O vôo de um avião parece
normal, até que um evento misterioso ocorre. A família Firmleg se vê numa
situação que aparenta a queda da aeronave. Surpreendentemente, numa outra
dimensão, eles tem contato com um ser alienígena. Billy, um dos membros da
família, é um garoto que não teme o ser e passa a interagir com ele.
Eis que se abrem diferentes
vertentes que se correlacionam: “o
registro de desaparecimento do vôo CHA-002 no Triângulo das Bermudas e,
separada por centenas mais centenas de anos, o novo horizonte aberto para Billy
e sua família um pouco mais ao norte, enquanto em outras milhares, um pretérito
comum indica o pouco tranqüilo da aeronave em Miami.”
Noll, o alienígena, passa a
conduzir Billy e a explicar ao jovem tudo sobre o que se passa naquele estágio.
Eles se comunicam por telepatia; os diálogos são apresentados no livro em forma
de tabelas. Uma solução interessante para que o leitor entenda quando se trata
de uma conversa pela mente.
Os pais de Billy e Sandy
devem se recuperar e compreender o que se passa, caso contrário o fim deles
pode não ser tão agradável como se espera. Os dois (Billy e Sandy), que juntos
formam Manilla, são capazes de receber o transplante de pele, já os pais tem o
seu “avanço restringido”.
Os pais podem considerar-se
mortos nessa nova etapa de existência, o que gera uma conversa ampla sobre o
que viviam e onde estão, incluindo nessa discussão a crença kardecista e a extensão
da morte como um novo patamar existencial.
“...
compreenderás as implicações do que expressaste no momento em que enxergar sua
antiga existência escrava correlacionada ao livre-arbítrio atual e a condição
de prisioneiros de nossas mentes a qual sobresistimos.”
O diagnóstico dos pais é a
patologia denominada de Caverna do Diabo, explicado pela Dra. Diana, Dr.
Ipsilon e Noll. A médica instrui para que passem por regressão, como ocorrera
com Billy e sua irmã o que permitiria a eles “superar seus próprios erros do ponto de vista individual”.
Os irmãos tem aulas ao longo
do livro sobre tudo que se refere aquele plano, desde a anatomia até as
questões ditas sexuais, evolução quântica, transmutação, controle
gravitacional, reencarnação em bases terrenas, a mídia.
Irmão Xavier e Sr. Zabarov
também explicam sobre a “morte” para os jovens e ainda sobre a adaptação de Bob
e Julia (os pais) no curso presente. O ponto para eles seria fazê-los entender
que Deus é o que corresponde à inteligência coletiva da Mãe, do Pai e da Mídia.
Manilla ouve ainda a dissertação de Ipsilon sobre o plano tridimensional.
“De
um passado muito longínquo as civilizações do futuro deixaram seus rastros os
quais a hominídea sequer conseguiu ou se dispôs a decifrar”.
Tratam ainda de física
quântica e de existencialismo. Sem dúvida, Adução – O Dossiê Alienígena, de
Pedroom Lanne, publicado pela Novo Século em 2015 (637 páginas), reúne uma série de elementos que encantam os
leitores assíduos e apaixonados por ficção científica.
“Tudo
que lhes foi explicado não se resume a história ou a formulação empírica sob a
qual coexistem os planos passados e futuros, muito menos de uma palestra de entretenimento
instrutivo para que entendam como foi possível vocês trocarem de curso, tudo
isso descreve a dinâmica de como funciona nosso plano dimensional em
contínuo...”
E, convém dizer ao leitor,
que há a teoria apresentada de que Atlântica e outras civilizações eram
marcianas e que Hitler tivera contato com objeto “proveniente de uma inteligência desconhecida e mais desenvolvida”.
Uma proposta implícita de que de um modo ou de outro todos somos alienígenas ou
que muitos são alienígenas e estão aqui em diferentes formas e tempos.
Desaparecimentos no
Triângulo das Bermudas que há muito intrigam os terráqueos e o chamado acidente
Roswell também seriam obras de alienígenas. E, no livro, tais eventos são
citados pelos seres da outra dimensão.
O relato dos professores
chega ao futuro com a existência de uma guerra e invasões alienígenas. O Brasil
entra na história. Um futuro no qual o mundo tem uma política econômica de
meritocracia e um povo que acabava “deixando
enterrada na Terra toda uma história de um povo tão primitivo que não mais
transparecia qualquer semelhança com sua própria continuidade.”
