“E numa
casinha torta esse grupo se aglomerou.”
Charles Hayward conhece Sophia Leonides no
Cairo, Egito. Ela mora em Swinly Dean, famoso subúrbio distante de Londres. É a
personagem quem diz ao seu interlocutor que mora numa casinha torta (referência
à uma canção infantil inglesa).
Dois anos depois Charles retorna à Inglaterra
num dia de setembro e ao ler o Times se depara com a seguinte informação: “Faleceu no dia 19 de setembro, na
residência Três Empenas, em Swinly Dean, Aristide Leonides, amado esposo de
Brenda Leonides,aos 87 anos. Profunda tristeza.” Aristide Leonides era
casado com uma mulher cinqüenta anos mais jovem que ele, e morava na casa
torta, com os filhos, netos, noras e uma cunhada, irmã da primeira mulher do
personagem.
Charles reencontra Sophia, neta de Aristide, que
teve de fugir de casa, pois esta estava tomada pela polícia para apuração da
morte de Leonide por envenenamento, logo é constatado que houve por ali um
assassinato.
“_
Basicamente qualquer pessoa dentro daquela casa pode ter cometido o
assassinato.”
– declara o pai de Charles durante um diálogo que tem com o filho. Essa frase
que coloca os personagens suspeitos dentro do espaço (a casa) nos faz perceber
ao longo da trama que, aparentemente nenhum dos personagens que a habitam
tenham motivos para matar Aristide Leonides. Embora todos possam receber uma
vultuosa quantia em dinheiro, em decorrência de sua morte, ele não era um homem
avaro que negava acolher financeiramente os seus.
Tudo isso ocorre nas páginas iniciais do
livro “A Casa Torta”, que foi publicado originalmente em 1949. A edição lida
para a composição desta resenha, trata-se da publicação feita pela L&PM
Editores em 2011 (240 páginas), que tem tradução de Débora Landsberg.
O livro em questão traz o prefácio da própria
Agatha Christie, autora que só é superada em vendas pela Bíblia e por William
Shakespeare. É a própria escritora, portanto, quem revela que A Casa Torta é um
dos seus livros prediletos e cita que “quase
todo mundo gostou de A Casa Torta, o que corrobora minha crença de que se trata
de um dos meus melhores livros”.
A investigação do crime é feita pelo
inspetor-chefe Taverner, às vezes acompanhado do Sargento Lamb. Charles entra em
cena participando ativamente da investigação do crime, concentrando-se os
detalhes da investigação por meio desse personagem. O pai de Charles, a quem
ele chama de Velho, fora comissário-assistente da Scotland Yard e acredita que
o filho possa ser o olhar de dentro da casa, já que ele tem uma ligação com
Sophia. Ele já havia trabalhado no departamento de segurança política da
Scotland Yard, no início da guerra.
“_
Tenho ligação com a polícia, mas também sou amigo da família.” – Responde Charles
para uma das personagens.
O pai de Charles atua como um mentor, dando
ao filho orientações sobre o que deve se atentar durante a investigação.
Em mais uma excelente trama da Rainha do
Crime, o leitor se verá no emaranhado de pistas, diálogos, informações
diversas, relações e revelações que conduzirão ao fechamento e solução sobre a
morte de Aristide Leonides. Charles, em meio à família, vai acessar
acontecimentos por meio da conversa com outros personagens. E nós leitores
somos conduzidos pelo emaranhado de informações que vão sendo lançadas ao
personagem, para que juntos possamos desvendar quem matou o octagenário. A
narrativa é feita em primeira pessoa por Charles.
É uma trama surpreendente que fascina,
sobretudo, com a revelação final. Curioso? Leia. Agatha Christie tem razão,
pois também acredito que seja um de seus melhores livros. Já havia lido
anteriormente, mas não o colocava na lista dos meus prediletos. No entanto, com
a releitura da obra e um olhar mais aguçado, passo a inseri-lo entre os meus mais
bem quistos livros de Agatha, em que outrora figuravam livros que tinham no
cerne da investigação os personagens mais célebres da autora, como Hercule
Poirot e Miss Marple. Nesse livro eles não aparecem e nem são citados.
Agatha utiliza bem o recurso de induzir o
leitor a crer que o criminoso é um determinado personagem, mas não só um, nos
dá a impressão de que vários deles podem ter motivações camufladas para ter
cometido o assassinato, embora também nos pareça que nenhum deles tenha
concretamente tal motivo. Isso aumenta ainda mais o suspense e a dramaticidade,
quando da conclusão do caso, pois gera um jogo interessante com o leitor para
desvendar a personalidade dos personagens, seus segredos, sua movimentação
dentro da casa e a relação que eles tem. É daqueles livros que você começa e
não querer parar até que conclua a leitura.
A Casa Torta é um excelente livro de
suspense!
Foto: Reprodução |
Sobre a
autora
Agatha Christie é a autora mais publicada de
todos os tempos. Em uma carreira que durou mais de cinqüenta anos, escreveu
romances de mistério, contos, peças de teatro, uma série de poemas e livros
autobiográficos, além de romances sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Dois de
seus personagens tornam-se mundialmente famosos: o engenhoso detetive belga
Hercule Poirot e a irrepreensível e implacável Miss Jane Marple. A obra de
Agatha Christie foi traduzida para mais de cinqüenta línguas e muitos de seus
livros foram adaptados para o teatro, o cinema e a televisão. A autora
colecionou diversos prêmios ainda em vida, e sua obra conquistou uma imensa
legião de fãs. Ela é a única escritora de mistério a alcançar também fama
internacional como dramaturga e foi a primeira pessoa a ser homenageada com o
Grandmaster Mystery Writers of America. Em 1971, recebeu o título de Dama da
Ordem do Império Britânico. Agatha nasceu em 15 de setembro de 1890 em Torquay,
Inglaterra, e faleceu em 12 de janeiro de 1976, após uma carreira de sucesso.
Ficha Técnica
Título: A Casa Torta
Escritor: Agatha Christie
Editora: L&PM Editores
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-254-2355-9
Número
de Páginas:
240
Ano: 2011
Assunto: Literatura inglesa
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