“Depois,
tudo ficou silencioso. Um silêncio horripilante, quando todos ficam sem nenhuma
reação. Os segundos pareceram intermináveis; e aqueles segundos cheiravam a
morte...”
Um acidente de carro. Ivan,
sua esposa Estela e os dois filhos Matheus e Ana estão dentro do veículo
acidentado que despencou de um viaduto. Uma criatura que não demonstra
humanidade se aproxima. Depois do temor pelo susto e da gritaria, o ambiente
foi tomado pelo silêncio e ali também pairava o cheiro da morte.
Um planeta chamado Absinto
vai se aproximar do planeta Terra. E isso, apesar de causar furor, também é
visto como a possibilidade de um grande espetáculo. A proximidade desse planeta
com a órbita terrestre causa transformações aterradoras ao longo de todo o
planeta. Muitas pessoas são afetadas pelo misterioso fenômeno.
Num shopping, a família
começa a sentir os efeitos da transformação nas pessoas que por ali estão. “Todas tinham os mesmo movimentos desconexos
e vacilantes, e os mesmo olhos brancos. Algumas sangravam, como se tivessem
acabado de ser atacadas. Outras pareciam intactas. Mas nenhuma delas pertencia
mais à raça humana.” O fato é que a aproximação daquele planeta causara
mutação em algumas pessoas, que se tornaram zumbis. Posto isso, é claro que o
medo se instaura.
Ivan e Estela passam a viver
em fuga, em meio ao desespero e o temor da transformação desses seres
horrendos. A fuga tem, logicamente, o intuito de protegerem suas próprias vidas
e a vida de seus filhos. Eles utilizam seus conhecimentos para safar-se. Ele é
ex-militar e ela analista de sistema. Ambos tem de utilizar dos recursos que
estão disponíveis e de suas habilidades pessoais para conseguir seguir para
algum lugar em que possam encontrar refúgio.
O livro apresenta passagens
nos Estados Unidos, China e França, mas se concentra em sua maioria em terras
brasileiras. É no Condomínio Colinas que o grupo de sobreviventes vai montar a
sua fortaleza para, a partir daí, lutar pela sobrevivência.
“Ao
todo foram necessárias ainda mais quarenta e oito horas para, enfim, se
transferirem para o condomínio e remover todos os mortos. No fim daquele dia,
em que o último caminhão saiu lotado de cadáveres, uma grande tempestade
desabou sobre a cidade, lavando parte do sangue e dando para aquele local um ar
menos anormal. Finalmente, o Condomínio Colinas começava a parecer de novo um
lar.”
Diversas são as teorias
exploradas sobre o surgimento de zumbis e a versão criada por Rodrigo de
Oliveira, autor do livro, é bem interessante. Algo apocalíptico existe na visão
desse planeta se aproximando da Terra. Histórias de zumbis existem várias,
inclusive algumas ganharam bastante visibilidade nos últimos anos, como é o
caso da famosa série “The Walking Dead”.
Mas antes disso, os zumbis já pairavam no imaginário, tanto pela literatura
quanto pelo cinema.
No livro “O Vale dos Mortos”, o primeiro da série
“As Crônicas dos Mortos” - maior
coleção de livros de zumbis escrita por um brasileiro - e que foi publicado
pela Faro Editorial em 2014 - líderes governamentais que são conhecidos também
tornaram-se zumbis. Diante de um cenário caótico e de medo, não faltam enfrentamentos
dos mais diversos, tanto entre os sobreviventes, que estão em
situações-limites, como entre os sobreviventes e seus perseguidores (os
zumbis). Muitos corpos vão rolar.
Os personagens dessa trama
vivem em busca de sobrevivência, fugindo dos temíveis zumbis, compartilhando o
mesmo espaço, se solidarizando uns com os outros, mas também vivendo sob forte
pressão e medo. Há, em meio aos humanos, aqueles que tem comportamento
desagregador, o que gera conflito em várias passagens da história. O perigo há
que ser dividido entre os zumbis que cercam os sobreviventes e aqueles humanos
que se relacionam com eles.
Rodrigo de Oliveira entrega
um livro eletrizante, ágil, tenso e aterrorizante. Uma obra sobre zumbis feita
com qualidade. E a obra tem o que todo primeiro livro de uma série deve ter:
criar vontade no leitor para seguir a leitura dos próximos volumes. Nesse caso,
o leitor, sem dúvida, ficará aguçado em embarcar em novas aventuras e desvendar
os temerosos acontecimentos que hão de surgir nos livros seguintes.
O primeiro contato que tive
com a obra de Rodrigo foi com a leitura do spin-off “Elevador 16” que dá uma excelente noção do que virá nos livros que
compõe a série. A expectativa que fora criada com a leitura daquele livro foi
superada com a história criada pelo autor nesse primeiro volume.
Leitores que gostam da
temática abordada vão, com certeza, se deliciar com o livro (e com a série). A
narrativa é bem construída, as reviravoltas e surpresas que se desenrolam
prendem a atenção, os personagens são bem construídos e apresentam dilemas
humanos quando se encontram no ambiente e em situações inóspitas como as que vivem
e o autor, ao trazer os acontecimentos para áreas brasileiras, deixa a história
mais próxima, talvez até mais conectada ao público.
Recomendo e, em breve, teremos aqui no blog as resenhas de A Batalha dos Mortos e A Senhora dos Mortos.
Foto: Reprodução |
Sobre
o autor
Rodrigo de Oliveira é Gestor
de TI e fã de ficção científica, dos clássicos de terror, em especial da obra
de George Romero. A ideia para esta série surgiu após um longo pesadelo, tão
real que, ao acordar, começou a escrever freneticamente, até concluir o seu
primeiro livro. Casado, pai de dois filhos, nasceu em São Paulo e vive entre a
capital paulista e o Vale do Paraíba.
Ficha Técnica
Título: A Batalha dos
Mortos
Escritor: Rodrigo de Oliveira
Editora: Faro Editorial
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-62409-22-6
Número
de Páginas:
307
Ano: 2014
Assunto: Ficção brasileira
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