“Imagine
que você precisa escolher entre doar uma pequena quantia para o museu local que
está angariando fundos para um importante obra de arte ou doar para uma
instituição de combate à fome na África. Qual você escolhe?”
“Você
se envolve em um acidente de trânsito e sabe que a culpa foi sua. A outra
motorista está confusa e acha que foi ela quem provocou o acidente. Você diz
para a polícia que a culpa foi sua ou dela?”
“Você
se sacrificaria para salvar dez desconhecidos inocentes?”
Quem
Era Ela, de J. P. Delaney foi publicado pela Editora Intrínseca
em 2017 e tem tradução de Alexandre Raposo.
O endereço Folgate Street,
número 1, é enigmático. Uma casa minimalista, linda e considerada uma obra-prima
da arquitetura londrina. Edward Monkford, da Monkford e Associados, é o excêntrico
proprietário da residência e foi ele também quem projetou a moradia.
Jane Cavendish, após ter
sofrido um abalo em sua vida, está a procura de um lugar para morar. Aquela
casa a encantou. Mas para morar lá não é questão apenas de ser um bom pagador,
é preciso passar por um estranho questionário e ter uma entrevista com
Monkford. Sabe aquelas três perguntas com que iniciamos a resenha? Elas fazem
parte do formulário de inscrição. E para Monkford, que vai avaliá-las, todas as
questões tem uma resposta certa.
Em paralelo, o leitor
conhece também a história de Emma Matthews, a moradora anterior do misterioso
endereço. Uma mulher casada e que tinha desentendimentos com seu marido. Jane,
ao morar na casa, recebe algo que remete a Emma. E Jane vai querer saber quem
era ela.
“Folgate
Street, nº 1 é um lugar ainda mais trágico do eu imaginava.”
Jane, em sua busca por
informações sobre a antiga moradora, vai nos contando sua história. O leitor
acompanha a narrativa sendo feita em primeira pessoa pelos personagens. Um
capítulo é dedicado a Jane (Agora: Jane) e outro dedicado à Emma (Antes: Emma).
E com essa alternância de vozes dos personagens a história vai se delineando e
sendo revelada. Cruza-se a história dos personagens até o leitor ser levado ao
desfecho da trama.
“...
no pouco tempo que moro aqui, nunca achei Folgate Strret, nº 1 um lugar
assustador. Mas agora o silêncio e o vazio parecem assumir um tom mais
sinistro.”
Jane fica às voltas com um
novo e diferente relacionamento, algo que pode ajudá-la a se recuperar do
trauma recente pelo qual passou. Ela lida ainda com o surgimento de informações
sobre os moradores anteriores da residência e trata de buscar esclarecimentos
sobre o fato que aconteceu em sua vida e que ainda resvala no seu cotidiano
(mesmo com o novo relacionamento).
Surpreendentemente ou não,
Emma e Jane são mulheres que tem aparência física similar. As questões
psicológicas dos personagens vêm a tona e revelam que não só fisicamente as
duas mulheres tem semelhança, mas há outros fatores que podem ligar a história
de uma a da outra. As revelações que o autor vai soltando ao longo da história
causam frisson.
Quando do início da leitura
há alguns pontos que parecem ser bastante explícitos ao leitor. E aí você
imagina que o livro terá um final previsível, mas J. P. Delaney consegue
surpreender com uma série de reviravoltas que causam espanto e que conseguem
prender o leitor até a última página.
Em Quem Era Ela, além dos personagens humanos que vivem em busca de
suas descobertas e escondem seus segredos, se cruzando de uma maneira
intrigante, a própria casa (a de Folgate Street, nº 1) vira um personagem
importante. A moradia deixa de ser o cenário projetado por Edward para se
tornar um personagem vivo com características singulares.
O clima de tensão do livro é
constante. Os segredos que são desvendados se amarram de maneira convincente.
Cabe lembrar que é um thriller psicológico e os personagens se tornam um
mistério ao longo da narrativa. São personagens complexos de certa forma, mas
bem construídos. Percebe-se claramente as características deles ao serem feitas
certas revelações que lhe são atribuídas.
O escritor conseguiu prender
a atenção e há aquele frio na barriga para ler a próxima página, o próximo
capítulo e concluir logo a história. Para quem gosta de mistérios e segredos
que vão surgindo, o livro é altamente recomendado. Uma ótima e surpreendente leitura!
Sobre
o autor
J. P. Delaney é o pseudônimo
de um escritor que já publicou obras de ficção sob outros nomes, e Quem Era Ela
é seu primeiro thriller psicológico. O livro teve os direitos de publicação
vendidos para mais de trinta e cinco países. Uma adaptação cinematográfica está
sendo filmada pelo diretor vencedor do Oscar Ron Howard.
Ficha
Técnica
Título: Quem Era Ela
Escritor: J. P. Delaney
Editora: Intrínseca
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-510-0139-4
Número
de Páginas:
336
Ano: 2017
Assunto: Romance inglês
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