O livro Avenida Murkinesse 666 tem como origem uma oficina literária
organizada pela escritora Rô Mierling. Após a conclusão da oficina, os contos
trabalhados pelos escritores durante o processo de criação, teve a publicação
pela Editora Illuminare.
Cada um dos autores elaborou
um conto tomando por base o imóvel da Avenida Murkinesse, 666, que dá nome ao
livro. Naquele lugar, no passado, várias crianças desapareceram e foram
encontradas mortas. Nos fundos da edificação há um cemitério. Relatos dão conta
de que o lugar é mal-assombrado. Para reabitar a moradia o governo fez um plano
de cessão do imóvel para pessoas que estão a margem da sociedade. Daí, cada
autor construiu o seu conto, levando em consideração tais elementos. Vale dizer
ainda que cada um dos contos relata a história do morador de um dos
apartamentos.
Pelas mãos de Rick
Spitaleti, o leitor conhecerá a história de Marcus, o morador do apartamento
1-A. Um homem que se entrega a bebida, passa a ter pesadelos, se vê perseguido
por crianças que, possivelmente, são as que habitaram o endereço no passado e
constantemente pensa em suicídio. Loucura e eventos sobrenaturais se juntam
para entreter e aterrorizar os leitores.
Já no apartamento 1-B,
reside um homem que acha que tem sessenta anos de idade e que possui a
aparência de um de cem. Ele vê seu corpo definhando e aparentando estado de
putrefação, anseia por tomar o seu remédio e comer a carne que o médico havia
recomendado. Ali, naquele apartamento, o homem vive o terror de sucumbir. Uma
interessante metáfora sobre o terror imaginado e o terror vivido no conto
criado por Tito Prates.
Juan. Esse é o nome do
morador que habita o apartamento 1-C. Ele lembra-se de seu crucifixo, que já
não consegue ver enquanto está sobre a cama. O leitor conhecerá a vida do homem
como traficante de órgãos e como suas dores, lamentos e culpas ressoam na sua
mente. A ele caberá se entregar aos fantasmas que virão sondá-lo. E o
crucifixo? Lendo o conto de Fábio Gomes o leitor descobrirá.
Lorena Caribé escreveu o
quarto conto do livro, sobre a moradora do 1-D. Helena é a personagem que narra
em primeira pessoa o conto em que nada é o que parece.
Eis que chegaremos ao
apartamento 2-A, pela narrativa construída por Karina Gabrielle. Ali reside uma
jovem que tem uma mancha no rosto e que sofreu estupro. Ela acaba tomando uma
atitude desesperada. O chamado de uma criança a levará até a conclusão da
história.
John, um alcoólatra, é o
morador do apartamento 2-B. Ele reside no prédio com a sua esposa. No dia que
chega ao edifício ele encontra um diário no seu quarto que menciona que as
luzes não podem se apagar. Eventos estranhos acontecem e a escuridão toma conta
de parte da família. Medo e tensão no conto escrito por Gustavo Cruz.
Quem mora no 2-C? Daisy
Stuart, a personagem de Perla de Castro, no conto Leite Derramado. Daisy sofre
de esquizofrenia e ouve vozes. Num conto impactante uma história que guarda
surpresas para o final.
A coleções mortais de
Bodock, pertencem ao personagem que mora no 2-D. A história é narrada em
primeira pessoa. O conto de Ailton dos Santos Aragão traz o personagem com suas
cobras, escorpiões e aranhas. Acontecimentos sinistros envolvem o leitor.
Pobre morador do apartamento
3-A... O personagem criado por Lucas Covey. Gregory Swanson narra a história em
primeira pessoa. Ele foi a bancarrota, fato que fez com que passasse a morar no
edifício mal-assombrado. Lá ele vivencia eventos sobrenaturais que o afligem em
relação a tudo que havia lido sobre seu novo endereço.
Stuart, o habitante do 3-B,
vê uma criança que o assusta e ele quer proteger Alex. O homem, apavorado e em
busca da proteção do menino, não quer que ele brinque com o garoto que tem
aparecido misteriosamente. Mas uma ação de Stuart leva a compreensão da
sobrenaturalidade do que ocorria no prédio, em seu apartamento. O conto foi
escrito por T. J. Nicodemus.
Roberto Melo fala sobre o
morador do apartamento 3-C. Joe-G é investigador de eventos paranormais. Sua
pesquisa no local vai revelar muito sobre a aura do edifício e sobre
acontecimentos que são atribuídos ao “irreal”.
