“Pegue para você o que lhe pertence, e o que
lhe pertence é tudo aquilo que a sua vida exige. Parece uma moral amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é
ter desistido de si mesma.”
(Clarice Lispector)
Lute Como Uma Garota apresenta o perfil de 60
(sessenta) mulheres que foram percussoras do feminismo e tem representatividade
e importância em transformações sociais que propiciaram mais direitos às mulheres.
Se hoje temos a possiblidade de ver o assunto amplamente discutido nas redes
sociais e em outras mídias, temos que compreender como foi chegarmos até esse
estágio. Uma luta que ainda continua, tanto no Brasil quanto lá fora. Suas
atuações são ou foram realizadas nas mais variadas esferas da sociedade e em
diferentes períodos.
Todos os dias temos uma enxurrada de notícias,
quer sejam para demonstrar a violência sofrida por mulheres (em seus lares e no
trabalho), para expor a existência do preconceito de raça, classe ou gênero.
Temos casos de estupro sendo veiculados, notícias sobre discussões acerca da
legalização do aborto. No bar, na escola, nas ruas, nas redes sociais, as
discussões sobre pontos que atingem diretamente as mulheres, se tornam mais
frequentes. Conhecer figuras importantes que percorreram uma trajetória de
luta,é o que temos no livro.
“O que estamos aprendendo pelo mundo afora é
que, se as mulheres forem saudáveis e tiverem acesso à educação, suas famílias
florescerão. Se as mulheres estiverem a salvo da violência, suas famílias florescerão.
Se as mulheres tiverem a chance de trabalhar e ganhar seu sustento, como plenas
participantes e iguais na sociedade, suas famílias florescerão.”
(Hillary Clinton – discurso Os Direitos da
Mulher são Direitos Humanos, na quarta Conferência Mundial sobre mulheres em
Pequim, no ano de 1995)
Publicado pela Editora Cultrix – do Grupo
Editorial Pensamento – em 2018, o livro tem autoria de Laura Barcella e
Fernanda Lopes. A obra foi traduzida por Isa Mara Lando e conta com prefácio da
historiadora May Del Priore, além de apresentação de Nana Queiroz. A edição de
texto, a gerência editorial, a preparação de originais, a produção editorial e
a revisão ficaram a cargo de mulheres (Denise de Carvalho Rocha, Rose de S.
Ferraz, Alessandra Miranda de Sá, Indiara Faria Kayo e Bárbara Parente).
60 feministas que mudaram o mundo é o
subtítulo da publicação que conta com 367 páginas. E o livro revela a história
de mulheres, cujas trajetórias serviram como um “grito” contra a imposição social
que davam à mulher um papel secundário e que, por vezes, gera numa luta injusta
e desigual. É preciso força, é preciso coragem, é preciso discutir, falar,
compreender, para que não haja uma repetição de papéis que a sociedade,
outrora, ditou a quem quer que seja.
“O mundo inteiro está começando a perceber
que foi a coisa mais insensata para a nossa sociedade ignorar o poder das
mulheres, governando a sociedade segundo as prioridades masculinas.”
(Yoko
Ono)
A partir da página 305 o leitor tem acesso a
bibliografia das mulheres que tem o perfil na obra (tanto das estrangeiras
quanto das brasileiras). Cada perfil apresentado no livro traz o nome da
mulher, o ano de nascimento e morte (quando é o caso), por que ela merece a
fama, seu país de origem, seu legado, sua história, suas grandes realizações e
frases famosas.
O livro tem uma linguagem ágil e agradável de
ler. Importante ressaltar que o público-alvo, imaginado como sendo mulheres,
pode e deve ser estendido para homens e mulheres de diferentes idades, posto
que o livro aborda algo que transcende o feminismo (que devemos conhecer). Vai
para além, tratando sobre direitos raciais e de transgêneros, por exemplo.
Os perfis apresentados não são longos e podem
ser lidos na ordem ou de acordo com a vontade do leitor. Sem dúvida, pode se
tornar um bom livro para ser consultado quando queremos saber um pouco mais
sobre essas mulheres que, cada uma a seu modo, trouxeram benefícios para a luta
das mulheres.
Passam por Lute Como Uma Garota: Frida Kahlo,
Maya Angelou, Yoko Ono, Oprah, Madonna, Hillary Clinton, Queen Latifah,
Beyoncé, Mala Yousafzai e alguns outros nomes menos conhecidos do grande
público. E, claro, que a edição brasileira não poderia deixar de apresentar
algumas mulheres que tem suma importância na história do feminismo em terras
nacionais. São quinze perfis, entre os quais figuram: Chiquinha Gonzaga,
Clarice Lispector, Pagu, Leila Diniz, Maria da Penha e Djamila Ribeiro.
Escritoras, filósofas, ativistas políticas,
advogadas, palestrantes, educadoras, poetisas, artistas, editoras, jornalistas,
tradutoras, professoras, atrizes, cantoras, designers, políticas ou
astronautas. Todas lutam como uma garota. Todas lutaram e lutam para que a
sociedade dê vez e voz às mulheres. Lutam por equidade de direitos. Lutam por
respeito.
Há um longo caminho a ser percorrido, sem
dúvida, mas é importante destacarmos as conquistas que as mulheres alcançaram
até aqui e compreender, com empatia, que a luta não acabou. E mais, o livro
ajuda a ampliar o debate e a luta feminista na sociedade. Recomendo a leitura
da obra.
Sobre as
autoras:
Laura
Barcella
é escritora, editora, feminista. Ela é autora de um guia de cultura pop para o
apocalipse chamado The End: 50 Apocalyptic Vision From Pop Culture That You
Should Know About... Before It’s Too Late;
coautora de Popular: The Ups and Downs of Online Dating From the Most Popular
Girl in New York City; e editora de Madonna & Me. Também escreve artigos
para The New York Times, The Washington Post, Marie Claire, Cosmopolitan,
VanityFair, RollingStone, Esquire e The Village Voice. Especialista em
cultura pop, feminism e estilos de vida, ela mora em São Francisco, Califórnia
(EUA).
Fernanda
Lopes
é jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com especialização em
escrita criativa e mídias sociais pela Universidade de Nova York. Foi
colaboradora de empresas como Yahoo! Brasil, O Estado de São Paulo e Editora
Abril e da página do Facebook: As Mina na História. Atua como repórter e mora
em São Paulo.
Ficha
Técnica
Título: Lute Como Uma
Garota
Escritor: Laura Barcella e Fernanda
Lopes
Editora: Cultrix (Grupo
Editorial Pensamento)
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-316-1442-2
Número
de Páginas:
367
Ano: 2018
Assunto: Ciências sociais /
Feminismo
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