A Ilha dos Mortos, livro de Rodrigo de
Oliveira, faz parte da série As Crônicas dos Mortos. Assim como os demais
livros da saga, foi publicado pela Faro Editorial (2016; 1ª edição).
Em Recife, o pequeno Uriel vê a grande
explosão de uma bomba que arrasava parte da cidade. Foi aquela luz que trouxe a
ele a escuridão. O começo do livro, para apresentar esse personagem que
aparecerá ao longo da trama, já dá a noção do que vem pelas demais páginas. E é
de arrepiar.
No próximo capítulo o leitor passa a ter
contato com a história que se passa em Ilhabela, localizada no litoral norte de
São Paulo. Lá estão abrigados os sobreviventes do apocalipse zumbi, tendo a
extensão do mar que os cerca, como uma espécie de proteção contra os zumbis que
ainda vagam pelo continente. Matheus, filho de Estela e Ivan, o casal de
líderes dos sobreviventes, assume o papel de general das forças militares de
Ilhabela. É ele quem comandará uma tropa de sobreviventes que parte para atacar
os zumbis que se aglomeram em São Sebastião.
“...era
impossível calcular a quantidade – parecia mesmo um formigueiro. Uma turba
enlouquecida de seres sem alma, obcecados por carne humana...” Ao leitor que não
teve contato com os livros anteriores da série As Crônicas dos Mortos, da qual
A Ilha dos Mortos é o livro quatro, o autor dá informações sobre a ocorrência
do fenômeno que transformou as pessoas em zumbis ao longo do mundo. Um planeta
chamado Absinto estava em rota de colisão com a Terra. Não houve o choque, no
entanto, a proximidade daquele planeta causou modificações terríveis em alguns
terráqueos.
Uriel, aquele garoto que presenciara o enorme
clarão, agora vive em Ilhabela e já é adulto. Sua visão fora afetada pela bomba
com napalm que explodiu anos atrás em Recife. Ele também assume uma posição
importante na ilha, pois é o vice-prefeito. A prefeitura está nas mãos de Ivan,
pai de Matheus.
Jezebel, a temível Senhora dos Mortos, com
seus poderes pra lá de terríveis e que havia se tornado uma zumbi diferente dos
demais, queria destruir todos. Sua irmã Isabel continua vivendo junto aos
sobreviventes. Jezebel havia se tornado um supermonstro, uma zumbi capaz de
raciocinar, falar e ter atividades paranormais e que “odiava a raça humana.” O encontro entre as duas irmãs é um
momento bastante aguardado. Será que ele acontece nesse volume? Será que ele
algum dia acontecerá?
Foi para conseguir contê-la com sua ira, seu
poder e milhares de zumbis que a seguiam, que os sobreviventes abandonaram o
Condomínio Colinas (situado na cidade de São José dos Campos – SP) e os levaram
a recomeçar a sua vida em Ilhabela. Um fôlego de esperança de que dias melhores
poderiam vir e de que poderiam se ver livres dos mortos-vivos. No entanto, essa
mesma ilha que é capaz de lhes dar um pouco de segurança, apresenta problemas
(e perigos que serão descobertos).
Além de Ivan e Estela, que são personagens que
o leitor acompanha desde o primeiro livro, outros sobreviventes que apareceram
em volumes anteriores estão presentes ou são citados nesse volume. Novos
personagens surgem e ganham espaço dentro da trama, inclusive assumindo o
protagonismo (ou antagonismo, em alguns casos).
Rodrigo de Oliveira continua mantendo um
ritmo ágil nos livros da saga, com surpresas e reviravoltas que são capazes de
pegar o leitor e gerar sentimentos dos mais diversos. Os personagens, em
situações extremadas, são capazes de atos por vezes impensados ou bastante
planejado e que nos levam a questionar a dualidade de suas ações. Esses mesmos personagens, em suas singularidades e diferentes aspectos, também nos encantam
pela força, pela forma com que passam pelas cenas e pelos fatos apresentados
nas fases temporais em que a história se desenrola. Há um ir e vir no tempo que
é preciso para que o leitor faça as conexões pertinentes dos movimentos que
zumbis e sobreviventes fazem.
As cenas, muito bem descritas, causam tensão,
apreensão e dão aquele impulso ao leitor para querer saber o que o espera no
próximo capítulo. Quando há um conflito direto o clima esquenta e os detalhes
expostos por Rodrigo de Oliveira nos dá a dimensão da imagem que quis o autor
retratar.
Em alguns pontos há breves relatos dos
próprios personagens ou abordados na narrativa que remetem a trechos anteriores
(descritos e vivenciados nos outros livros da série). Isso contribui para
relembrar e dá gancho para conexões que se amarram e que se clarificam para
quem lê.
Notadamente os personagens que estão desde o
primeiro livro da série e que, portanto, se tornaram mais velhos ou cresceram,
bem como seus descendentes, mantém características que nos permitem
identifica-los, o que demonstra a construção bem elaborada de suas
personalidades e que o escritor esteve atento a seu projeto inicial. Mérito do
autor em manter a coesão entre os livros da série. Você, leitor, não tem a
impressão de estar lendo um livro diferente, parece de fato a continuação do
livro anterior. Parece óbvio dizer isso, ou pelo menos é o que se espera, mas
nem sempre ocorre com sagas.
Neste livro a organização da sociedade criada
pelos sobreviventes parece estar estruturada, o que leva os seres humanos a serem
atraídos pelo poder e torna tudo mais perigoso. Quando o poder entra em cena, sempre há a
ganância humana rastejando até ele. O mal espreita os sobreviventes e eles tem
de lidar com reviravoltas, surpresas, traições, relações conturbadas,
enfrentamento com zumbis, batalhas e manter a luta pela sobrevivência.
Acompanho a série desde o primeiro livro (O
Vale dos Mortos), que é seguido pelos livros A Batalha dos Mortos e a Senhora
dos Mortos. A saga tem ainda o spin-off: Elevador 16. Se a obra já é capaz de
prender a atenção do leitor e deixar o clima de tensão no ar, imagina o que vem
por aí com A Era dos Mortos, a primeira parte do desfecho da saga. A Ilha dos
Mortos é um baita livro.
Foto: Reprodução |
Sobre o
autor
Rodrigo de Oliveira é Gestor de TI e fã de
ficção científica, dos clássicos de terror, em especial da obra de George
Romero. A ideia para esta série surgiu após um longo pesadelo tão real que, ao
acordar, começou a escrever freneticamente, até concluir seu primeiro livro.
Casado, com dois filhos, nasceu em São Paulo, e vive entre a capital e o Vale
do Paraíba.
Ficha
Técnica
Título: A Ilha dos Mortos
Escritor: Rodrigo de Oliveira
Editora: Faro Editorial
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
333
ISBN: 978-85-62409-64-6
Ano: 2016
Assunto: Ficção brasileira
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