"Eu
sempre vi o conceito de espírito como o produto da matéria. O cérebro, eu
imaginava, segregava a mente, assim com o fígado segrega a bile.
Mas como isso pode ser verdade quando eu observo a mente trabalhando à
distância e lidando
com a matéria assim como um músico poderia lidar com um violino? O corpo não dá origem
à mente, então, mas é preferivelmente o instrumento bruto pelo qual o espírito
se manifesta.
O moinho não dá origem ao vento, apenas o sinaliza. Isso era oposto à minha
maneira de
pensar inteira, e ainda assim era incontestavelmente possível e digno de
investigação."
Austin
Gilroy é um cientista, e como tal é cético em relação a certos assuntos que não
foram ou que não podem ser provados cientificamente. Ele se depara, em um
encontro, com a Sra. Penclosa, que faz hipnotismo. Entre sua curiosidade e seu
ceticismo em relação ao tema ela acaba por testá-lo utilizando Agatha.
Apesar
de Gilroy continuar cético e buscando compreender o fenômeno da mente humana,
ou melhor, da manipulação dela, vai vendo-se envolvido cada vez em sua
pesquisa, submetendo-se a hipnose realizada por aquela mulher. É alertado
para afastar-se dessas convenções a que tem se submetido. A própria mulher
diz ser capaz de controlar totalmente a mente de alguém a ponto de
transforma-la num assassino, exemplificativamente. Os experimentos hipnóticos
praticados por ela já teriam deixado marcas em um conhecido de Austin.
Em
forma de diário ele lança seus pensamentos e o que viveu naquele dia. Percebe
que a mulher que o hipnotiza parece estar por ele interessada. Ela é uma
parasita que pode alojar-se dentro do sistema nervoso dele e controla-lo, e ele
não deseja isso. Ele, angustiado, luta contra tudo que ela impõe à distância.
Ele ama Agatha e não quer magoa-la de jeito algum. Desfere palavras grosseiras
contra Penclosa, a parasita, e ela promete-lhe vingança. Ele aguentará
todo o tormento de um experimento de hipnotismo que provocou uma reviravolta
dentro de si?
"Não,
minha paciência chegou ao limite. Ela me tornou o homem
mais desesperado e perigoso que caminha sobre a terra."
Nesse
texto de Conan Doyle vemos o ceticismo do homem se transformando numa obsessão
de outrem e levando-o a estágios outrora inimagináveis. Um belo texto.
Surpreende pelo caminho que segue e leva o leitor aos tormentos de Austin e as
reviravoltas de sua peculiar história. Um ótimo conto.
O
parasita é um conto publicado pela Guimarães Editores em 2009 e faz parte do
livro "Histórias Extraordinárias", ao lado de outros contos do mesmo
autor.
Nota: a resenha refere-se apenas ao conto "O Parasita", que foi lido em e-book.
Foto: Reprodução |
Sobre o autor
Sir Arthur Conan Doyle foi
um escritor e médico britânico,
nascido na Escócia,
mundialmente famoso por suas 60 histórias sobre o detetive Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um renomado e prolífico escritor cujos trabalhos
incluem histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesias e
obras de não-ficção.
Ficha Técnica
Título: O Parasita
Escritor: Sir Arthur Conan Doyle
Editora: Guimarães Editores
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-66636-82-6
Número
de Páginas:
269
Ano: 2009
Assunto: Contos
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