A Era dos Mortos, de Rodrigo de Oliveira, é a
primeira parte do desfecho da série As Crônicas dos Mortos, a maior saga de
zumbis da literatura brasileira. O livro foi publicado em 2018 pela Faro
Editorial (205 páginas).
Quando uma série vai se aproximando do fim um
misto de sentimentos paira sobre o leitor. Ao mesmo tempo que bate aquela
curiosidade em saber o rumo que a vida de personagens que acompanhamos por
tanto tempo vai levar, sentimo-nos também um pouco órfãos. Aquele sentimento
controverso de ficar esperando pelo próximo livro vai deixar de existir. Pois
bem, caros leitores, no caso da saga de Rodrigo de Oliveira, teremos que
esperar mais um livro. Então ainda dá pra ter aquela mistura de sensações que
quem lê uma saga sabe. Ainda vamos ter que roer muitas unhas e segurar a
ansiedade. Vamos adentrar a era dos mortos.
“Aquela
garota já nascera numa terra de horrores e, além disso, possuía o sangue-frio e
a coragem incomuns para alguém tão novo. Tratava-se de uma criança que possuía
a alma de uma matadora.”
O livro tem início com uma perseguição de
tirar o fôlego e que vai colocando o leitor no clima do que vai acontecer nos
próximos capítulos. Pura adrenalina. Um menino observa Sarah - a garota -
fugindo. Esse menino, que descobre-se chamar Fernando, “carregava no coração um ímpeto para lutar que poucos adultos
conheciam.”
Ilhabela, cidade que abrigara os
sobreviventes do apocalipse zumbi, agora está sob o poder de um prefeito
déspota e inescrupuloso. O poder que ele tanto almejava, cujos contornos foram
apresentados no livro anterior – A Ilha dos Mortos – agora está em suas mãos. O
filho de Uriel, Otávio, também tem sede pelo poder e está envolvido com
pesquisas sobre os zumbis. Ele quer descobrir uma forma de manipulá-los. Junção
perfeita: vontade pelo poder e zumbis mais poderosos. Tudo o que Otávio quer
para colocar as mangas de fora e atacar a todos com crueldade e frieza. O
trabalho escravo, a cobrança de tributos e a imprevisibilidade do temperamento
de quem detém o poder da ilha deixa todos num clima de tensão.
Isabel, uma sobrevivente que tem grandes
poderes ainda causa preocupação. Viva ou morta ou morta-viva, ela ainda
atormenta aqueles que querem se sobrepor aos sobreviventes. Seus poderes são
tão intensos e fortes como o da Senhora dos Mortos (sua irmã Jezebel). As duas
crianças que acompanhamos em A Era dos Mortos, podem ser uma chama de esperança
para os humanos de bem.
Rodrigo de Oliveira, o autor da série, começa
a delinear o desfecho da história, contando-nos o que aconteceu com os
personagens que estiveram presentes nos livros anteriores, falando-nos sobre
alguns daqueles que ainda continuam na história e trazendo novos personagens à
trama, para dar continuidade ao que havia sido contado no volume anterior.
O clima de tensão e terror ainda paira no ar.
Zumbis são um perigo real, mas os humanos parecem carregar o poder de auto
destruição. Não seriam eles, os humanos, o verdadeiro perigo? Desde o início da
saga, podemos perceber que em vários momentos a luta pelo poder, aliada à
ganância, ambição e egoísmo de alguns personagens trouxeram grandes problemas
para a comunidade de sobreviventes. Em A Era dos Mortos não tem sido diferente.
Neste livro, notadamente, temos de maneira
mais contundente o poder de um tirano caindo sobre a população. Suas ambições
pessoais ganham prioridade em detrimento das questões coletivas o que,
naturalmente, acaba gerando um clima de conflitos. Não bastasse as questões de liderança,
as criaturas apavorantes continuam na espreita à serviço de Otávio.
Mais uma vez o autor nos surpreende mantendo
um ritmo impressionante na sua narrativa, capaz de nos deixar atordoados com as
reviravoltas que surgem, com os nós que se desembaraçam e com a grandeza de
seus personagens. Sejam eles cruéis ou mais solidários, humanos ou zumbis, são
todos fortes e densos. As situações extremadas pelas quais passam os
personagens nos deixam de queixo caído e a ação presente nas cenas nos coloca
dentro da obra, acompanhando o medo e o terror que vivem tais personagens.
Em outros livros também houve e neste, em
especial, percebemos um destaque do protagonismo feminino. O que pode ser
observado pela figura de uma das personagens que já acompanhava o leitor desde
os primeiros livros e por outra que mesmo não estando entre os vivos ainda
deixa sua marca na comunidade dada a força de sua liderança. Vê-se também essa
força feminina na personagem Sarah (que tem habilidades imprescindíveis para o
ambiente na qual ela crescera). Outras decisões importantes que vão impactar no
desfecho da obra ficam a cargo de personagens femininas. E vale destacar, que
no cenário de caos que há com a presença dos mortos-vivos, o autor ainda
consegue colocar um tema impactante como alerta. O leitor vai saber ao ler.
A Era dos Mortos impressiona pela trama, pela
força de um livro que se propõe a ser a
primeira etapa do desfecho de uma série e que ainda assim, traz coisas novas e
aterrorizantes ao leitor, sem fugir do aspecto de continuidade da obra. O autor
deixa-nos estupefatos com os acontecimentos e com vontade de ler mais. Que
crueldade!
É um livro forte, tenso e faz com que nossas
expectativas para a parte final sejam altíssimas. É de arrebentar com a nossa
imaginação!
Foto: Reprodução |
Sobre o
autor
Rodrigo de Oliveira é Gestor de TI e fã de
ficção científica, dos clássicos de terror, em especial da obra de George
Romero. A ideia para esta série surgiu após um longo pesadelo tão real que, ao
acordar, começou a escrever freneticamente, até concluir seu primeiro livro.
Casado, com dois filhos, nasceu em São Paulo, e vive entre a capital e o Vale
do Paraíba.
Ficha
Técnica
Título: A Era dos Mortos
Escritor: Rodrigo de Oliveira
Editora: Faro Editorial
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
205
ISBN: 978-85-9581-006-8
Ano: 2018
Assunto: Ficção brasileira
Como uma fã nata do Rodrigo posso dizer que já estou sentindo saudades do livro a segunda parte final eu li e chorei em varios pontos vai fazer falta
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