A Sutil Arte de Ligar o F*da-se – Uma estratégia inusitada para uma vida melhor, de Mark Manson, foi publicado no
Brasil pela Editora Intrínseca em 2018, com tradução de Joana Faro.
O livro aborda logo no início a lei do
esforço invertido, do filósofo Alan Watts, que refere-se ao fato de que quando
mais queremos, menos temos – quanto mais tentamos nos sentir bem, mais ficamos
insatisfeitos. Para o autor Mark Manson “ligar
o foda-se funciona ao contrário”. Seria, portanto, um modo de fazer as
coisas acontecerem.
Ligar o foda-se pode não ser tão fácil quanto
parece e não trata-se de simplesmente abandonar ou lagar tudo, nem mesmo
significa desrespeitar as pessoas ou não dar importância a nada que exista ao
seu redor. É uma arte sútil. Não é apenas indiferença a tudo e a todos.
No primeiro capítulo Mark Manson apresenta
três sutilezas sobre ligar o foda-se: a primeira diz que ligar o foda-se não
significa ser invulnerável, mas sentir-se confortável com a vulnerabilidade a
que todos estamos expostos. A segunda sutileza é que se você quiser ligar o
foda-se para as adversidades, primeiro é preciso que se importe com algo mais
importante que elas – portanto, você deve criar uma escala de importâncias. E a
terceira sutileza citada pelo autor é que estamos sempre escolhendo o que
realmente importa.
Quando do início da leitura da obra ou antes
mesmo de fazê-lo o leitor deve se perguntar: Para que serve esse livro afinal?
Segundo o próprio autor o livro vai “ajudar
você a pensar um pouco mais claramente sobre o que elege como importante na sua
vida e o que considera insignificante”. E sim, esse é o cerne do livro, sem
contudo se constituir num objetivo amplamente inovador ou que vá trazer novidades
para o leitor.
Mark fala ainda sobre a felicidade vista como
um problema e sobre o fato de que para ser feliz é preciso resolver os
problemas. Isso é alguma novidade? Não. Os problemas existem ao longo da nossa
vida e o sofrimento é inerente ao ser humano, portanto devemos saber lidar com
isso e procurar meios de ter menos e menores problemas. “O caminho da felicidade é cheio de obstáculos e humilhações” –
frisa o autor em determinada passagem. A pergunta que ele nos faz, caro leitor,
é: “Qual é a dor que você prefere
tolerar?” A resposta pode parecer difícil e talvez você nunca tenha parado
para pensar nessa hipótese, mas para Mark Manson é essa resposta que levará
você a algum lugar. Então, a dica é: você vai sofrer sim, vai comer “o pão que o diabo amassou” (grifo meu),
mas você escolhe o que você quer que o diabo amasse.
E se você já ouviu falar que a vida é feita
de escolhas, Mark também apresenta essa visão. Para além da obviedade é preciso
que tenhamos consciência de nossos erros para conseguir muda-los e, portanto,
modificar o status atual de nossas vidas. Simples assim.
O autor passa ainda pelos relacionamentos.
Mesmo no envolvimento emocional é preciso avaliar o que nos causa desconforto e
aprender a lidar com isso, inclusive não colocando a culpa nos outros.
Interessante, não?
O fracasso também está presente no livro. O
medo de fracassar é um fator limitante nas conquistas de nossos objetivos. Para
atingir a excelência em algo que fazemos é preciso ter disposição para falhar.
Sem o risco, notamos que não estamos de fato dispostos a ser bem-sucedidos. Eu
mesmo costumo dizer que o risco faz parte de qualquer atividade de nossa vida.
Assumimos todo tipo de risco quando decidimos por algo. Portanto, o autor
recomenda, que façamos alguma coisa. “A
ação não é apenas consequência da motivação, é também a causa”.
Para fechar o livro o autor aborda a morte e
como ela, por ser uma certeza humana, é algo que nos faz repensar o modo como
vivemos. Depois que morremos, já era.
A Sútil Arte de Ligar o Foda-se traz alguns
insights interessantes e que podem de fato suscitar o leitor a refletir sobre
suas próprias ações, ou como prega seu autor, a pensar sobre aquilo que você
elege como importante em sua vida. Em meio aos conceitos apresentados por Mark
Manson ele usa exemplos de situações que vivenciou, numa ode à sua autoestima e
à força de superação que ele foi capaz de ter para enfrentar tudo que acontece.
A novidade para “uma arte totalmente libertadora” que está na contracapa não está
contemplada na obra. A frase que antecede “esqueça
tudo o que você já leu sobre desenvolvimento pessoal” talvez seja um aviso
para você não fazer nenhuma comparação com os assuntos que são abordados pelo
autor, o que fará com que assim perceba alguma novidade libertadora em seu
conteúdo. Inevitavelmente buscamos encontrar alguma novidade naquilo que é
dito, mas o livro tem uma sucessão de ensinamentos que já ouvimos por aí, que
lemos em outros livros e até coisas de senso comum.
O livro não é ruim de todo, porque de algum modo
os insights podem despertar a reflexão e o autor tem uma escrita menos formal e
menos empolada, e até mesmo menos técnica do que muitos livros de
desenvolvimento pessoal e isso torna a leitura mais agradável. O jeito despojado
de narrar talvez seja a novidade do livro – “a
bofetada renovadora” – descrita na orelha.
Caberá (sempre) ao leitor extrair o que lhe
faz bem e o que se repete como assuntos bem batidos em qualquer palestra sobre
desenvolvimento e em livros chamados de auto-ajuda. Ao ler, talvez você
encontre alguma novidade, sobretudo se nunca leu nada do gênero ou se nunca
participou de nenhuma ação sobre desenvolvimento pessoal. No mais, leia se
tiver tempo disponível ou se ligar o foda-se para coisas mais importantes.
Sobre o
autor:
Foto: Reprodução |
Mark Manson não tem meandros ou meias
palavras. Com um estilo honesto, divertido e incrivelmente perspicaz, ele se
tornou popular escrevendo em seu blog o que as pessoas realmente precisam
ouvir, pois só isso funciona para nos fazer evoluir pessoal e profissionalmente.
O autor mora em Nova York, nos Estados Unidos.
Ficha
Técnica
Título: A Sutil Arte de
Ligar o F*da-se
Escritor: Mark Manson
Editora: Intrínseca
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-510-0249-0
Número
de Páginas:
223
Ano: 2018
Assunto: Autorrealização
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