“Testemunha
de grandes segredos e paixões, a noite é a cúmplice preferida dos criminosos.”
Um homem é contratado para realizar um
serviço perto de sua casa, o que lhe causa, inicialmente, um certo desconforto.
Possivelmente pelo fato do tipo de serviço que realiza. Fazer perto de sua
residência poderia culminar no reconhecimento dele por algum outro morador do
local.
Marcos, vive com a esposa, e volta à casa de
um casal. Seu Carlos e Dona Maria eram proprietários de uma pequena propriedade
rural, um pequeno armazém, no qual vendiam além dos produtos que produziam,
produtos industrializados. Os dois foram brutalmente assassinados.
Naquela casa, encontra-se um cenário de caos.
Os corpos estavam na estância do casal num ambiente tingido pelo sangue e
sinais claros de mutilação. Marcos, procurava um objeto simbólico de grande
sorte e proteção: sua medalha de São Jorge, que carregava no peito.
“...
algumas pessoas não precisam de grandes motivos para matar.”
Algo terrível ali acontecera e, num dado
momento, alguém viu a movimentação que havia na casa. Tal pessoa decerto sabe
sobre a ocorrência do crime. Trava-se então uma caçada, em que aquele que
cometeu o crime vai atrás do outro para executá-lo. O erro do pistoleiro
precisa ser reparado.
A história de R. Tavares se passa numa região
distante dos grandes centros. A narrativa se desenrola na fronteira do Brasil
com o Uruguai.
A escrita do autor é fluída e a trama é
simples, porém bem contada. Os personagens carregam ares críveis, o que torna a
história mais instigante. Chama a atenção pelo fato de a história contada não
se ater ao “Por que Carlos e Maria foram mortos?” ou “Quem matou Carlos e
Maria?” A motivação não é o cerne dessa obra literária. A questão está no fato
de que um dos personagens é um matador e que, para manter-se anônimo, ou
melhor, para que não responda por seus crimes, acaba cometendo outros (sem
qualquer motivo mais forte e aparente).
Se o leitor está acostumado a ficar
procurando nas entrelinhas fatos que elucidem o crime apresentado no início da
obra, Noite Escura se propõe a seguir um caminho distinto. Em suas poucas
páginas, que possibilitam a leitura num único fôlego, traz elementos policiais
que atraem, mas se mantém firme em contar a jornada desse pistoleiro
profissional que comete um erro e que precisa corrigi-lo. Não trata-se de uma
questão de traçar quem é que representa
o bem ou o mal, mas da sucessão de eventos que acontecem numa noite, enquanto o
pistoleiro busca corrigir seu erro.
A história se desenrola das 23h03 até às
06h10 e a importância de o autor se centrar na trajetória de seu protagonista,
faz com a que a trama fique bem amarrada e não se perca em camadas secundárias.
Vale mencionar que mesmo os personagens coadjuvantes são críveis e tem ares de
verossímeis.
O livro traz ainda um ar regionalista que dá
força à história. A ambientação de uma área fronteiriça, em que o poder público
parece distante e que a segurança por vezes inexiste, faz com que sintamos o
clima de tensão que paira no ar. As distâncias percorridas, a mata, a estância,
as estradas, a presença da parteira, o armazém, a camionete usada pelo
pistoleiro, o personagem uruguaio dono do prostíbulo, nos levam para dentro do
cenário ficcional.
Noite Escura é um livro de leitura rápida e
prazerosa. Vale a leitura!
Sobre o
autor:
Rodrigo Ungaretti Tavares é natural de Bagé
(Rio Grande do Sul). Advogado e escritor, reside atualmente em Porto Alegre.
Tavares sempre busca contar histórias repletas de referências ao universo
regionalista, mesmo quando escreve gêneros distintos, como suspense ou terror.
O autor é pós-graduado em Criação Literária pela Universidade da Região de
Campanha – URCAMP. É autor do livro “Andarilhos” e de contos publicados nos
livros “Antologia Sombria”, “Nos Caminhos da Rainha”, entre outros.
Ficha
Técnica
Título: Noite Escura
Escritor: R. Tavares
Editora: Martins Livreiro -
Editora
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-7537-272-2
Número
de Páginas:
80
Ano: 2018
Assunto: Literatura
brasileira
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