Na
obra, lançada agora pela Amazon, o autor Paulo Stucchi revela sensibilidade
durante o cenário histórico da Guerra do Paraguai e narra a incrível história
de cumplicidade entre um soldado negro desertor e uma menina índia guarani
Com edição esgotada, Menina, obra do
jornalista e escritor Paulo Stucchi é relançada pela Amazon Brasil. No romance
ambientado durante a Guerra do Paraguai, 1864-1870, o autor relata o conflito
disseminado pela Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai
contra o governo expansionista e militarista de Francisco Solano López.
Com
intensa narrativa e construção de personagens, Stucchi traduz de maneira ímpar
o amor e amizade entre Negro João, soldado desertor do exército imperial do
Brasil, e María, menina índia paraguaia que dá título à obra. A comunicação
entre os dois é baseada em olhares e gestos – recurso utilizado pelo autor para
diminuir a barreira entre as línguas.
“Os
homens que amavam podiam falar, não somente pelo coração, mas pela energia que
transborda através do amor.”
Depois de
ser enviado à Guerra, João almeja a alforria ao término do conflito. No
entanto, o destino o leva a outra missão ao conhecer María, única sobrevivente
de sua família que morava no interior paraguaio devastado pela guerra. Por sua
vez, a menina guarani sonha em concretizar o desejo de sua mãe quando viva:
chegar a Assunção, e, ali, recomeçar sua vida.
Entre
relatos de cólera, fome e medo, o autor mescla conflitos internos e interesses
políticos à honra; e a esperança e redenção aos dois pilares essenciais na
formação do Brasil e Paraguai: o negro e o índio guarani.
A trama
levou 12 anos para ser construída e possui profunda pesquisa do autor sobre
fatos históricos importantes, como a narrativa da Batalha de Acosta Ñu. Também
conhecida como Batalha de Los Niños ou Campo Grande, o conflito foi uma das
últimas tentativas de resistência dos guaranis em blindar a fuga de Solano
López para o interior do Paraguai. A data de 16 de agosto de 1869 ficou marcada
como o mais sangrento infanticídio da historia sul-americana.
O Dia das
Crianças no Paraguai foi proclamado na mesma data como homenagem às vitimas.
Massacre
“No es
necesário decir que tenemos aqui a unos cinco o seis mil valientes soldados que
esperan el ataque contra el enemigo en un número mucho mayor que la invasión de
nuestra tierra. Sin embargo, también es necesário recordar la valentia del
soldado Paraguayo. La valentia de todos los hombres de esta tierra que están
dispuestos a morir antes de entregar nuestro país a los vecinos gigantes que se
vem a nosotros como buitres”.
Historiadores
estimam que cerca de 20 mil soldados aliados lutaram contra seis mil
paraguaios, boa parte adolescentes e crianças, durante a Batalha de Acosta Ñu,
região hoje próxima San Bernardino, no Departamento de Cordilheiras. O
alistamento de meninos tornou-se uma realidade no ano final da guerra devido à
escassez de homens aptos a lutar no exército paraguaio.
O livro
também destaca a figura feminina paraguaia e seu exímio desempenho no papel
pós-guerra, e o papel do negro no Exército Imperial do Brasil e na sociedade do
século XIX.
Enfim, Menina traz
ao leitor um romance com fatos históricos e descrições de episódios reais. Uma
leitura intensa, provocadora, que traz reflexões sobre o quanto a guerra pode
afetar o destino das pessoas e destruir sonhos, mas, também, aflorar o que
existe de mais humano em todos nós: o desejo de proteger a vida, e de recomeçar
uma nova realidade, em paz.
Sobre
o autor:
Paulo
Stucchi é psicanalista e jornalista. Atuou como redator, jornalista responsável
e editor em jornais impressos e revistas. Também foi professor e coordenador de
curso de Comunicação. Atualmente, divide seu tempo entre o trabalho como
assessor de imprensa e sua paixão pela Literatura, História e Psicanálise.
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