Em
seu novo livro, o poeta Marcelo Ariel convida o leitor à reflexão existencial
e
a uma nova forma de olhar para o mundo
A palavra “alteridade” significa a natureza
ou a condição do que é o outro, do que é distinto; estado ou qualidade que se
constitui através de relações de contraste. “O centro desta obra é a escrita
como alteridade” – é o que afirma o poeta Marcelo Ariel em menção ao seu novo
livro, que acaba de ser publicado pela Editora Penalux.
O caráter diferenciado deste novo projeto
já começa pelo título, que está em tupi-guarani, Jaha ñade ñañombovy’a, cujo significado é “Vamos nos maravilhar”.
Segundo o autor, “é um convite para um certo louvor da alteridade, que deveria
nos maravilhar por ser um elemento constitutivo da beleza do mundo, das
variedades de formas de viver a vida”.
Reunião de poemas escritos nos últimos três
anos, a obra que tem como proposta uma fusão de ensaio e poesia. Há uma “mestiçagem
das formas e gêneros de escrita”, todos costurados pelo poético, “por uma certa
fuga para o poético”. Também compõe o livro uma novela em prosa poética, A Rainha do fogo invisível, seguida de
poemas onde o analítico e o lírico se confundem e se iluminam. Completando esse
conjunto híbrido de textos, há uma parte com vários aforismos que escondem
dentro de si um poema em fragmentos. “Percorro um caminho diverso na poesia
brasileira contemporânea”, defende Ariel, “justamente por me recusar a me
fechar em um tipo de enquadramento da escrita poética em padrões historicamente
validados pela formação de cânones imitativos”.
O poeta se utiliza de diversas formas de
escrita na tentativa de dar conta do caráter múltiplo do mundo. Para ele, a
poesia não se fecha dentro de si mesma; ela dialoga com a ciência. “Algo que
aprendi com Augusto dos Anjos e com a Filosofia, com a Política e a
Antropologia”, explica. E conclui: “A poesia brasileira de hoje tem conversado
muito com a sociologia e pouco com as outras instâncias do conhecimento humano”.
Ariel segue um caminho solitário dentro da
cultura brasileira contemporânea: intelectual negro autodidata que não se curva
diante dos modos convencionais de escrita poética, seguindo uma linhagem de
pesquisadores de linguagem. Isso, por si só, já é algo pouco comum na atual cena
literária brasileira.
A escritora Tales Ab Saber, em sua
apresentação do livro, ressalta o modo como Ariel confronta a falta de um mundo
sólido e definido, que é uma característica do nosso tempo, com a abertura para
outros mundos dentro deste mundo, múltiplo em essência. No prefácio, outra
escritora, Natália Barros, chama a atenção para a capacidade dos poemas do
livro de nos levarem a uma outra perspectiva do tempo presente, sobretudo a uma
perspectiva de espanto e maravilhamento.
Tendo por valor a estranheza e a
profundidade, o livro aborda temas sociais e metafísicos sem separar estas duas
abordagens, que são colocadas dentro de uma dimensão ampla, que podemos chamar
de dimensão de uma ontologia poética do mundo. É um convite para vê-lo melhor
e, quem sabe, nos maravilhar com ele.
Sobre
o autor:
Marcelo Ariel nasceu em Santos e vive em Cubatão. É autor
dos livros Tratado dos anjos afogados
(Ed. Letraselvagem), Retornaremos das
cinzas para sonhar com o silêncio (Ed. Patuá), A névoa dentro da nuvem (Ed. Lumme), entre outros.
Serviço:
Título: Jaha ñade ñañombovy’a – poesia
Autor: Marcelo Ariel | Ilustrações: Ulysses Bôscolo
Especificações: 14x21, 162 p., 1ª edição –
Editora Penalux, 2018.
para compra: http://bit.ly/vamos_nos_maravilhar_poesia_leia
Amostra grátis: http://pt.calameo.com/read/001812301bef261eb2dad
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