Décio Gomes concedeu entrevista ao Tomo
Literário. O escritor fala sobre seus livros, o cenário literário para
escritores de terror, os 13 malditos, inspiração, novos projetos e indicação de
autores e livros.
Tomo Literário: Você lembra do seu primeiro
contato com os livros? Como foi? E quando você resolveu tornar-se escritor?
Décio
Gomes: Tenho
contato com livros desde muito pequeno, logo nos primeiros anos de escola. Era
apaixonado pela coleção Vaga-lume, e conforme fui ficando mais velho, passei a
explorar estilos mais adultos. Com nove anos de idade, meu livro favorito era
'O primo Basílio'. Depois conheci as histórias obscuras de Edgar Allan Poe, e
foi então que senti a vontade de fazer algo parecido, algo inspirado naquela
escrita assustadora e ao mesmo tempo belíssima.
Tomo Literário: Como surgiu a ideia de escrever a
trilogia As Crônicas de Ridell?
Décio
Gomes: A ideia das crônicas
surgiu de um devaneio, de um momento em que eu lia um livro de contos de Edgar
Allan Poe enquanto escutava o álbum 'Are you listening?', da cantora Dolores
O'riordan. A junção da obscuridade do livro com a das músicas moldou de
imediato a imagem de uma mansão abandonada, de uma família cheia de segredos
tenebrosos, de um romance sobrenatural de época que no mesmo dia transformou-se
em um conto de 17 páginas. Algum tempo depois, sob a sugestão de um amigo,
transformei o conto em 'Albertine', que foi sucedido por Minueto da Madrugada e
Elegia, finalizando a trilogia.
Tomo Literário: Da trilogia surgiram livros para
o personagem Julian Bergamo. O que te motivou a fazer esse desdobramento a
partir dos outros livros?
Décio
Gomes: As
histórias paralelas surgiram a partir do momento em que meus leitores, notando
o longo pano de fundo que o personagem em questão possuía, pediram que eu
escrevesse contos narrando suas aventuras quando jovem, já que na trilogia ele
é idoso. Ouvindo cada sugestão, comecei a desenvolver uma historinha curta e
rápida que rendeu um livro de 130 páginas, mas que acabou também agradando aos
leitores. Isto acabou gerando uma série paralela, que hoje já parte para o
terceiro volume.
Tomo Literário: Albertine, seu
primeiro livro, foi publicado em 2012. De lá para cá o que você nota de mudança
no seu trabalho?
Décio
Gomes: É
bem certo que em alguns anos a gente mude, evolua e pense diferente em muitos
quesitos, e isso também se aplica ao meu mundo como escritor. Existem fases,
existem momentos em que estou mais apto a escrever de uma forma, ou sobre um
certo tema, e por aí vai. Não digo que mudou muito em relação a isso, mas desde
então experimentei vários gêneros literários para não ficar sempre na mesmice.
Tomo Literário: Como você tem
percebido o cenário literário em relação aos escritores brasileiros de terror?
Décio
Gomes: Tenho
ficado muito feliz ao perceber um crescimento do interesse por este gênero,
algo que talvez não fosse tão comum em 2012, quando lancei Albertine. Hoje em
dia existe uma procura muito maior por obras de terror e horror, e isso vem abrindo
portas para novos autores super talentosos que tenho encontrado pelo caminho.
Tomo Literário: Ao lado de mais doze autores você
faz parte do grupo 13 Malditos. Como foi o resultado da ação? Qual a sua visão
em relação a união de escritores para promoção da literatura nacional? Ainda há
muito a fazer?
Décio
Gomes: Recebi
da Glau Kemp o convite para participar do projeto, e não pude ficar mais feliz
e agradecido. O resultado foi excelente, foram mais de 10 mil ebooks baixados,
muitas marcações e postagens em blogs, além do interesse de centenas de pessoas
pelos nossos trabalhos. A literatura nacional precisa de movimentações como
essa, que geram interesse e união em vez de concorrência. Autores precisam se
unir e não competir. É assim que vamos construindo, aos pouquinhos, um chão
sólido onde possamos pisar sem medo, e projetos como os 13 malditos levantam um
tijolinho a mais em cada vez que acontecem.
Tomo Literário: Equilibrium foi publicado pela
Editora Coerência. De onde veio a ideia do livro e quanto tempo levou todo o
processo de criação?
