Ela é drag queen e booktuber. Mais do que falar
sobre os livros, ela mostra o que sentiu com a leitura. Seu canal Lar da Agatha
tem chamado a atenção pela proposta. Apaixonada por literatura e fã de Agatha
Christie, a escritora inglesa que inspirou seu nome, ela falou ao Tomo
Literário sobre literatura, representatividade, seu canal literário (Lar da
Agatha), novos projetos, escritores que admira, contou-nos os livros que está
lendo e muito mais.
Tomo Literário: Como foi o seu primeiro contato com a
literatura?
Agatha Christie: Foi através do livro "Memórias Póstumas de
Brás Cubas, do Machado de Assis. Precisei ler esse livro para fazer um trabalho
na escola e fiquei muito decepcionada e desmotivada com a leitura. Só retomei o
hábito com cerca de 20 anos, através de Harry Potter e a Pedra Filosofal.
Tomo Literário: Quando a Agatha Christie, a drag queen,
surgiu?
Agatha Christie: A drag queen surgiu em meados de abril/maio de
2017.
Tomo Literário: Você tem um canal chamado Lar da Agatha.
Como surgiu a ideia de criar o canal?
Agatha Christie: Eu adquiri um amor imenso pela leitura e depois
de uns anos descobri os blogs e booktubers. Sentia falta de ter com quem
conversar sobre o que eu lia e encontrei essa oportunidade assistindo outras
pessoas. Quis criar um canal para mim por adorar influenciar as pessoas a ler.
Mas acreditava que seria mais do mesmo. Paralelo à isso, queria externar a
minha drag queen, mas não sabia como fazer. Algo estava faltando. Sentia que
não me encaixava nos modelos de drags que eu conhecia, apesar de amar. Unir as
duas coisas foi a única coisa que fez sentido para mim.
Tomo Literário: Dos vídeos produzidos para o canal, qual foi
aquele que deu mais trabalho? Por que?
Agatha Christie: Difícil responder porque vários deram trabalho
de formas diferentes. A Vila dos Pecados fez uma sujeirada de sangue pela casa
toda. It do Stephen King foi a mais difícil de "falar", eu demorei
quase 40 minutos e quase chorei de frustração. João e Maria foi demorada e
envolveu ajuda de terceiros. Às vezes gravo até 2 ou 3 horas da manhã, mesmo
começando às 17h.
Tomo Literário: Não dá para não falar em representatividade.
Você acredita que tendo a Agatha Christie como uma booktuber pode conquistar
leitores que se verão representados pelo fato de ser uma drag queen? Você sente
isso na receptividade do público que a acompanha?
Agatha Christie: Eu espero que sim. Eu já recebo feedback de
pessoas dizendo coisas como: "Eu não sabia que precisava do seu canal até
eu encontrar ele." "Você faz toda a diferença nesse meio." Esse
tipo de feedback me mostra que eu estou trilhando o caminho que eu quero. Eu
amaria ter conhecido uma presença como a drag Agatha Christie quando eu era
adolescente. Teria feito toda diferença do mundo na minha vida. Não consigo me
ver fazendo outra coisa.
Tomo Literário: Dada a inspiração em Agatha Christie, que
livro da escritora inglesa marcou a sua vida como leitora?
Agatha Christie: O assassinato de Roger Ackroyd. Eu descobri logo
no meio do livro quem era o assassino e não acreditei que fosse possível. Sou
fã de investigações, mas quase nunca acerto. Eu senti como se tivesse entrado
na mente dela quando ela revelou o assassino nesse livro. Saí correndo pela
casa para contar para a minha mãe que eu tinha acertado. Ela não achou grande
coisa. kkk
Tomo Literário: Como você vê atualmente o cenário para
canais que abordam a literatura? É um meio de divulgação do trabalho de autores
e que pode conquistar leitores?
Agatha Christie: Eu acho que muitos autores adoram acompanhar as
resenhas dos seus livros. No caso das editoras, muitas das vezes, não são
justas com o nosso trabalho. As parcerias não são justas. Nem somos pagos. É
como se fizessem um favor ao booktuber, principalmente o menor. Não todas, é
claro. No caso dos leitores, acho que é um trabalho que surte efeito sim. Temos
poucos booktubers "grandes", mas os que são, influenciam muito e
ajudam a movimentar o mercado. O que aposto no meu canal é trazer um
diferencial de entretenimento. Quero trazer as resenhas para a parte teatral,
visual, musical. Quero "mostrar' como o livro me afetou, e não apenas
falar. Estou construindo esse espaço para mim.
Tomo Literário: Você está preparando algum novo projeto com
a Agatha Christie? Pode nos adiantar alguma informação?
Agatha Christie: Sim, eu pretendo levar os "Lipsyncs",
como são chamadas as dublagens de músicas, para os meus cafés literários. Quero
trazer mais da arte drag para a literatura. Fazer uma performance ao vivo com
alguma música que "conversa" com o livro ou o tema debatido. Estou
planejando isso.
Tomo Literário: Quais são os autores que você admira?
Agatha Christie: Descobri o Vitor Martins há menos de um ano e
ele é o cara que eu sentia falta na literatura brasileira. Quando adolescente,
sendo gay, não encontrava quase NADA que me mostrasse, na arte, que a minha
sexualidade era algo normal. Hoje, um adolescente gay pode pegar um livro do
Vitor Martins e se ver como protagonista. Isso é fundamental na construção da
auto estima de uma pessoa. Se ver representado nos cinemas, nas novelas, nas
músicas, nos filmes, nos livros, é muito importante. Muitas pessoas
heterossexuais não entendem isso, pois sempre se viram representadas,
principalmente no protagonismo das histórias. Além dele, sou fã do David
Levithan, Stephen King, Yuri Amaral (autor independente que transborda
talento), entre outros.
Tomo Literário: Que livros, de quaisquer gêneros, você
recomendaria aos leitores? Está lendo algum atualmente?
Agatha Christie: Estou iniciando "Daemonum Sigillum",
uma antologia de terror pelo organizador Raul Dias e Jantar secreto, do Raphael
Montes. O halloween vem aí e o Lar da Agatha vai ficar sombrio em outubro. Eu
recomendaria "Um milhão de finais felizes" do Vitor Martins, uma
comédia romântica, "O cemitério" do Stephen King, terror, e a
Biografia da cantora Maysa.
Tomo Literário: Gostaria de deixar algum comentário para os
leitores do blog?
Agatha Christie: Gostaria de pedir aos leitores que valorizem
mais os artistas independentes. Temos inúmeros talentos no nosso país e o que
falta é apenas apoio e oportunidade. Vamos procurar e dar uma oportunidade aos
artistas da nossa própria cidade. Quase sempre, temos talentos
desvalorizados próximos à nós. No mais,
boas leituras!
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Aí que lindaaaaa. Sucesso Agatha!
ResponderExcluirEudes, amei a entrevista. Amo o canal dela e amo vc tbem. Já vou ficar atenta as novidades de outubro
Que linda!
ResponderExcluirAdorei a entrevista!
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http://meubaudeestrelas.blogspot.com/
Agatha é muito linda <3 Ameia entrevista
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