Camille M. P. Machado
entrega aos leitores a história do 3-D. Duas personagens acompanham a tia ao
cemitério do Murkinesse em meio a recordações que vem à lembrança. Tais
recordações dizem respeito a Olivia, que dá nome ao conto.
Lana Gomes é a autora que
nos conta o que se passa no apartamento 4-A da Avenida Murkinesse, 666, em que
mora uma assassina que ouve vozes e teme ser denunciada, como já aconteceu em
outros endereços nos quais ela morou. Quem ela teria matado? Por que se
esconder justamente naquele prédio?
O doutor que mora no 4-B
contrata Doug. Ele deve alimentar répteis. O doutor tem um experimento para
animais híbridos, dos quais possa extrai veneno para curar a maior doença da
humanidade. Um conto que causa arrepios! A história foi criada por Antonio
Cesar Ribeiro.
No 4-C mora uma mulher
chamada Chloe e sua família. Vanessa Honorato, a autora, nos fala sobre a
menina que vê que uma menina mora embaixo de uma pedra (a lápide). A moradora é
atormentada por crianças. Fruto de sua depressão ou evento paranormal ligado
aos acontecimentos passados no prédio? Eis aí o panorama do conto.
Roberto Ferrari conta a
história do crime perfeito, que é narrado pelo morador do 4-D. Traição e provas
plantadas levarão o leitor pela história de investigação do detetive Brian.
Pela criação do escritor Fernando
Nunes vamos conhecer John, um homem que vive a base de cocaína e habita o
apartamento 5-A do edifico da Murkinesse. Naquele local há crianças que o
chamam para brincar. Vamos brincar? O que aconteceu com John será compreendido
pelo leitor com o desfecho do conto.
O homem do 5-B tem cinqüenta
anos de idade e acredita que Angie, uma
garotinha, o vigia há três meses, desde que foi morar no edifício. Ele vive a
história de ter pensado em ser padre e da perseguição de olhos vermelhos que
aparentam querer possuí-lo. Entre o terror imaginado e a realidade há eventos
criminosos no conto criado por Alexandre Braoios.
Lisa Hallowey nos apresenta
o conto Alucinações. A escritora fala sobre a moradora do apartamento 5-C que
sofre de depressão e acredita que está com síndrome do pânico. Constatação que
faz por não conseguir sair do apartamento. Uma garotinha vai mostrar a ela toda
a sua realidade. Prepare-se para sentir calafrios.
Um urubu vai conduzir o
morador do apartamento 5-D e o leitor pelo conto de Flávio Karras. Algo que
envolve o cemitério daquele lugar e a sobrenaturalidade emanada por ali estão
presentes na história. As crianças precisam de alguém, de mais alguém.
Por fim temos a nota de
zeladoria, escrita pela organizadora da oficina e do livro, Rô Mierling, que
nos conta a história da Senhora Loneliness, que cuida do prédio da Avenida
Murkinesse, 666. O leitor vai saber como a velha foi parar ali.
O livro traz ótimos contos
de terror e suspense. Interessante observar que a qualidade está equiparada, o
que torna o livro agradável de ler. Outro ponto que chama a atenção
positivamente e que dá unicidade ao livro é o fato de que há personagens que
são citados em alguns contos, como a zeladora Loneliness. Há contos que citam
outros moradores que aparecem em contos de outros autores do livro. Esse
cruzamento, ainda que em citação, une os contos, formando efetivamente a
vizinha daquele prédio mal-assombrado.
A proposta do curso, em que
as histórias se entrelaçam seguindo a mesma premissa, é alcançada. Nos cinco
andares do prédio temos contato com personagens bem delineados, cada um com o
seu tormento, sua angústia, sua aflição e sofrimento próprios. Os eventos
misteriosos que acontecem tem sinergia com os acontecimentos passados no
edifício.
Gosto de livros de contos e
de contos de terror. Tive boas surpresas com os contos que compõe o livro. E
não dá para deixar de citar que temos excelentes autores na obra publicada pela
Editora Illuminare. Só posso dizer aos que, como eu, gostam do gênero: leiam!
Ficha
Técnica
Título: Avenida Murkinesse
666
Escritor: Rô Mierling
(organização)
Editora: Illuminare
Edição: 1ª
Número
de Páginas:
116
Ano: 2017
Assunto: Contos
Amei, obrigada por mais esse artigo sobre nosso livro!
ResponderExcluirObrigado pela visita. Livro muito bom. Adorei os contos.
ExcluirObrigado pelas gentis palavras em teu artigo.
ResponderExcluirObrigado, Fernando. Agradeço pela visita. Parabéns pelo conto!
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