Décio
Gomes: Equilibrium
foi um livro que lancei em 2014, de forma independente. Ele surgiu da minha
vontade de participar de um concurso importante naquele mesmo ano, então sentei
e bolei a história em menos de meia hora. Comecei a escrever e levei cerca de
quatro meses para conclui-lo e mandá-lo para o concurso, só para descobrir no
ato da inscrição que autores já publicados não poderiam participar. A princípio
fiquei chateado, mas depois percebi que tinha um livro a mais nas mãos. Foi
então que depois de um tempo surgiu o interesse da editora Coerência na
publicação, algo muito positivo e que levou o livro para as mãos de muitos e
muitos leitores.
Tomo Literário: Você acabou de escrever Tenebris
Hibernus. O que os leitores podem esperar do livro?
Décio
Gomes: Tenebris
Hibernus é o terceiro livro da série In nomine patris. Levei cerca de um ano
para escrevê-lo, e o que eu posso garantir é que é um dos meus livros mais
maduros e mais recheados de fantasia sombria. Cada parágrafo foi escrito com
cuidado e carinho para proporcionar uma ótima leitura, elevando a história do padre
Jullian a um nível nunca antes atingido nos livros anteriores. É um livro muito
especial.
Tomo Literário: De modo geral, o que te inspira a
escrever?
Décio
Gomes: Costumo
tirar inspiração de músicas, games e séries que me instigam, aquelas que penso "nossa,
eu gostaria de ter algo parecido com isso". Nunca cheguei a realmente me
inspirar em conteúdo para escrever algo que o leitor lembre de outro título,
mas as referências são claras e os mais atentos perceberão relações sutis e
muito gostosas. Minha inspiração para escrever, inclusive, sempre vem de
madrugada, e é por isso que a maioria dos meus trabalhos são de conteúdo
obscuro.
Tomo Literário: Está trabalhando em algum novo
projeto literário? Pode nos contar?
Décio
Gomes: Atualmente
estou trabalhando no meu primeiro livro de romance romântico, Caçadores de pôr
do sol, e também em um novo livro de terror de época todo ambientado no sertão
de Pernambuco. Serão livros muito especiais e estou muito ansioso pra poder
falar mais um pouco sobre eles com meus leitores (e futuros leitores também).
Foto: Reprodução |
Tomo Literário: Que autores você recomenda ou
quais autores influenciaram o seu trabalho como escritor?
Décio
Gomes: Desde
pequeno, o autor que mais me inspirou foi Edgar Allan Poe, graças ao teor
muitos similar ao que escrevo. Mas além dele, alguns outros também fizeram
parte da minha formação literária, tal como Marcelo Rubens Paiva, Marcia
Kupstas e Eça de Queiroz.
Tomo Literário: Que livros, de
quaisquer gêneros, você indicaria aos leitores e de que maneira esses livros te
tocam?
Décio
Gomes: Um
livro que costumo indicar bastante é "A maldição do silêncio", de
Marcia Kupstas. Foi o primeiro livro de terror nacional que li e gosto muito da
forma que ele é contado. É um livro muito curto e que era distribuído em
bibliotecas escolares, embora eu até hoje não entenda como um livro com uma
temática tão obscura tenho sido aprovado para ser distribuído pelo MEC! Ele
fala sobre um garoto da cidade que vai passar as férias no interior, na casa
dos avós, e acaba conhecendo outro garoto, humilde e doente terminal,
descobrindo que o novo amigo consegue ver a morte, especialmente por saber que
ela estava lá esperando por ele. É arrepiante!
Tomo Literário: Quer deixar algum comentário para
os leitores?
Décio
Gomes: Se
você é meu leitor e está lendo essa entrevista, deixo um imenso OBRIGADO, pois
sem você eu não teria motivos para escrever. E se você que está lendo ainda não
conhece meu trabalho, aproveita e dá uma olhadinha nos meus livros, seria uma
honra para mim ter a chance de oferecer uma boa história para te entreter!
Saiba
um pouco mais sobre o autor
Décio Gomes nasceu
no fim da década de oitenta e, desde criança, teve os livros como paixão.
Escrevia contos ainda criança, e logo descobriu que queria ser escritor quando
chegasse a hora. Isto veio acontecer no ano de 2012, com o lançamento de
‘Albertine’, seu primeiro e elogiado romance inspirado nos trabalhos de Edgar
Allan Poe e Dolores O’riordan.
Desde então
lançou vários outros livros, alguns deles traduzidos para inglês, espanhol e
italiano, e recebeu prêmios literários nacionais e internacionais como o
‘Prêmio Clarice Lispector’ e o ‘Sweek Stars 2017'.
Sobre os livros do autor
Todos os livros
do autor estão disponível na Amazon.
Muito agradecido pela oportunidade! Forte abraço.
ResponderExcluirDécio, eu que agradeço pela disponibilidade em conceder a entrevista. Sucesso! Forte abraço.
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