturais. Seja lá o que for, se
há vida, há movimento e história. E no Brasil não poderia ser diferente. Muito
do que usamos e conhecemos hoje, nasceu bem aqui, em terras tupiniquins. A
jornalista, Valentina Nunes apresenta em sua obra, 365 dias que mudaram o Brasil, publicada pela Editora Planeta, uma
extensa pesquisa sobre fatos cruciais que mudaram a vida da população.
Com
explicações simples e linguagem envolvente para qualquer tipo de leitor, os
capítulos são separados por meses e, em cada um deles, a organização acontece a
partir dos dias do mês. Assim como o título sugere, cada dia equivale a um acontecimento
relevante da história brasileira.
Os 365
dias são marcados por eventos que vão do futebol às guerras civis e desastres
universais, como por exemplo, o dia 02 de setembro de 2018 que será lembrado
por cinzas, fuligens e lágrimas com os 20 milhões de itens do quinto maior
acervo do mundo, consumidos pelo fogo no prédio bicentenário do Museu Nacional
no Rio de Janeiro. Múmias egípcias e o mais antigo fóssil humano das Américas,
encontrado no Brasil, com cerca de 12 mil anos e batizado de “Luzia”, foram
extintos em poucas horas.
Valentina
Nunes relata outros grandes episódios que jamais serão esquecidos. Em 2 de
outubro de 1992, São Paulo foi palco do maior massacre do sistema penal
brasileiro, no qual 111 presos foram assassinados pelo Estado no Carandiru.
Mesmo com o maior julgamento da história do Brasil, nenhum dos envolvidos nas
mortes foi preso. Após dois anos, o complexo foi desativado e hoje o terreno
abriga o Parque da Juventude, local de referência para jovens que buscam
cultura, lazer e esporte.
Mas nem só
de tragédias são feitas as nossas memórias. Em 1972, o engenheiro José Braz
Araripe juntamente com Fernando Iehly de Lemos inventaram o que permitiria aos
motoristas dirigirem sem precisar pisar na embreagem para trocar as marchas: o
câmbio automático. O projeto foi concluído em 1932 e apresentado à General
Motors em sua sede em Detroit, nos Estados Unidos, já que não haviam montadoras
de automóveis em território nacional.
Tantas
outras histórias são detalhadas no livro: invenções de Santos Dumont, os
eventos de fé, como a primeira missa, a santificação de José de Anchieta, a
vida de Chico Xavier, a história de Nossa Senhora Aparecida e de Mãe Menininha
do Gantois. Artistas como Roberto Carlos, Tom Jobim, Vinicius de Moraes,
Chiquinha Gonzaga e Carmen Miranda. A primeira Festa Literária Internacional de
Paraty (Flip), o Cinema Novo e filmes premiados como Cidade de Deus e O Pagador
de Promessas.
E claro, a
política: milhões de brasileiros, em 1992 estimulados pelos jovens “caras
pintadas” foram às ruas para pedir o impeachment do então presidente da República,
Fernando Collor de Mello, por uma série de denúncias de corrupção que começou
com acusações do irmão Pedro Collor de Mello e envolveu também o empresário
Paulo César Farias, o PC Farias. 365 dias que mudaram o Brasil permite ao
leitor conhecer e entender toda a trajetória do país até a atualidade.
Apesar da mobilização, as reivindicações foram atendidas apenas
parcialmente e a repressão foi violenta depois da greve. Centenas de trabalhadores
foram demitidos e a Federação Operária Regional Brasileira extinta em fábricas
de tecidos. Em contrapartida, o avanço da organização dos trabalhadores
resultou na criação das primeiras entidades sindicais do país. Na sequência,
surgiu a federação intersindical transformada em 1905 na Federação Operária do
Rio de Janeiro, base da Confederação Operária Brasileira e embrião das centrais
sindicais brasileiras. Em 1989, a greve geral paralisou mais de 70% da
população ativa por 48 horas, a maior da história até então. Capítulo:
15 de Agosto - Classe operária se organiza e faz primeira greve geral – Página
477
De forma
direta e com linguagem acessível, 365 dias que mudaram o Brasil torna-se um
livro fundamental, tanto como obra de referência abrangente, que pode ser
consultada para dúvidas, como de leitura prazerosa e surpreendente.
Sobre a autora:
Valentina
Nunes é doutora em literatura, com pós-doutorado em poesia brasileira
contemporânea. É autora de livros de sucesso, vários deles adotados pelo
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), como A década de 40 através
da minissérie Aquarela do Brasil e A Revolução Farroupilha
através da minissérie A casa das sete mulheres.
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