O livro apresenta toda a
história do processo de adução da família Firmleg. Professor Ipsilon, Noll,
Diana e Xavier dão uma aula para Billy e Sandy (Manilla) e seus pais. As
teorias apresentadas são interessantes e provocam curiosidade no leitor. Alguns
pontos e termos podem parecer complexos e são, mas é perfeitamente possível
compreendê-los e o glossário ao final do livro auxilia, além da linearidade da
explanação dos personagens e os detalhes que são apresentados que são
fundamentais nesse contexto.
Manilla, a quem Ipsilon deve
avaliar a evolução cognitiva, tenta em meio às explicações identificar e
descobrir qual o papel deles em tudo, uma vez que estão nesta dimensão sendo
preparados com conhecimento sobre o funcionamento daquele sistema. Billy
precisa passar por vários estágios de compreensão até chegar à sua formatura e
a continuidade de sua família no universo quântico. De certo modo tais
personagens são conduzidos pela história como se fossem os leitores. Ou podemos
dizer que os leitores assumem tais personagens sendo conduzidos a compreender
aquela dimensão.
Não trata-se de um livro de
leitura fácil, é preciso estar atento as terminologias que muitas vezes não estão
ligadas ao nosso cotidiano, mas é mister dizer que é bem construído e tem uma
trama que vai prendendo o leitor. Pedroom Lanne soube despertar a curiosidade.
Adução não é o mesmo que
abdução. Adução, segundo o dicionário, é apresentar (razões, provas, etc) e conduzir.
É exatamente isso que é feito com a família Firmleg, sobretudo com Billy e
Sandy.
O livro nos desafia em
questionar nossas convicções e em tomar contato com uma história complexa, mas
bem estruturada e completa, sobretudo, porque acaba tocando em questões que,
metaforicamente, podem ser empregadas em eventos que acontecem conosco. Aqueles
que gostam de ficção-científica podem facilmente adentrar esse universo.
É inegável que há ainda
pontos que podem tocar o público de diversas formas e, que cada um fará sua interpretação. A visão pode mudar sendo o leitor um ufólogo ou aquele que gosta do tema. De certo também conversa com os cientistas, os físicos e até os religiosos,
tendo em vista o panorama da tratativa da alma, de Deus e da existência. Mas a
leitura, para o leitor não especializado (onde me enquadro), torna a viagem uma
grande jornada com informação e diversão. O leitor é conduzido (aduzido) no
universo criado pelo autor.
Gráficos e ilustrações
auxiliam o entendimento e ajudam o leitor a adentrar a dimensão de Noll,
Ipsilon, Diana, Zabarov e Xavier. Boa leitura, afinal somos todos alienígenas!
Foto: Reprodução |
Sobre
o autor
Pedroom Lanne é webwriter,
mestre em Comunicação Social, especialista em novas mídias e, sobretudo, Doom
player, dinossauro da Era dos BBS, amante fervoroso de ficção científica e de
literatura de fantasia. Estreou como escritor com a ficção científica Adução,
uma narrativa que ultrapassa as fronteiras de seu entusiasmo pelo conhecimento
e aflora em palavras sua linha de pensamento que converge na busca de um mundo
onde sabedoria, fé e utopia convivem harmonicamente.
Ficha Técnica
Título: Adução – O Dossiê
Alienígena
Escritor: Pedroom Lanne
Editora: Novo Século
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
637
Ano: 2015
Assunto: Literatura
brasileira
Uma boa análise que comprova a minha tese de que uma boa resenha deve conter alguma dose de spoiler, como diria Noll Quanticus, um dos alienígenas protagonistas da obra, parabéns, cato Tomo, pela disposição em viajar e buscar a compreensão da complexa dimensão do Universo Quântico.
ResponderExcluirUm grande abraço!
Oi, Eudes,
ResponderExcluirVocê estaria interessado em receber um exemplar autografado do novo livro que dá continuidade a este e inicia uma nova saga literária? Me manda uma mensagem, se interessar. Ahh, vale dizer, o envio do livro será um presente sem compromisso, se quiser resenhá-lo, fica a seu critério.
Abraços,
Pedroom Lanne