Anna Julia Dannala lançou seu primeiro livro aos quatorze
anos. Moinho de Invento é seu mais recente livro e a autora participou da
Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. Anna Julia concedeu entrevista
ao Tomo Literário. Ela falou sobre carreira, poesia, ilustrações e muito mais.
Confira.
Tomo
Literário: Como se deu seu primeiro
contato com a literatura? Conte-nos um pouco.
Anna Julia
Dannala:
Aos 5 anos de idade eu já lia e escrevia bem, preferia ficar na biblioteca do
que brincar no parquinho com meus colegas. Ninguém me levou até os livros ou me
influenciou, é como seu eu tivesse sido chamada por eles. Lembro-me de meu
vizinho ter me dado dois livros brancos de capa dura com uma ilustração em
aquarela na capa, um era uma história sobre o patinho feio, era um livro com
uma história longa e algumas ilustrações em aquarela muito bonitas, sei que
esse foi o primeiro livro que li, eu lia todo dia antes de dormir, o segundo
livro não me lembro do nome. Foi aos 7 anos de idade que comecei a escrever
meus primeiros contos. Eu escrevia longos contos de fantasia e enormes redações
para que as professoras lessem. Escrevia aos 9 anos de idade, à lápis, contos
de quase 10 páginas! Sempre gostei muito de gramática e da língua portuguesa.
Mas o verdadeiro amor pela escrita surgiu aos 10 anos de idade, depois que fiz
minha primeira poesia num trabalho escolar, onde eu exaltava nossa pátria,
chamada “Brasil nosso encanto”, a partir dessa poesia a inspiração só cresceu e
nunca mais parei de escrever.
Tomo
Literário: Moinho de InVento é um livro
de poesias. Elas foram escritas em diferentes períodos? Como surgiu a ideia do
livro?
Anna Julia
Dannala:
Bem, em dezembro de 2014, num dia de tempestade, eu fiz uma poesia com a caneta
do tablet, “a poesia do poeta errante”, como gosto de chamar, que está na
primeira página do último capítulo do Moinho, e ilustrei. No dia seguinte fiz
outra. Então comecei a escrever poesias digitais com a caneta do tablet num
aplicativo de notas, fui escrevendo e ilustrando e em alguns meses, quando
percebi já ter várias poesias nesse estilo, me veio a ideia de juntar várias
delas e escrever um livro todo feito a mão. “Isso é loucura!”, pensei. Eu
queria escrever algo diferente e fora dos padrões que conhecemos, além de ter
me encantando por brincar com palavras e ainda poder “desenhá-las”. Então, como
gosto de desafios, pus a mão na massa. Uma das coisas que aprendi com o Moinho:
aprendi a lidar com meus medos, principalmente o medo de errar. Coloquei uma
meta em que eu teria que atingir pelo menos 150 poesias de uma página cada. Ao
chegar a esse número comecei a passar as poesias a limpo para um caderno A4 sem
pauta, e fui seguindo. Acabei ultrapassando as 150 páginas. Foi uma longa
jornada e quando notei já havia passado todas elas a limpo.
Tomo
Literário: Quanto tempo levou para o
livro ficar pronto? E qual foi a etapa mais trabalhosa?
Anna Julia
Dannala:
Comecei em dezembro de 2014 e passei a última página a limpo em outubro de
2016. E depois disso ainda decidi acrescentar poesias escritas na minha máquina
e escrever no Moinho também, o que finalizei em dezembro mais ou menos.
Praticamente 2 anos para concluir. O livro todo foi muito trabalhoso, eu queria
que tudo ficasse perfeito. A etapa mais difícil foi a de passar as poesias
digitais a limpo, principalmente as ilustrações. Acho que a parte mais difícil
foi a das ilustrações, algumas delas demoraram mais do que a escrita, mesmo eu
tendo escolhido desenhar de um jeito mais simples, queria que fosse tudo muito
bem detalhado e preciso.
Tomo
Literário: O livro tem ilustrações que
foram feitas por você. Fale um pouco sobre seu processo de criação.
Anna Julia
Dannala:
Cada poesia tem sua própria ilustração, mas algumas só possuem palavras. Os
desenhos não só ilustram como também completam as palavras, eu brinco com a
linguagem verbal e não verbal. Fiz tudo no tablet primeiro e depois comecei a
passar a limpo para um caderno. Lembro de uma vez, quando eu já estava com 40
páginas passadas a limpo, estava escrevendo sentada no chão do meu quarto,
debaixo da janela, deixei o caderno aberto ali e fui cuidar de meus afazeres,
choveu e eu esqueci a janela aberta, quando voltei todas as páginas estavam
molhadas e tudo tinha sido borrado, não consegui salvar nenhuma página daquele
caderno. Tive que comprar outro e começar do zero. Eu criei uma caligrafia
própria para o Moinho, bem rústica e artística, eu escrevi com simples canetas
esferográficas, muitas vezes eu errava alguma palavra, algum verso, e amassava
a folha e começava tudo de novo. E no fim ainda peguei várias poesias que eu
tinha guardado e passei a limpo na minha máquina de escrever, acrescentando à
obra.
Tomo
Literário: Coração Poético foi seu
primeiro livro e reuniu poesias que fez dos dez aos treze anos. Como foi
publicar um livro aos quatorze anos de idade?
