Rogério Andrade Barbosa tem inúmeros livros infantis publicados e acaba
de lançar pela Editora do Brasil a obra Beijados pelo Sol que trata do sofrimento dos portadores de
albinismo na África. Ele falou ao Tomo Literário. Confira.
Tomo
Literário: O livro Beijados pelo Sol,
publicado pela Editora do Brasil, trata do albinismo nos negros em alguns
países da África. Como surgiu a ideia do livro?
Rogério
Andrade Barbosa: O livro surgiu a partir
de uma viagem que fiz a Tanzânia. Lá tomei conhecimento do assunto, pesquisei,
fiz contato com ativistas locais e daí foi só escrever.
Tomo
Literário: Na África os albinos chegam a ser
mutilados e sofrem outros tipos de ataques. Você conheceu algum caso de perto
que possa nos relatar?
Rogério
Andrade Barbosa: Na Tanzânia deparei-me
com inúmeras reportagens e fotos publicadas nos jornais da imprensa local.
Tomo
Literário: Você foi professor voluntário a serviço da
ONU e estuda história e literatura oral do continente africano. Como a
literatura é percebida, particularmente em Guiné-Bissau, onde atuou?
Rogério
Andrade Barbosa: Na Guiné-Bissau, a
produção literária escrita ainda é pequena, mas o país tem uma rica e diversa
literatura oral.
Tomo
Literário: A literatura e as artes de modo geral, são
um meio de lutar contra o preconceito e pela igualdade e respeito? Como você
encara essa questão na literatura infantil, uma vez que temos a percepção de
poucos personagens representativos em muitas esferas da sociedade?
Rogério
Andrade Barbosa: O livro é como um
espelho no qual a criança, não importa a sua cor ou etnia, precisa se ver
refletida. Nos últimos anos a presença de personagens negros e indígenas
aumentou consideravelmente -, em comparação com os livros anteriores
a década de 1980.
Tomo
Literário: Com mais de cem títulos publicados de
literatura infantil e juvenil o que é indispensável para agradar o leitor?
Rogério
Andrade Barbosa: A primeira página, a meu
ver, é essencial para conquistar o jovem leitor. O meu truque é
escrever livros que eu gostaria de ler quando tinha a idade de meus
leitores
Tomo
Literário: O que te inspira a escrever?
Rogério
Andrade Barbosa: Escrevo por prazer e
também por ser o meu ganha pão.
Tomo
Literário: Que autores você recomenda ou quais autores
influenciaram o seu trabalho como escritor?
Rogério
Andrade Barbosa: Eu era fã de Julio
Verne, autor de livros de aventura célebres como A Volta ao Mundo em 80 Dias;
Viagem ao Centro da Terra, Vinte Mil Léguas Submarinas, etc.
Tomo
Literário: Que livro recomendaria a um amigo?
Rogério
Andrade Barbosa: Sobre a Escrita, de
Stephen King -, um manual pra quem gosta de escrever uma boa história.
Tomo
Literário: Está preparando algum novo projeto literário?
Rogério
Andrade Barbosa: Sim, mas ainda é
segredo
Tomo
Literário: Quer deixar algum comentário para os
leitores?
Rogério Andrade
Barbosa: Ler é muito bom. Os livros são como tapetes voadores
que nos levam para lugares distantes e misteriosos.
Foto: Reprodução |
Saiba mais sobre o escritor:
Rogério Andrade Barbosa é professor,
escritor, contador de histórias e ex-voluntário das Nações Unidas na
Guiné-Bissau, África. Graduou-se em Letras pela Universidade Federal Fluminense
e fez Pós-Graduação em
Literatura Infantil na UFRJ. Trabalha com histórias do
folclore brasileiro, na área de Literatura Afro-Brasileira e Africana e em
programas de incentivo à leitura proferindo palestras e dinamizando oficinas.
Publicou, em 25 anos de carreira, mais de 100
livros infantis e juvenis (Alguns de seus livros foram traduzidos e publicados
na Alemanha, Estados Unidos, Espanha, Argentina, México, Gana e Haiti).
Recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio
da Academia Brasileira de Letras de Literatura Infantil e Juvenil de 2005, o Prêmio
Ori 2007, da Secretaria das Culturas do Rio de Janeiro, dado em homenagem aos
que se destacam na valorização da matriz negra na formação cultural do Brasil. Dois
de seus livros foram selecionados para o The White Ravens (acervo da Biblioteca
Internacional de Literatura Infantil e Juvenil de Munique, na Alemanha) e outro
para a Lista de Honra do Ibby (International Board on Books for Young People),
na Suíça. E quinze de seus livros receberam o prêmio Altamente Recomendável da
FNLIJ ( Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil).
Participou como autor, palestrante e contador
de histórias das Feiras do Livro de Frankfurt (Alemanha), Bolonha (Itália), Luanda
(Angola), Santo Domingo (República Dominicana); Guadalajara e Cidade do México
(México); do Projeto “Doy a Palabra a Mis Histórias”, em Lima (Peru), do II
Encontro Iberoamericano de Literatura para Crianças e Jovens, em Havana (Cuba).
E, também, como palestrante no Centro Cultural Brasil Angola ( Luanda), Centro
Cultural Brasil-Moçambique, em Maputo (Moçambique), no Centro Cultural Brasil
Cabo Verde, em Praia (Cabo Verde) no Centro Cultural Brasil São Tomé ( São Tomé
e Príncipe) e na Universidade de Adis Abeba ( Etiópia). Além dos Congressos do
IBBY( International Board on Books for Young People ) em Cartagena (Colômbia),
Basel (Suíça), Cape Town (África do Sul), Macau (China) e Copenhagem (Dinamarca).
Site do Autor:
No livro, Barbosa
relata a história de um garoto, Kivuli, que nasceu com albinismo, no interior
da Tanzânia, país com incidência de albinismo na África. Kivuli tentava
entender a diferença com os amigos e sabia dos riscos que ele corria, até de
morrer. Tudo, só porque era diferente dos outros. Ele se protegia do sol na
sombra das árvores ao ir para escola, mas um dia foi sequestrado e levado para
longe.
A ideia é fazer
com que a história de Kivuli sensibilize e sirva de alerta e inspiração para as
pessoas que lutam contra o preconceito e pela igualdade e respeito, mesmo para
quem é diferente. No Brasil, por exemplo, onde é maioria, a população negra
ainda sofre todo tipo de preconceito.
Na África, os
portadores de albinismo, além das mutilações de mãos, pés, cabelo, olhos e
outras partes do corpo, também sofrem com outros tipos de ataques e agressões
menores, como o bullying, tipo de agressão que também é registrada em outros
países e continentes.
O livro conta com
apresentação da jornalista Patrícia Campos de Toledo, autora de reportagem
especial sobre o assunto no jornal Folha de S. Paulo.
As ilustrações são
de John Kilaka, que nasceu e mora na Tanzânia e é um artista premiado na Europa
e na África. Ele usa em sua arte a tradição da “tingatinga”, um estilo
imortalizado por um artista da Tanzânia, para conferir um colorido especial às
ilustrações.
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