Passos solitários pela vereda poética - Tomo Literário

Passos solitários pela vereda poética

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Livro aborda questões como perdas e partidas em poemas que refletem a solidão contemporânea

Ensaio sobre a solidão, da poeta Fabíola Weykamp, põe uma câmara clara sobre nunca estar só, passa os elementos da partida para dentro e o livro se transforma em estrada livre. Um livro de poesia que leva a palavra ensaio no título, só pode estar vivo como o calor do asfalto em que pisa enquanto anda. Fabíola percorre ao escrever, fingindo que espera pela água do mate. Olhando assim, de fora, parece que a poeta esteve à beira do fogo o tempo todo, escrevendo seus poemas embaixo do lustre, aquecendo-se do frio do sul, mas, a bem da verdade, foram quilômetros de coragem percorridos neste longínquo trajeto.”
– Morgana Rech, editora da Revista Subversa

Com lançamento marcado para este mês abril, livro da poeta Fabíola Weykamp trata sobre partidas e perdas – o tanto que as pessoas podem levar de nós em suas partidas necessárias e o tanto que também delas fica conosco, andando junto ao lado de nossa solidão. Aborda os desencontros com aqueles que alçam voos distantes e mostra que, após este intenso intercâmbio, o eu encontra-se novamente a sós. “De uma forma mais crua possível”,  diz a autora, “o livro tenta conversar com o leitor sobre a solidão que todos sentimos em algum momento de nossas vidas, e ao conversar sobre ela, tem a pretensão de elaborar as consequências que nossas escolhas nos trazem e afetam a todos a nossa volta. Elaborar para curar, para resistir, para, enfim, seguir”.

Os poemas que compõem a coletânea são, como sugere o título da obra, pequenos ensaios que propõem formular, ressignificar, entender e falar sobre este sentimento tão dúbio, que por um lado é inevitável desfecho, mas também é impactante, carregado de dor, de saudosismo. Nesse sentido a obra de Weykamp ajuda a formular melhor aquilo que a princípio é puro sentimento, emoção em estado bruto, usando as palavras para delinear melhor o espaço que a solidão ocupa em nossas vidas.

“Acredito que é o leitor quem dá o valor à obra que ele consome, pois é ele quem faz a literatura ter um significado e, aqui no caso, é ele quem faz a poesia rodar estrada, expandir e encontrar o seu lugar no outro”, afirma a poeta. “Fico feliz à beça quando minha poesia, saída do meu quarto, invade uma casa distante e faz com que alguém se reconheça ou pense sobre si mesmo, sobre a vida, ou, em última instância, sinta-se incomodado com o que acabou de ler. Para mim, esse movimento é o ápice do que entendo por recepção literária; dá a sensação de que ela atingiu o seu objetivo social e pessoal”, conclui.

A editora Morgana Rech, autora do texto que vai à orelha do livro, acrescenta mais reflexão sobre este tema do fazer poético: “Nos envelopes, na hora de escrever o remetente, os poetas costumam errar de propósito. Isso porque todo endereçamento, na poesia, tem na matéria da letra o tom ficcional – às vezes mais, às vezes, menos. Se o poeta traz a grafia clara demais, nítida demais, sincera demais, diz demasiadamente para quem escreve, e só o  disfarce protege inteiramente a ficção. Neste livro, ao contrário, a poeta faz acrobacia em seu envelope. A letra é claríssima, o endereço é completo, mas, curiosamente, há uma proteção imensa nas paredes de cada poema. A ficção ergue-se em cada traço de letra e a clareira é transmitida com altivez e ironia”.

Um livro de poesias traduz a solidão naquilo que ela carrega de mais utópico e transcendental – é o que pensa Weykamp. E finaliza: “Ensaio sobre a solidão é para todo mundo que foi e que veio; que virá e igualmente partirá. Eu tenho a ciência de contar o que ficou, o que meus olhos agarraram enquanto vocês estiveram na importância de cada um que foi e souberam ser no momento em que deveriam ser e puderam ser. Porque o inexplicável dessa vida é que, às vezes, simplesmente não se pode ser. Mas num momento futuro em que a gente nem espera se pode voltar para terminar de ser aquilo que faltou ser”.

O lançamento ocorre no dia 25/04 (quarta-feira), a partir das 19h, no Diabluras em Pelotas/RS, durante o Sarau PoeticaMente, que acontece desde o ano passado no loca. Vai ter leitura dos poemas do Ensaio e microfone aberto para o público. A banda Celso Krause e Trio está confirmada.

Foto: Divulgação.

Sobre a autora:

Nascida em Brasília – DF, radicada em Pelotas há mais de vinte anos, Fabíola Weykamp é formada em Letras pela Universidade Federal de Pelotas (2013), atua como professora particular de Língua Portuguesa, redação e literatura, também atende em consultoria de revisão e copidesque de trabalhos acadêmicos, revisão gramatical e ortográfica e, mensalmente, assina a coluna “Astronauta de pulôver azul néon”, na Revista SubVersa (luso-brasileira), projeto abraçado pelas editoras Tânia Solano Ardito e Morgana Rech que respondem por Portugal e Brasil respectivamente. Em 2015, teve seu primeiro livro de poemas “Resenhas da solidão – um livro de poesia e dor cotidiana”, publicado pela Editora LiteraCidade, Belém/PA; obra ganhadora do Prêmio LiteraCidade Jovem, 2014.

Serviço:

Título: Ensaio para solidão  poesia
Autor: Fabíola Weykamp
Especificações: 14x21, 128 p., 1ª edição – Editora Penalux, 2018.
Amostra grátis:



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