31, livro de Cacau Ideguchi e Maria Fernanda
Nogueira, foi publicado pela Chiado Editora em 2017. Trata-se de um livro que
apresenta trinta e um contos. De certa forma, como está divulgado na sinopse,
os contos não são contos. Eles são independentes constituindo cada um deles uma
história singular, mas também se entrelaçam, como se não fossem contos isolados
e, dessa forma, unidos, contam uma história maior.
“As
memórias o afetaram fisicamente. Por dois dias inteiros ele só pôde ficar
estático, mergulhado nos próprios pensamentos, incapaz de fazer qualquer coisa
além de observar, observar, observar. Eram dolorosas, cada uma daquelas
histórias...”
O leitor vai se deparar com
quatro nomes que viverão situações distintas em cada um dos contos. Eduardo,
Marcelo, Eduarda, Marcela. Nomes estes que criam um jogo interessante com o
leitor. Talvez cause até um pouco de confusão inicialmente, pela similaridade
dos nomes, mas faz parte do jogo criado. Eis aí a maneira de o leitor tentar
ver cada um dos contos isoladamente ou como constituição de uma história mais
ampla. História que carregam além da contemporaneidade, um quê de constituição
poética e sentimental sem pieguice.
Entre encontros, perdas,
constatações, desencontros, novos e velhos laços, os personagens se cruzam em
ambientes e situações diversas. O leitor constatará momentos que se passam na
infância ou na vida adulta, no ambiente de trabalho ou num hospital, na
realidade ou no pensamento... até a revelação de sentimentos de esperança.
Nessa vida ou em outra, sem a importância do gênero ou da sexualidade, no
anseio pelo encontro esperado, independente dos laços que unem, das escolhas
que são ou serão feitas, das ações que são ou não realizadas. Os encontros se
entremeiam nos diversos espaços e tempos distintos, entrelaçados e muito bem
constituídos.
“Antes,
havia família. Festas de aniversários, dias na escola, brincadeiras na rua,
livros que ele leu, puberdade, pessoas que ele amou, pensamentos que ele teve,
amigos com quem dividiu tudo isso. E então não havia mais nada.”
O texto das autoras é
agradável e o formato é fácil de ler. Fiquei bastante curioso com os
números que apresentam os “contos”, pois eles não são apresentados de maneira crescente,
nem decrescente. Esse é outro ponto que faz aquele jogo com o leitor dos contos
individuais ou de uma história única. E o “navegar” pelas páginas faz com que queiramos desvendar
cada narrativa. Usei a palavra navegar para expressar a gostosa viagem que é
proporcionada pela leitura desse livro, que pode ser lido numa única sentada.
A ligação entre os
personagens é o grande fio condutor. A ligação que não se deixa romper pelo
tempo, nem pelo espaço.
31 é
um excelente livro de duas novas autoras, que a quatro mãos, publicaram uma história fascinante.Em algum momento o reencontro há de
acontecer?
Sobre
as autoras
Cacau
Ideguchi é jornalista
especializada em Jornalismo Cultural. Escritora, é atuante na literatura
independente, edita e produz zines diversos com temática feminista. Seu
primeiro livro, Gota de Sangue a Olho Nu, foi lançado em 2015
Maria
Fernanda Nogueira é bibliotecária. Leitora, principalmente.
Escreve só para se divertir nas horas vagas, ou pressionada por terceiros, na
maioria das vezes. Participou do zine 3PAGU com Cacau Ideguchi e Gabrielle
Herculano.
Ficha Técnica
Título: 31
Escritoras: Cacau Ideguchi e
Maria Fernanda Nogueira
Editora: Chiado
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-51-9303-5
Número
de Páginas:
117
Ano: 2016
Assunto: Ficção brasileira
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