Anna Julia
Dannala:
Escrever o livro Coração Poético uma sugestão da minha vó, o título também foi
sugerido por ela, que sempre acompanhou meus escritos. A vó sempre lia minhas
poesias e gostava muito, então ela disse que eu devia enviar pra uma editora,
eu disse à ela que não iriam querer publicar um livro de alguém que tão jovem,
mas mesmo assim eu tentei, mandei o original pra uma editora que foi sugerida
por uma amiga poeta da minha vó, editora Iluminatta, e ela aceitou, mandou o
contrato e eu assinei, assim o Coração Poético foi publicado. Foi muito rápido,
mas foi incrível conseguir publicar um livro tão jovem.
Tomo
Literário: Quais são os autores que te
influenciam ou que te inspiram?
Anna Julia
Dannala:
Gosto de tantos autores que é difícil citar
apenas um. Adoro Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Olavo Bilac, Clarice
Lispector, Machado de Assis, J. K. Rowlling, Rick Riordan, John Green, Kiera
Cass, Júlio Verne, Cornelia Funke, Lygia Bojunga, Agatha Christie, Jojo Moyes.
Mas com certeza são grandes inspirações pra mim na poesia Clarice Freire, Pedro
Gabriel, Fernando Pessoa e Paulo Leminski.
Tomo
Literário: Que livros, de quaisquer
gêneros, você indicaria aos leitores? Por
que?
Anna Julia
Dannala:
Eita! Seriam muuuuitos! Indico livros de autores que gosto muito pela escrita
leve e a história bem desenvolvida, a Paula Pimenta, Carina Rissi, FML Pepper,
John Green, J. K. Rowling, Juliana Daglio, Camilla Deus Dará, Ana Beatriz
Brandão, que é uma grande inspiração para mim, Giovanna Vaccaro, O Pequeno
Príncipe, trilogia Coração de Tinta, A Seleção, Jojo Moyes, Fernando Pessoa, O
Herdeiro Mago, As crônicas de Narnia, Jogos Vorazes, O príncipe Gato, André
Vianco, O medalhão de Isis, entre outros.
Tomo
Literário: Está trabalhando em algum
projeto literário? Pode nos contar?
Anna Julia
Dannala:
Tenho vários projetos, depois de lançar o Coração Poético comecei o primeiro
livro de uma trilogia de fantasia, depois pausei e fui dar atenção ao Moinho e
ao Guarda-chuva vermelho, um drama/romance que escrevi simultaneamente com o
Moinho e ainda não finalizei, pretendo que seja esse meu terceiro livro
publicado, provavelmente começo do ano que vem. Além desses, tenho mais uns 4
projetos entre fantasia, suspense e drama.
Tomo
Literário: Deseja deixar algum comentário
para os leitores?
Anna Julia
Dannala:
Sempre digo: sigam adiante sem olhar para os lados ou para trás, escrever é uma
tarefa difícil e que precisa de duas coisas: foco e fé. Acredite em si mesmo.
Não importa o que digam ou o que pensem, nunca deixem de sonhar. Os sonhadores
podem mudar o mundo. Enfrentem tudo e sigam em frente, sejam leves porque somos
breves e acima de tudo, sejam fortes.
Foto: Reprodução |
Conheça
um pouco mais sobre a autora
Anna Julia Dannala nasceu nos últimos dias
dos anos 90. Estudante, apaixonada por livros, desenhos, animais, rock e
antiguidades. Desde pequena descobriu que a magia existia quando aprendeu a
ler, logo a paixão por criar mundos surgiu e começou a escrever sobre tudo o
que vê e sente. A poesia e o desenho foram seus primeiros amores e desde então
vem tecendo levezas bordadas com palavras. Começou a escrever seus primeiros
poemas e contos aos 7 anos. Publicou seu primeiro livro de poesias aos 14 anos
pela editora Iluminatta, intitulado “Coração Poético”. Ganhadora de vários
prêmios de desenho e literatura. Fez participação em duas antologias de contos,
uma de poesias e uma de haicais. Hoje, aos 17 anos, tem 5 livros escritos,
sendo um deles feito a mão. Em 2017 publica seu segundo livro de poesias pela editora
Arwen, escrito e ilustrado a mão: Moinho de InVento. Seja qual for o caminho
que escolher, onde quer que ela esteja, estará escrevendo.
Que tal
conhecer os livros?
Primeiro livro da autora (Anna Julia
Dannala), suas primeiras poesias e frases escritas de seus 10 a 13 anos. Textos
diversos sobre as coisas do dia-a-dia, animais, sentimentos, emoções. Temas
infantis, de amizade, natureza. Sobre o que toda criança quer, sonha e sente.
Versos singelos.
Disponível na Amazon | Saraiva | Clube deAutores
Moinho de InVento
Moinho de InVento é um livro de poesias
otimistas e reflexões singelas sobre a vida. Seus versos sobre sonhos, medos,
paixões, saudades, alegrias e esperanças foram inspirados pelo vento; a autora
coloca a construção do pensamento em três fases — a lufada, a ventania e a
brisa —, do repentino e passageiro ao forte e contínuo, até chegar ao ponto
onde tudo se acalma.
Escrito e ilustrado à mão pela própria
autora, sua linguagem é leve, branda e repleta de metáforas que sustentam a
ideia de que devemos nos reinventar a cada momento. Mesmo que haja ventania,
tudo tende à calmaria, tudo tende à poesia, tudo tende à brisa.
Disponível
no site da Editora Arwen | Livraria Cultura
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Ahhh! Ficou maravilhosa a postagem! Melhor blog! <3 Obrigadaaaa! <3
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